25 fevereiro 2020

Protágoras

"O homem é a medida de todas as coisas." (Protágoras, citado em Teeteto)

Protágoras (490-420 a.C.) foi o sofista mais destacado do seu tempo. Sustentava que existem tantas verdades quantas opiniões e tantas opiniões quantos homens. A sua filosofia pode ser resumida na sentença: "o homem é a medida de todas as coisas, das que são, enquanto são, e das que não são, enquanto não são". Também é muito característica de seu pensamento sua teoria dos "raciocínios duplos": "Em toda questão, há dois raciocínios opostos entre si", quer dizer, de cada coisa se pode dar sempre duas versões opostas, já que, se não há verdade, um juízo é tão válido quanto seu contrário. Seu agnosticismo: "Sobre os deuses, não posso saber se existem ou não, pois há dois obstáculos: a obscuridade do problema e a brevidade da vida humana". (1)

A Grécia dedicou-se à pedagogia, ou seja, produzir e transmitir conhecimentos. Esta era a função dos sábios, chamados de sofistas, cujo ofício era uma profissão, pois cobravam pelas suas aulas. Sócrates se contrapõe à profissão dos sofistas, pois tinha esse ofício como missão. Os sofistas que se destacaram foram Górgias e Protágoras. Depreende-se que o diálogo foi descoberto por Parmênides, Sócrates e Platão; o antidiálogo surgiu com os sofistas Protágoras, Górgias e Trasímaco. Os primeiros são os amantes do logos; os segundos, "amantes da opinião" ou filodoxos.

Protágoras era considerado o chefe dos sofistas, ou seja, intelectuais que eram pagos para defender a opinião de seus patronos. Ele foi um palestrante incansável, que articulava e debatia ideias no mercado, um mercado de ideias que ainda existe. Pertencia a um enérgico grupo espirituoso de pensadores exigentes que haviam se cansado da mitologia grega, com seu panteão de deuses (ou ao menos, se tornara cético a seu respeito). Seu ponto de partida: nós medimos as coisas; elas não se medem a si mesmas. A argumentação contra Protágoras se resume a isso. Devemos rejeitar a teoria que afirma que "o homem é a medida" (2)

Sobre a existência da verdade. Para Protágoras, não há uma verdade objetiva válida. Contudo, sustentava a necessidade do estudo e da educação, pois não havendo proposições verdadeiras em absoluto, deve-se saber diferenciar entre as opiniões melhores e piores, mais ou menos úteis ao indivíduo e à sociedade. (3)

(1) Temática Barsa - Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005.

(2) GROOTHUIS, Douglas. Filosofia em Sete Sentenças: Uma Pequena Introdução a um Vasto Tópico. Tradução Milton Camargo Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2019.

(3) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.

 



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