A ciência propriamente
dita não existe, mas as ciências: física, biologia, química, engenharia etc.
Oficialmente, as ciências apareceram quando um determinado ramo do conhecimento
adquiriu objeto próprio de estudo, desprendendo-se do grande ramo da Filosofia.
Na realidade, as ciências só apareceram a partir do século XVI. Até então, tudo
era Filosofia, pois o seu objeto de estudo era a Ontologia, a Cosmogonia, a
Lógica, a Axiologia ou teoria dos valores etc.
Oficiosamente, porém, a ciência já
estava presente na Antiguidade grega. Tales de Mileto e Pitágoras, no século VI
a.C., desejavam um saber que apresentasse provas e se
organizasse em sistemas. Nesse sentido, a Astronomia encontrou o
seu próprio caminho: a observação rigorosa e a criação
de modelos matemáticos. Por que a ciência grega da antiguidade
não progrediu tanto como a ciência da época atual? Em 1.º lugar, porque eram
especulativos; em 2.º lugar, porque não tinham instrumentos adequados para
registrar e organizar todas as suas descobertas.
A obscuridade da Idade Média dificultou
também o voo das ciências. A religião, a grande dominadora,
inclusive da Filosofia, punha os seus cabrestos em toda a criatividade, em toda
a inovação. Qualquer coisa que se descobrisse tinha que passar pelo crivo da
Igreja, detentora de todo o saber. Aqueles que desobedecessem as suas ordens
eram lançados ao fogo. Consequentemente, muitas descobertas científicas não
frutificaram porque o veto religioso inibia a sua divulgação.
A partir do século XVI, o progresso
científico retoma o seu vigor, fornecendo às ciências a conciliação entre a
teoria e a experimentação. Com Galileu (1564-1642), além da observação e da
criação de modelos, acrescentou a organização da experiência e
o desenvolvimento de aparelhos. Os instrumentos foram os grandes
auxiliares no desenvolvimento de todas as ciências. Da luneta de Galileu ao
telescópio Hubble, muitas informações foram acrescentadas ao estoque de
conhecimento da humanidade. O que seria do mundo hoje, sem o computador, sem os
recursos da informática?
Os avanços da ciência coincidem com o
aparecimento do capitalismo. Há o lado positivo, pois hoje é quase impossível
viver sem as ciências. Contudo, embora não possamos ficar sem as ciências, há
taras a denunciar. A sede pela intervenção e pela produtividade gerou a
sociedade de consumo, aumentando drasticamente as desigualdades de renda entre
os mais ricos e os mais pobres. Tanto no Ocidente como no Oriente, a ciência está
cada vez mais sujeita à não-razão do Estado, que busca a violência, o domínio e
a guerra.
Saibamos analisar os prós e os contras.
Somente assim teremos condições de formar uma visão mais realista do mundo que
nos cerca. De posse desta virtude, estaremos livres do dogmatismo e do
ritualismo, tão prejudicais ao desenvolvimento integral do ser humano.
Fonte de Consulta
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE
E DO ESTADO. São Paulo: Verbo, 1986.
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