O homem é um animal racional. Esta definição evoca uma diferença
específica, ou seja, a racionalidade distingue-o dos demais animais.
Partindo-se dessa generalidade e apoiando-se exclusivamente na razão o homem
acaba cometendo uma série de erros. Observe, por exemplo, as lucubrações de
Descartes no seu cogito ergo sum, em que descobre
Deus através da razão. Esquece que primeiro o homem sente Deus para depois
racionalizá-lo.
O ser depois de ter penetrado na fase humana, em que adquire a
razão, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo começa a ter ideias.
Inicialmente, capta-as de forma folk; e somente depois, de forma reflexiva. O método teórico
experimental das ciências naturais, em que a razão é sublimada, acaba levando
muitos cientistas a endeusá-la, criando um saber extremamente especializado,
desconectado do todo que a filosofia sugere.
Ter o homem o seu próprio centro não é tarefa fácil. Geralmente
pensamos o que os outros pensam ou pensamos o que eles querem que pensemos.
Agindo assim, estaremos demorando-nos na periferia do nosso eu. Ler,
informar-se e conhecer o que os outros pensam, não constituem demérito algum. O
problema está em, a partir daí, começar a ter ideias próprias, pensar pela
própria cabeça e criar a própria personalidade.
A construção do nosso próprio centro deve ser enfatizada. Na
atualidade, não podemos mais alegar desculpas para fugirmos de nós mesmos.
Repetirmos o que os outros dizem é fácil, porque não cria contradição. Porém,
atendermos à voz da nossa consciência exige esforços hercúleos, pois o entrar pela porta estreita a que se refere o
Evangelho não é caminharmos pelas facilidades da vida, mas, sim, seguirmos por
uma estrada cheia de precipícios e de emboscadas, tendo a plena convicção de
sairmos vencedores.
A vida em sociedade compõe-se de muitos e variados
relacionamentos. Um homem não pode atender a todos os chamados, a todos os
pedidos, ou estar em todos os lugares. Por isso, a disposição de dizer não
quando se deve dizer não e dizer sim quando se deve dizer sim é extremamente
valiosa. Isso auxilia a ficarmos dentro do nosso centro, porque só atenderemos
àquilo que condiz com o cumprimento de nossos deveres. O que não fizer parte de
nosso projeto de vida deve ser banido incontinente.
Agrademo-nos sempre a nós mesmos. Somente assim edificaremos o
nosso centro e este será o nosso apoio para o resto de nossa existência.
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