Suponhamos que um ser de outra galáxia,
mais evoluída do que a nossa, resolvesse visitar o planeta Terra. Para ele, o
homem é limitado na sua visão, porque com os seus dois olhos só consegue ver em
uma única direção e a uma distância de 100 metros. Se quiser olhar para os
lados, tem de virar a cabeça. Ele, pelo contrário, tem uma visão global, ou
seja, enxerga ao mesmo tempo, por todos os lados. Além disso, alcança uma distância
bem maior
O homem, limitado ao seu cérebro
físico, só consegue ter um dado na consciência de cada vez. O ser da outra
galáxia, devido aos princípios construtivos do processador central, pode ter
paralelamente muitos processos de consciência. Essa limitação a uma só
consciência é uma diferença fundamental entre um e outro. Como o homem só tem
uma consciência de cada vez ele não consegue prever o que lhe chega à consciência,
enquanto os seres da outra galáxia evocam consecutivamente cada consciência parcial,
tendo em vista os objetivos da ação.
O princípio da ação, no homem, fica
muitas vezes por esclarecer. A esse estado de coisas, ele denomina de
inconsciente. Além disso, o que lhe chega à consciência está sempre colorido de
sentimentos, o que leva a que os seus atos sejam sempre influenciados pelas
emoções. Pelo contrário, os atos dos habitantes de outra galáxia decorrem a um
nível puramente racional podendo ser por isso continuamente controlados e
efetivamente por eles controlados.
O homem, premido pela sua necessidade
de evolução, desenvolveu, ao longo do tempo, métodos próprios que lhe
permitiram alargar os limites de sua visão do mundo. Ele chama ciência a esse
modo de proceder. Examina, assim, outros seres vivos do mesmo modo que o fazem
os seres de outras galáxias. E a partir das conclusões desses estudos
comparativos consegue ter uma visão mais vasta da natureza.
Esta reflexão sobre as fronteiras da
consciência é sumamente importante, porque não nos deixa no caos do ilimitado.
É preciso, por isso, muito cuidado, nos ímpetos de nossa evolução, pois um
clarão pode ofuscar enquanto a luz de uma vela é alimento perene para toda a
eternidade. Saibamos não só procurar o alimento adequado para as nossas
necessidades físicas e espirituais, como também oferecer aos outros o alimento
que eles possam digerir.
Não nos esqueçamos de nossas
responsabilidades. Apesar das fronteiras de nossa consciência, há um instinto
interno que nos diz quando estamos agindo de conformidade com o bem ou com o
mau.
Fonte de Consulta
PÖPPEL, E. Fronteiras da
Consciência: da Realidade e da Experiência do Mundo. Lisboa, Edições 70,
1989.
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