29 junho 2008

Fronteiras da Consciência

Suponhamos que um ser de outra galáxia, mais evoluída do que a nossa, resolvesse visitar o planeta Terra. Para ele, o homem é limitado na sua visão, porque com os seus dois olhos só consegue ver em uma única direção e a uma distância de 100 metros. Se quiser olhar para os lados, tem de virar a cabeça. Ele, pelo contrário, tem uma visão global, ou seja, enxerga ao mesmo tempo, por todos os lados. Além disso, alcança uma distância bem maior

O homem, limitado ao seu cérebro físico, só consegue ter um dado na consciência de cada vez. O ser da outra galáxia, devido aos princípios construtivos do processador central, pode ter paralelamente muitos processos de consciência. Essa limitação a uma só consciência é uma diferença fundamental entre um e outro. Como o homem só tem uma consciência de cada vez ele não consegue prever o que lhe chega à consciência, enquanto os seres da outra galáxia evocam consecutivamente cada consciência parcial, tendo em vista os objetivos da ação.

O princípio da ação, no homem, fica muitas vezes por esclarecer. A esse estado de coisas, ele denomina de inconsciente. Além disso, o que lhe chega à consciência está sempre colorido de sentimentos, o que leva a que os seus atos sejam sempre influenciados pelas emoções. Pelo contrário, os atos dos habitantes de outra galáxia decorrem a um nível puramente racional podendo ser por isso continuamente controlados e efetivamente por eles controlados.

O homem, premido pela sua necessidade de evolução, desenvolveu, ao longo do tempo, métodos próprios que lhe permitiram alargar os limites de sua visão do mundo. Ele chama ciência a esse modo de proceder. Examina, assim, outros seres vivos do mesmo modo que o fazem os seres de outras galáxias. E a partir das conclusões desses estudos comparativos consegue ter uma visão mais vasta da natureza.

Esta reflexão sobre as fronteiras da consciência é sumamente importante, porque não nos deixa no caos do ilimitado. É preciso, por isso, muito cuidado, nos ímpetos de nossa evolução, pois um clarão pode ofuscar enquanto a luz de uma vela é alimento perene para toda a eternidade. Saibamos não só procurar o alimento adequado para as nossas necessidades físicas e espirituais, como também oferecer aos outros o alimento que eles possam digerir.

Não nos esqueçamos de nossas responsabilidades. Apesar das fronteiras de nossa consciência, há um instinto interno que nos diz quando estamos agindo de conformidade com o bem ou com o mau.

Fonte de Consulta

PÖPPEL, E. Fronteiras da Consciência: da Realidade e da Experiência do Mundo. Lisboa, Edições 70, 1989.





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