"Nada
acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e não de outro modo."
(Carta a Samuel Clark)
Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) nasceu em Leipzig, onde o
pai era professor de filosofia moral na universidade. Aos 14 anos de idade,
começou os seus estudos na mesma instituição. Estudou Direito, Filosofia e
Matemática em Iena. Recebeu o grau de doutor em Direito com a idade de 20 anos.
Serviu como conselheiro bibliotecário da corte, em Hanover, até ao dia de sua morte.
Sonhou com a fundação de uma confederação dos Estados europeus. Descobriu, em
1676, ao mesmo tempo que Newton, o cálculo infinitesimal. Trabalhou para a
reunião das Igrejas católica e protestante. Suas obras mais importantes: Ensaio Filosófico sobre o Entendimento Humano (1690), Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano (1704), A Teodiceia
(1710) e A Monodologia (1714). Sua filosofia é influenciada
pelo mecanicismo cartesiano e pelas causas finais de Aristóteles.
Leibniz critica a lógica tradicional, partindo
do pressuposto de que o mundo “é o cálculo de Deus”. Tinha a intenção não de
demonstrar verdades conhecidas, mas descobrir novas verdades. Imagina, para
isso, uma combinatória universal que permitisse estudar, a priori, todas
as combinações entre os conceitos. A ideia da mathesis universalis,
de nítida inspiração cartesiana, leva o racionalismo às últimas consequências,
admitindo-se em tese, a dedução completa do real.
Resumo do seu pensamento: Toda coisa no mundo tem uma noção distinta. ==> Essa noção contém toda verdade sobre essa coisa, incluindo sua conexão com
outras coisas. ==> Podemos analisar essas conexões por meio da reflexão racional. ==> Quando a análise é finita, podemos alcançar a verdade final.
==> Essas são as verdades da razão. ==> Quando a análise é infinita, não podemos alcançar a verdade final
pela razão, somente pela experiência. ==> Essas são as de fato.
(1)
Ao trabalhar
para o príncipe eleitor, o arcebispo de Mainz, que queria a paz na Europa,
arregaçou as mangas e procurou uma fundamentação racional ao cristianismo que
pudesse ser útil tanto aos católicos quanto aos protestantes. Após partir
em missão diplomática até a corte de Luiz XIV, Leibniz permaneceu na França por
quatro anos. Visitou Londres, onde foi eleito membro da Royal Society. Em 1676,
quando o príncipe eleito morreu, Leibniz tornou-se bibliotecário do duque de
Brunswick, em Hanover. (2)
No século XVII, Leibniz, com a sua Teodicéia, – de theos (Deus) e dike (justiça), significando justiça de Deus – dá também a sua
contribuição à história do problema do mal. As suas teses fundamentam-se no otimismo filosófico ou no princípio da razão suficiente. O princípio da razão suficiente é aquele segundo o
qual nada existe sem uma razão para ser assim e não de outro modo. De acordo
com Leibniz, a única razão de este mundo existir e não outro é que este é o
melhor. O fim do todo é bom, aquilo que vemos como mal se deve à limitação de
nossa perspectiva parcial, sempre limitada e incompleta.
Monadologia (1714)
traz as conclusões de Leibniz sobre a composição do universo, que, de acordo
com ele, é constituído de substâncias elementares chamadas mônadas (do grego monos, "sozinho"), sendo cada uma
delas eterna e incorruptível. A mônada é um átomo espiritual. Para entendê-la,
deveríamos compará-la à mente humana. A mônada é “um microcosmo, um espelho
vivo do universo para o qual tudo é, ao menos potencialmente, inteligível. Como
um verdadeiro átomo espiritual, possui todas as características da
espiritualidade: percebe – ou seja, conhece o mundo a partir de um particular
ponto de vista – e apetece, ou seja, deseja –, tendendo sempre à realização de um fim,
de um projeto".
(1) VÁRIOS
COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de
Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
(2) LEVENE,
Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de
Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
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