"A matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade mas também suprema beleza — uma beleza fria e austera, como a da escultura." (O Estudo da Matemática)
Bertrand Russell (conde) (1872-1970) foi o mais influente filósofo britânico do
século XX. Foi ensaísta e crítico social, mais conhecido por seu trabalho de
lógica matemática e filosofia analítica. Fundador do logicismo e da teoria dos tipos (Principia Mathematica, em
colaboração com A. N. Whitehead, 1910-1913), distinguiu-se igualmente pelo
vigor dos seus compromissos políticos, morais e humanitários. Fundou em 1966 o
Tribunal Russel para condenar os crimes de guerra dos EUA no Vietnã [Prêmio
Nobel de Literatura, 1950].
Nossas
atitudes diante do trabalho são irracionais. ==> Admitimos que o trabalho é bom em si mesmo. ==> Atribuímos valores
diferentes a diferentes tipos de trabalho. ==> Essas atitudes levam à infelicidade. ==> Devemos reconhecer qual
trabalho é genuinamente valioso - e escolher fazê-lo. ==> Trabalhar menos aumentará a
felicidade humana.
(1)
Educado dentro
de casa, ele estudou línguas modernas, economia, história constitucional,
matemática e ciência. Em 1890, foi para o Trinity College, Cambridge, estudar
matemática, mas migrou para filosofia em 1893, graduando-se com distinção no
ano seguinte. Em 1895 tornou fellow. Em 1896 escreveu o estudo político Social-democracia alemã, o primeiro de
seus vários livros. Por volta da mesma época, teve contato com o trabalho de um
grupo de matemáticos alemães. Segundo Russell, essas ideias tinham relevância
não somente para a matemática como também para a filosofia: se era possível
provar a verdade matemática de forma objetiva, por que o mesmo não valeria para
o conhecimento humano.
Rejeitando a
filosofia idealista hegeliana que até então havia abraçado, com sua busca por
sistemas abrangentes, Russell concentrou-se, em vez disso, na análise lógica
aprofundada. Em Os princípios da matemática (1903), ele argumentava que a
matemática deveria ser tratada como um subconjunto da lógica, ao passo que a
obra em três volumes Principia Mathematica (1910-1913), escrita com Alfred North
Whitehead, reforçava a ideia da derivação lógica da matemática, contando também
com uma análise filosófica que nem sempre eram claras o bastante para
transmitir formas lógicas verdadeiras. (2)
Apesar de sua imensa produção filosófica, que abordava assuntos como física, lógica, religião, educação e moral, Russell nunca foi uma personalidade estritamente acadêmica. Em 1911 publicou “Problems of Philosophy” (1911) e “Our Kwonledge of the External World” (1914), que confirmaram o seu inegável prestígio.
(1) VÁRIOS
COLABORADORES. O Livro da Filosofia.
Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
(2) LEVENE,
Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre
Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
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Vinte e cinco séculos mais tarde, refletindo sobre a importância fundamental desempenhada pelos números na ciência contemporânea (em particular na "teoria da relatividade geral" de Albert Einstein, na "teoria dos quanta" de Max Planck e na "mecânica ondulatória" devida a Louis de Broglie), o filósofo e matemática britânico Bertrand Russell escreveu um dia: "O que há de mais espantoso na ciência moderna é seu retorno ao pitagorismo".
Bertrand Russell (1872-1970)
Bertrand Arthur William Russell, terceiro conde
de Russell, nasceu no País de Gales, em uma família tradicional, no auge do
poderio econômico e político inglês. Tornou-se filósofo, lógico e matemático,
além de inveterado humanista. Escritor prolífico, ajudou a popularizar a
filosofia por meio de palestras e comentários sobre uma grande variedade de
assuntos, não apenas acadêmicos mas também relativos a questões da atualidade.
Seguindo a tradição familiar de forte posicionamento político, foi um
proeminente pacifista, contra a intervenção norte-americana na Primeira e na
Segunda Guerra Mundial, em favor da emancipação feminina e do controle da
natalidade e ferrenho defensor das reformas sociais; defendia o livre-comércio
entre as nações e combatia o imperialismo. Agnóstico declarado, criticava
qualquer forma de autoridade que tolhesse a liberdade de pensamento e a
expressão e acusava as instituições religiosas e os fiéis por dificultarem a
vida do ser humano. Pagou o preço por seu posicionamento secularista quando, em
1939, após uma controvérsia pública, foi proibido pela justiça de Nova York de
lecionar no City College. Seus leitores e admiradores viam nele um profeta da
vida criativa, moderna e racional. Foi um dos primeiros defensores do
desarmamento nuclear. Dono de um estilo de escrita límpido e característico
pela clareza de seus raciocínios — bem como pela coragem e ousadia com que se
dedicava às suas causas —, em 1950 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, “em
reconhecimento de seus variados e importantes escritos nos quais advoga ideais
humanitários e a liberdade de pensamento”. Em 1966, emprestou o nome ao
Tribunal Bertrand Russell, criado em Londres como parte do Movimento Comunista
Internacional, destinado a “julgar” países que combatiam o comunismo e defendiam
o imperialismo norte-americano. (Acabou por se afastar do organismo,
posteriormente transferido para Roma.) Na década de 1960, denunciou os Estados
Unidos pela invasão do Vietnã. Foi casado quatro vezes. Morreu com quase cem
anos, enfraquecido por uma gripe. Escreveu inúmeros livros, entre os quais Por que não sou cristão (1927), Ensaios
céticos (1928) e História da filosofia ocidental
(1946). (Extraído de No que Acredito,
por Bertrand Russell)
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