Complexidade é a qualidade do que é complexo,
ou seja, aquilo que encerra muitos elementos ou partes, que pode ser observável
sob vários aspectos. A ciência tenta definir satisfatoriamente a complexidade:
vale-se da mudança e da relação entre os todos e suas partes. Além do mais,
sempre que a ciência pensa no complexo ela o vê pela sua simplificação.
Desde a criação da ciência muita coisa
mudou, exceto uma: o amor pelo simples. Descartes, por exemplo, ao elaborar o
seu método, fá-lo partindo do simples para o complexo. Por outro lado,
Whitehead diz-nos: "A ciência deve buscar as explicações mais simples dos
fenômenos mais complexos". Já Ockham escreve: "Se duas fórmulas de
comprimento diverso explicam o mesmo fenômeno com igual mérito, a mais curta é
verdadeira, falsa a outra".
O que faz uma pessoa buscar o
desconhecido? É a complexidade que se expressa como uma inquietude. Quando
somos capazes de não apressá-la, temos condições de obter conhecimento. Mas
como na maioria das vezes temos muitos assuntos para serem resolvidos, acabamos
não nos concentrando no motivo central de nossa inquietação. Daí, esse marasmo
no campo das percepções superiores. É que as solicitações superficiais do
dia-a-dia não nos permitiu um voo mais fecundo do nosso espírito.
O conhecimento é construído através dos
estímulos, que podem ser brandos ou duros. Os estímulos brandos são
aqueles que provém das sugestões externas, dos livros que se nos apresentam,
das conversas que participamos, das conferências que ouvimos etc. Os estímulos
duros são aqueles que saem do nosso interior. É a escolha deliberada
em seguir um dado caminho na vida. Estes podem, no princípio, vir de uma
sugestão externa, mas a construção é fruto de um árduo trabalho interior.
O conhecimento deve provir muito mais
das perguntas do que das respostas.
A resposta é uma adaptação enquanto a pergunta é uma rebelião. Em ciência nem
todas as perguntas têm sentido. Para o filósofo, em princípio, qualquer
pergunta é lícita, pois sofre quando uma inquietude de sua alma nem sequer é
formulável. Se quisermos saber, convém adquirirmos o hábito de perguntar. Só
assim edificaremos o conteúdo de conhecimento que diz respeito à nossa própria
essência.
Enfim, somente uma alma viril consegue
atender ao clamor de sua própria consciência. Esta é a grande mensagem que os
homens famosos nos ensinaram ao longo de suas vidas.
Fonte de Consulta
WAGENSBERG, J. Ideas Sobre la
Complejidad del Mundo. 2 ed., España, Tusquets Editores, 1989.
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