17 fevereiro 2020

Leibniz

"Nada acontece sem que haja uma razão suficiente para ser assim e não de outro modo." (Carta a Samuel Clark)

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) nasceu em Leipzig, onde o pai era professor de filosofia moral na universidade. Aos 14 anos de idade, começou os seus estudos na mesma instituição. Estudou Direito, Filosofia e Matemática em Iena. Recebeu o grau de doutor em Direito com a idade de 20 anos. Serviu como conselheiro bibliotecário da corte, em Hanover, até ao dia de sua morte. Sonhou com a fundação de uma confederação dos Estados europeus. Descobriu, em 1676, ao mesmo tempo que Newton, o cálculo infinitesimal. Trabalhou para a reunião das Igrejas católica e protestante. Suas obras mais importantes: Ensaio Filosófico sobre o Entendimento Humano (1690), Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano (1704), A Teodiceia (1710) e A Monodologia (1714). Sua filosofia é influenciada pelo mecanicismo cartesiano e pelas causas finais de Aristóteles.

Leibniz critica a lógica tradicional, partindo do pressuposto de que o mundo “é o cálculo de Deus”. Tinha a intenção não de demonstrar verdades conhecidas, mas descobrir novas verdades. Imagina, para isso, uma combinatória universal que permitisse estudar, a priori, todas as combinações entre os conceitos. A ideia da mathesis universalis, de nítida inspiração cartesiana, leva o racionalismo às últimas consequências, admitindo-se em tese, a dedução completa do real.

Resumo do seu pensamento: Toda coisa no mundo tem uma noção distinta. ==> Essa noção contém toda verdade sobre essa coisa, incluindo sua conexão com outras coisas. ==> Podemos analisar essas conexões por meio da reflexão racional. ==> Quando a análise é finita, podemos alcançar a verdade final. ==> Essas são as verdades da razão. ==> Quando a análise é infinita, não podemos alcançar a verdade final pela razão, somente pela experiência. ==> Essas são as de fato. (1)

Ao trabalhar para o príncipe eleitor, o arcebispo de Mainz, que queria a paz na Europa, arregaçou as mangas e procurou uma fundamentação racional ao cristianismo que pudesse ser útil tanto aos católicos quanto aos protestantes. Após partir em missão diplomática até a corte de Luiz XIV, Leibniz permaneceu na França por quatro anos. Visitou Londres, onde foi eleito membro da Royal Society. Em 1676, quando o príncipe eleito morreu, Leibniz tornou-se bibliotecário do duque de Brunswick, em Hanover. (2)

No século XVII, Leibniz, com a sua Teodicéia, – de theos (Deus) e dike (justiça), significando justiça de Deus – dá também a sua contribuição à história do problema do mal. As suas teses fundamentam-se no otimismo filosófico ou no princípio da razão suficiente. O princípio da razão suficiente é aquele segundo o qual nada existe sem uma razão para ser assim e não de outro modo. De acordo com Leibniz, a única razão de este mundo existir e não outro é que este é o melhor. O fim do todo é bom, aquilo que vemos como mal se deve à limitação de nossa perspectiva parcial, sempre limitada e incompleta.

Monadologia (1714) traz as conclusões de Leibniz sobre a composição do universo, que, de acordo com ele, é constituído de substâncias elementares chamadas mônadas (do grego monos, "sozinho"), sendo cada uma delas eterna e incorruptível. A mônada é um átomo espiritual. Para entendê-la, deveríamos compará-la à mente humana. A mônada é “um microcosmo, um espelho vivo do universo para o qual tudo é, ao menos potencialmente, inteligível. Como um verdadeiro átomo espiritual, possui todas as características da espiritualidade: percebe – ou seja, conhece o mundo a partir de um particular ponto de vista – e apetece, ou seja, deseja –, tendendo sempre à realização de um fim, de um projeto".

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.


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