Por que procurar "fora" o que
está dentro de nós?
Estamos sempre à procura de uma
informação, de uma orientação, de um guru. Para
tanto, frequentamos cursos, palestras e conferências. Tomamos o
pensamento dos outros e anexamos aos nossos. A transmissão da cultura
parece dispor-se nessa tônica. Pergunta-se: qual o limite entre a busca externa
e a construção interna? Eis uma questão interessante para refletirmos.
Há espíritos, tão ávidos de
conhecimentos, que não saem das bibliotecas, das livrarias e dos sebos. Ficam
folheando todo o tipo de manuscrito: livros, dicionários, enciclopédias.
Querem, a todo custo, aumentar o seu estoque de conhecimento. Se não soubermos
impor um limite, acabamos como papagaios, que apenas repetem o que as pessoas
dizem. Urge edificarmos o nosso próprio modo de pensar. Nesse sentido, meter
mãos à obra, porque a tentação de adiar os próprios escritos é sem fim.
Tomemos como exemplo os grandes
instrutores da humanidade. Observe um Pascal, um Nietzsche, um Platão. Será que
eles liam muito? Parece-nos que não. Nesse mister, o próprio Einstein já nos
dizia que "quem lê demais e usa o cérebro de menos, adquire a preguiça de
pensar". Qual o nosso propósito na vida? Criar, pensar, ruminar. Não
importa que aquilo que pensamos já foi pensado por outro ser humano. O que vale
é o exercício do pensamento, essa atividade que nos deixa mais apaixonados pela
natureza e pelo equilíbrio do Universo.
Falta-nos inspiração para o trabalho
intelectual? Comecemos por qualquer assunto. Escrevamos sobre ele o maior
número de pensamentos que nos ocorrer. A princípio, parece que não vai sair
nada; contudo, aos poucos, o nosso cérebro busca imagens, sentenças e
lembranças. Depois de um certo tempo, as palavras jorram com tamanha profusão,
que nos sentimos surpresos conosco mesmos. Acabamos pondo no papel ideias que
nem havíamos pensado.
Ser construtor do destino implica
esforço diuturno. Como falar de virtude, se a preguiça nos impede de levantar
no horário preestabelecido? A teoria não é tão difícil. Podemos até editar um
livro com mais de mil preceitos de moral. A dificuldade está em colocar em
prática apenas um deles.
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