29 junho 2008

Eu Sou, Eu Estou e Sinto-me Culpado

"As pessoas que vivem plenamente jamais se queixam".

Eu sou tímido; eu sou ruim em matemática, ortografia, leitura, línguas etc.; eu sou desastrado em jardinagem. Eu estou chateado porque você me fez passar vergonha em público; eu estou ressentido porque você não me cumprimentou; eu estou magoado porque você me deixou sem graça. Sinto-me culpado por não acompanhá-lo ao médico; sinto-me culpado porque desobedeci à dieta; sinto-me culpado porque não fui à Igreja rezar. Esses e outros sentimentos veem à tona, tão logo peçamos para alguém fazer uma avaliação de si mesmo.

O que se depreende desses tipos de pensamento? Que eles têm o objetivo de nos defender de alguma coisa. Quando dizemos que alguém nos magoa, estamos colocando as nossas responsabilidades nas mãos de outras pessoas. Estamos dando mais importância ao que os outros pensam de nós do que aquilo que nós próprios pensamos de nós. Não são as pessoas que nos magoam; somos nós que nos sentimos magoados com aquilo que elas disseram. Não são as pessoas que nos ofendem; somos nós que nos sentimos ofendidos pelo que elas falaram de nós.

Observe a frase: "eu sou tímido". É possível que não o percebamos de pronto, mas esta sentença gera em nós um círculo vicioso do pensamento. Como? Começamos com uma afirmação: "eu sou tímido"; em seguida, surge à nossa frente um grupo de pessoas; pensamos com os nossos botões: "bem que eu poderia me associar a elas"; logo vem a negação: "Não! Não, por que..."; porque "eu sou tímido". Ao invés de nos desafiar, este pensamento autodestruidor nos arruína ainda mais.

Qualquer "eu sou" que nos impeça de crescer é como um demônio que deve ser combatido sem tréguas. Primeiramente, há que se tomar consciência desta situação em nossa vida; depois, arquitetar um plano para modificar as respostas habituais. Tão logo surja um sentimento de timidez, pensemos no seu contrário: ontem eu era tímido, mas hoje eu enfrentarei a timidez. Outro exemplo: determinarmos falar com alguém que normalmente não teríamos coragem, porque nos achávamos tímido.

Por que nos sentimos culpados? Qual a origem da culpa? Ela é proveniente de diversas circunstâncias. Pode estar vinculada à ação, à Igreja, à escola. Pode também ser inspirada pelos filhos, pelos amantes, pela amizade. Às vezes, as dietas podem gerar sentimento de culpa, simplesmente porque comemos um biscoito e desobedecemos a ordem preestabelecida. A culpa tem um inconveniente muito grave, ou seja, faz-nos estar sempre no passado, dificultando a vivência plena do momento que passa.

Não reclamemos porque as rochas são ásperas, o céu está nublado ou está fazendo muito frio. Sigamos o exemplo de Merlin que, a toda tristeza, mandava-nos aprender alguma coisa.

 


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