Ética. Do grego
ethos cuja significação originária é morada, seja o habitat dos animais, seja o
abrigo do homem. O segundo sentido, proveniente deste, é costume, modo ou
estilo habitual de ser. A morada, vista metaforicamente, indica justamente que,
a partir do ethos, o espaço do mundo torna-se habitável para o homem. Assim, o
espaço do ethos enquanto espaço humano, não é dado ao homem, mas por ele construído
ou incessantemente reconstruído.
A ação humana,
embora restrita à responsabilidade pessoal, tem como objetivo o interesse
público. A vivência, semelhante à do eremita no deserto, é uma exceção. A
questão ética diz respeito ao auxílio que cada um possa exercer na transcendência do outro. Em realidade, é a criação de condições
para que o outro realize plenamente o seu projeto de vida ao qual foi destinado.
O princípio da
autodeterminação moral é a base do comportamento ético adulto. Deixar-se
guiar-se pelas máximas alheias é perder o eu em
si mesmo. Segundo Sócrates, o ethos verdadeiro é agir de
acordo com a razão, que se eleva acima do consenso da opinião da multidão, para
atingir o nível da objetividade própria do saber demonstrativo. A autonomia,
assim, não se realiza na solidão, mas se consolida pelo contato entre os seres
humanos.
A lei é o farol da
ética. Sua origem etimológica encontra-se no termo nomos de
que o vocábulo lei (lex) é a tradução latina. Nomos vem
do verbo nemo que significa dividir, repartir
com outro, sugerindo a idéia de justiça. Dessa forma, as ações individuais
no cumprimento dos deveres, devem salvaguardar a liberdade própria e a do outro.
Por isso, Voltaire afirma com veemência: "Não concordo com o que você diz,
mas defenderei o direito de você dizê-lo até o fim".
A reflexão sobre
o ethos leva-nos
à prática do amor. O verdadeiro exercício do amor longe está das proibições e
interdições de que a moral propõe. É uma autodeterminação que envolve a
autonomia da vontade na busca da atualização do ser. Assim, não é agir de
qualquer jeito, mas de forma ordenada, generosa, que promova a pessoa e os
direitos do outro, sobretudo quando esses direitos são espezinhados.
O cumprimento de
nossos deveres, agradando ou não, marca indelevelmente a nossa presença no seio
da sociedade. Cuidemos para que os nossos atos sejam dignos de apreciação.
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, J.
C. Ética e Responsabilidade Pessoal. In MORAIS, R. de. Filosofia, Educação e
Sociedade (Ensaios Filosóficos). Campinas, SP, Papirus, 1989.
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