O ensino de filosofia pode se
desenvolver em dois sentidos: como produto e como processo.
Como produto, foi o que se consolidou ao longo do tempo. Nele estão
enquadrados os textos filosóficos e a história da filosofia. Mais
especificamente, o produto filosófico diz respeito ao contato com o pensamento
de Sócrates, Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Kant e outros. Como processo,
por sua vez, refere-se aos temas filosóficos, entre os quais, citamos: origem
de Deus, livre-arbítrio e determinismo, justiça etc.
A filosofia pode ser ensinada através
de diversos métodos: a exposição, a interrogação, a exposição dialogada, a
leitura e análise de textos, a análise linguística e o estudo dirigido. Dentre
tais métodos, a exposição dialogada, conhecida também como "método
socrático", é a que mais se adapta aos anseios da filosofia. Por que? Por
que é através do diálogo, ou seja, de perguntas e respostas, as quais dão uma
direção determinada ao tema escolhido. Era o que fazia Sócrates. Primeiramente
usava a ironia, para confundir; depois, a maiêutica, para explicar, para
aprofundar.
Todo o método tem suas vantagens e
desvantagens. Cabe-nos saber utilizá-los com critério e bom senso. O método
expositivo, por exemplo, permite a unidade e a comunicação de muitos
conhecimentos em pouco espaço de tempo. Tem, contudo, a desvantagem de deixar o
ouvinte numa posição de inatividade, caso o assunto não lhe interesse. O
interrogativo permite constantes perguntas, mas pode transformar-se em
pseudodiálogo, caso a maioria dessas perguntas seja de caráter fechada.
Optando pelo ensino de filosofia
através do método da exposição dialogada, o facilitador de aprendizagem deve
possuir mente aberta e receptiva. Sua função é conduzir a reunião de modo que
todos os membros de um grupo possam participar da elaboração gradual dos
pensamentos. Não pode ser a pessoa que quer ensinar tudo, pois a sua tarefa
consiste em coordenar o pensamento do grupo, o que não é tarefa fácil,
convenhamos. É que geralmente queremos passar aos outros aquilo que arduamente
nos empenhamos por aprender.
O coordenador deve também conhecer
algumas técnicas de liderança de grupo. Muitas vezes a reunião se torna
incontrolável, confusa, com participantes falando alto demais. O que fazer?
Dependendo da situação, convém não interromper o fluxo energético do grupo.
Contudo, é necessário tomar consciência daquilo que está acontecendo e não
simplesmente deixar que as coisas caminhem a seu bel prazer. Lembremo-nos de
que nem sempre toda discussão acalorada é sinal de bagunça. Quando algo
acontece, não queiramos que seja diferente, defendendo A ou B. deixemos simples
que o fato penetre livre e solto em nosso subconsciente, sem julgar ou
recriminar. O tempo se encarrega de colocar as coisas no seu devido lugar.
Tenhamos em mente que o papel da
filosofia não é ensinar alguém a pensar ou mesmo mudar de comportamento, mas
fazer as pessoas pensarem melhor. E se cada um de nós pensar melhor, estaremos
modificando o nosso modo de atuar em sociedade.
Fonte de Consulta
SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de. Um
Outro Olhar: Filosofia. São Paulo: FTD, 1995.
Nenhum comentário:
Postar um comentário