14 fevereiro 2020

Guilherme de Ockham (Occam)

"A fé não pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados. A verdade manifesta por Deus não pertence ao mundo racional." (Guilherme de Ockham)

Guilherme de Ockham (ou Occam) (1287-1347) tornou-se frade franciscano antes de ir estudar teologia em Oxford. Nunca completou a formação nem conseguiu um posto como professor. O reitor da universidade chegou a acusá-lo de heresia. Por esta razão, foi convocado a se apresentar diante do papa João XXII, em Avignon, onde acabou se envolvendo em mais controvérsias, pelo fato de defender o voto de pobreza (contrário ao do papa) dos franciscanos. Foi excomungado e passou o resto da vida sob a proteção do imperador Luís IV da Baviera.

Para Ockham, a fé não pode apresentar argumentos que possam ser demonstrados, pois a verdade manifestada por Deus não pertence ao mundo racional. Pelo fato de a teologia ser uma série de afirmações e sentenças que não se relacionam racionalmente, a filosofia não pode ser sua serva. O que une as afirmações da teologia é a fé e não a razão. Em se tratando da revelação divina, somente a fé consegue explicá-la, pois revelação divina vai além da capacidade humana e portanto não é racionalmente compreensível. 

A expressão "navalha de Ockham" (lei da parcimônia ou concisão) é mais conhecida do que o próprio nome de Guilherme de Ockham. A ideia é usar uma navalha para cortar fora partes desnecessárias de um argumento, de modo a chegar ao que é essencial. A frase é: "não devemos multiplicar os entes se não for necessário". Ou seja, quando nos deparamos com argumentos conflitantes, escolhamos aquele que se baseia no menor número de premissas e pode ser reduzido ao máximo. Fazer abstrações sobre a essência de diversos entes é algo supérfluo e inútil. O conhecimento baseia-se no mundo empírico e individual. A Navalha de Ockham exclui do conhecimento possível o conhecimento metafísico. Somente podemos conhecer o que podemos experimentar.

No século XIV, as  conexões entre razão e fé se altera profundamente. Para Occam e os nominalistas, os universais são simplesmente termos que aludem aos objetos singulares. O domínio da razão está no campo da experiência, o conhecimento das coisas individuais exclui o das verdades da fé que, por serem indemonstráveis, devem ficar relegadas ao âmbito das crenças. Essa atitude de Occam já prefigura o nascimento da ciência moderna e, ao mesmo tempo, assinala o acaso da escolástica e do pensamento medieval.

Fonte de Consulta

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

Temática Barsa - Filosofia

http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=54


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