29 junho 2008

Construtor do Destino

Por que procurar "fora" o que está dentro de nós?

Estamos sempre à procura de uma informação, de uma orientação, de um guru. Para tanto, frequentamos cursos, palestras e conferências. Tomamos o pensamento dos outros e anexamos aos nossos. A transmissão da cultura parece dispor-se nessa tônica. Pergunta-se: qual o limite entre a busca externa e a construção interna? Eis uma questão interessante para refletirmos.

Há espíritos, tão ávidos de conhecimentos, que não saem das bibliotecas, das livrarias e dos sebos. Ficam folheando todo o tipo de manuscrito: livros, dicionários, enciclopédias. Querem, a todo custo, aumentar o seu estoque de conhecimento. Se não soubermos impor um limite, acabamos como papagaios, que apenas repetem o que as pessoas dizem. Urge edificarmos o nosso próprio modo de pensar. Nesse sentido, meter mãos à obra, porque a tentação de adiar os próprios escritos é sem fim.

Tomemos como exemplo os grandes instrutores da humanidade. Observe um Pascal, um Nietzsche, um Platão. Será que eles liam muito? Parece-nos que não. Nesse mister, o próprio Einstein já nos dizia que "quem lê demais e usa o cérebro de menos, adquire a preguiça de pensar". Qual o nosso propósito na vida? Criar, pensar, ruminar. Não importa que aquilo que pensamos já foi pensado por outro ser humano. O que vale é o exercício do pensamento, essa atividade que nos deixa mais apaixonados pela natureza e pelo equilíbrio do Universo.

Falta-nos inspiração para o trabalho intelectual? Comecemos por qualquer assunto. Escrevamos sobre ele o maior número de pensamentos que nos ocorrer. A princípio, parece que não vai sair nada; contudo, aos poucos, o nosso cérebro busca imagens, sentenças e lembranças. Depois de um certo tempo, as palavras jorram com tamanha profusão, que nos sentimos surpresos conosco mesmos. Acabamos pondo no papel ideias que nem havíamos pensado.

Ser construtor do destino implica esforço diuturno. Como falar de virtude, se a preguiça nos impede de levantar no horário preestabelecido? A teoria não é tão difícil. Podemos até editar um livro com mais de mil preceitos de moral. A dificuldade está em colocar em prática apenas um deles.

 


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