O método, em sentido amplo,
significa o processo que permite conhecer determinada realidade, produzir certo
objeto, ou desempenhar este ou aquele tipo de comportamento. Confundindo-se com
a noção de meio para se obter determinado fim, coincide, também, com a noção de
técnica, de saber fazer. Quer se refira ao conhecimento do real, à produção de
objetos belos ou úteis, ou à disciplina de conduta, o método é sempre o meio ou
a técnica que se emprega para alcançar um objetivo previamente estabelecido.
A noção de método acha-se ligada à
noção de trabalho. Desde a antiguidade até os nossos dias a
humanidade procura técnicas adequadas para a aquisição e a transmissão do
conhecimento. O pescador só é pescador porque "sabe", ou seja, domina
a técnica de jogar a rede e levar o peixe ao mercado. Da mesma forma é o
agricultor que "sabe" arar, semear e colher no momento certo. Observe
que no próprio método está implícito a racionalização da técnica, visando,
sempre, um aumento de produtividade.
A elaboração do método não pode ser
anterior ao descobrimento do objeto. Geralmente, partimos do conhecido para o
desconhecido, porque temos antecipadamente uma ideia do que
pretendemos descobrir. A invenção do microscópio e do telescópio, por
exemplo, só foi possível depois de se estabelecerem as hipóteses da existência
de elementos muito pequenos ou muito grandes, e que não podiam ser vistos a
olho nu.
As ciências particulares distinguem-se
uma das outras em função do objeto analisado e do método empregado. O objeto
corresponde ao setor da realidade a cujo estudo se dedicam e o método ao
processo, ou conjunto de processos, que empregam na realização desse estudo.
Nesse sentido, a física é uma ciência particular porque estuda uma parcela da
realidade, ou seja, o conjunto dos fenômenos que não alteram a
constituição íntima dos corpos. Distingue-se, ainda, das outras ciências
não só pelo objeto, os fenômenos físicos, mas também pelo método, a observação
e a experiência.
A filosofia acrescenta ao método e
objeto próprios da ciência a noção de totalidade, ou seja, a busca das causas
primeiras e dos fins últimos do objeto considerado. Além disso, emprega o
método da reflexão, que nada mais é do que uma meditação profunda sobre os
postulados que a ciência aceita sem discutir. Dessa forma, o postulado do movimento que
a física aceita sem discutir, por ser evidente aos sentidos, é motivo de
problematização para a filosofia. Assim, mover-se é estar e não estar ao mesmo
tempo no mesmo lugar, o que foi e é, ainda, motivo de contradição para os
filósofos.
Sejamos disciplinados em nosso método
de trabalho. A constância forma uma segunda natureza que nos põe a salvo nos
momentos críticos de nossa existência.
Fonte de Consulta
CORBISIER, R. Enciclopédia
Filosófica. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.
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