11 fevereiro 2020

Averróis

"Uma vez que a filosofia é verdadeira e as escrituras reveladas também o são, não pode haver desarmonia entre elas." (A harmonia entre religião e filosofia)

Averróis (1126-1198), ou Ibn Rushd, é um ilustre filósofo islâmico, que nasceu em Córdoba, numa importante família de juristas. Tornou-se também juiz. Além da filosofia, tratou também de assuntos de jurisprudência e medicina, e chegou a ser médico do califa.

No ocidente, é conhecido, sobretudo, por seus 38 comentários à obra de Aristóteles e à República de Platão. Averróis queria demonstrar que não havia conflito entre religião e filosofia; que se tratava de diferentes formas de encontrar a mesma verdade. A filosofia busca a verdade por meio da razão, mas esta deve ser protegida e amparada pela religião, pois se tanto a filosofia como a religião buscam a verdade, não pode haver discordância entre as duas. Havendo diferença entre as duas, o texto religioso deve ser reinterpretado pelos instrumentos racionais da filosofia. 

Averróis divide a inteligência em duas partes: 1) o intelecto potencial; 2) o intelecto possível ou ativo. O intelecto potencial é a inteligência de cada ser humano, que pode ou não se desenvolver. O intelecto possível, que é uma emanação divina e nele se ligam todos ou outros intelectos, é a atualização das capacidades da inteligência humana.

Para Averróis, aceitamos que o Alcorão é verdadeiro. Mas, algumas partes dele são demonstravelmente equívocas. Daí, o texto é uma verdade poética e deve ser interpretado pelo raciocínio filosófico. Conclusão: Filosofia e Religião não são incompatíveis.

Averróis nega a imortalidade da alma. Acredita ainda que o conhecimento da ciência é o único caminho para atingirmos a felicidade, o êxtase espiritual e religioso. A vida de todos os homens tem fim com a morte. E a alma humana nasce e morre com o corpo.

A inspiração bíblica está centrada na singularidade de uma história, mas voltada para o universal. Nesse sentido, a Bíblia é um precioso testemunho, um presente dado ao pensamento. A filosofia reconheceu que o literário, o simbólico ou o místico não eram sinônimos de irracional, de falacioso ou de primitivo: a racionalidade aí se expressa de outro modo.

Traduzidos para o hebraico e o latim, os escritos de Averróis continuaram a ser estudados no Ocidente até meados do século XVII. No mundo islâmico, porém, ele teve a obra condenada por religiosos ortodoxos, que rejeitavam sua opinião de que a lei religiosa e a filosofia compartilhavam o mesmo objetivo.

Fonte de Consulta

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=48)


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