30 junho 2008

O Método

método, em sentido amplo, significa o processo que permite conhecer determinada realidade, produzir certo objeto, ou desempenhar este ou aquele tipo de comportamento. Confundindo-se com a noção de meio para se obter determinado fim, coincide, também, com a noção de técnica, de saber fazer. Quer se refira ao conhecimento do real, à produção de objetos belos ou úteis, ou à disciplina de conduta, o método é sempre o meio ou a técnica que se emprega para alcançar um objetivo previamente estabelecido.

A noção de método acha-se ligada à noção de trabalho. Desde a antiguidade até os nossos dias a humanidade procura técnicas adequadas para a aquisição e a transmissão do conhecimento. O pescador só é pescador porque "sabe", ou seja, domina a técnica de jogar a rede e levar o peixe ao mercado. Da mesma forma é o agricultor que "sabe" arar, semear e colher no momento certo. Observe que no próprio método está implícito a racionalização da técnica, visando, sempre, um aumento de produtividade.

A elaboração do método não pode ser anterior ao descobrimento do objeto. Geralmente, partimos do conhecido para o desconhecido, porque temos antecipadamente uma ideia do que pretendemos descobrir. A invenção do microscópio e do telescópio, por exemplo, só foi possível depois de se estabelecerem as hipóteses da existência de elementos muito pequenos ou muito grandes, e que não podiam ser vistos a olho nu.

As ciências particulares distinguem-se uma das outras em função do objeto analisado e do método empregado. O objeto corresponde ao setor da realidade a cujo estudo se dedicam e o método ao processo, ou conjunto de processos, que empregam na realização desse estudo. Nesse sentido, a física é uma ciência particular porque estuda uma parcela da realidade, ou seja, o conjunto dos fenômenos que não alteram a constituição íntima dos corpos. Distingue-se, ainda, das outras ciências não só pelo objeto, os fenômenos físicos, mas também pelo método, a observação e a experiência.

A filosofia acrescenta ao método e objeto próprios da ciência a noção de totalidade, ou seja, a busca das causas primeiras e dos fins últimos do objeto considerado. Além disso, emprega o método da reflexão, que nada mais é do que uma meditação profunda sobre os postulados que a ciência aceita sem discutir. Dessa forma, o postulado do movimento que a física aceita sem discutir, por ser evidente aos sentidos, é motivo de problematização para a filosofia. Assim, mover-se é estar e não estar ao mesmo tempo no mesmo lugar, o que foi e é, ainda, motivo de contradição para os filósofos.

Sejamos disciplinados em nosso método de trabalho. A constância forma uma segunda natureza que nos põe a salvo nos momentos críticos de nossa existência.

Fonte de Consulta

CORBISIER, R. Enciclopédia Filosófica. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.


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