"A fé não
pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados. A verdade manifesta por
Deus não pertence ao mundo racional." (Guilherme de Ockham)
Guilherme de
Ockham (ou Occam) (1287-1347) tornou-se frade franciscano antes de ir estudar
teologia em Oxford. Nunca completou a formação nem conseguiu um posto como
professor. O reitor da universidade chegou a acusá-lo de heresia. Por esta
razão, foi convocado a se apresentar diante do papa João XXII, em Avignon, onde
acabou se envolvendo em mais controvérsias, pelo fato de defender o voto de
pobreza (contrário ao do papa) dos franciscanos. Foi excomungado e passou o
resto da vida sob a proteção do imperador Luís IV da Baviera.
Para Ockham, a
fé não pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados, pois a verdade
manifestada por Deus não pertence ao mundo racional. Pelo fato de a teologia
ser uma série de afirmações e sentenças que não se relacionam racionalmente, a
filosofia não pode ser sua serva. O que une as afirmações da teologia é a fé e
não a razão. Em se tratando da revelação divina, somente a fé consegue
explicá-la, pois revelação divina vai além da capacidade humana e portanto não
é racionalmente compreensível.
A expressão
"navalha de Ockham" (lei da parcimônia ou concisão) é mais conhecida
do que o próprio nome de Guilherme de Ockham. A ideia é usar uma navalha para
cortar fora partes desnecessárias de um argumento, de modo a chegar ao que é
essencial. A frase é: "não devemos multiplicar os entes se não for
necessário". Ou seja, quando nos deparamos com argumentos conflitantes,
escolhamos aquele que se baseia no menor número de premissas e pode ser
reduzido ao máximo. Fazer abstrações sobre a essência de diversos entes é algo
supérfluo e inútil. O conhecimento baseia-se no mundo empírico e individual. A
Navalha de Ockham exclui do conhecimento possível o conhecimento metafísico.
Somente podemos conhecer o que podemos experimentar.
No século XIV,
as conexões entre razão e fé se altera profundamente. Para Occam e os
nominalistas, os universais são simplesmente termos que aludem aos objetos
singulares. O domínio da razão está no campo da experiência, o conhecimento das
coisas individuais exclui o das verdades da fé que, por serem indemonstráveis,
devem ficar relegadas ao âmbito das crenças. Essa atitude de Occam já prefigura
o nascimento da ciência moderna e, ao mesmo tempo, assinala o acaso da
escolástica e do pensamento medieval.
Fonte de
Consulta
LEVENE,
Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você
Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa
da Palavra, 2013.
Temática Barsa - Filosofia
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=54
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