"[...] esse é percipi [ser é ser percebido]." Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano
George Berkeley (1685-1753). Célebre sacerdote inglês. Nasceu na Irlanda e
estudou no Colégio de Trindade, Dublin. Concebeu um plano para converter a
América ao Cristianismo. Partiu para as Bermudas para erguer ali um colégio,
mas o projeto falhou por não ter recebido os fundos que esperava. Tornou-se
bispo de Cloyne, em 1734.
Resumo do
seu pensamento: Todo
conhecimento vem da percepção. ==> O que percebemos são ideias, não coisas em si. ==> Uma
coisa em si deve estar fora da experiência. ==> Então o mundo consiste apenas em ideias... ==> ... e mentes que percebem essas ideias. ==> Uma coisa só existe na medida em
que ela percebe ou é percebida. (1)
Suas obras
filosóficas mais importantes foram publicadas quando ele era ainda jovem: Ensaio para uma nova teoria da visão,
em 1709; Tratado sobre os princípios do conhecimento humano, em 1710; e Três diálogos entre Hylas e Philomus,
em 1713. Fez viagem pela Itália e França. Quando voltou à Irlanda, em 1721,
estava preocupado com a decadência moral de seus habitantes; escreveu o texto
anônimo Essay towards Preventing the Ruin of Great Britain
("Ensaio para evitar a ruína da Grã-Bretanha"), "uma crítica ao
luxo tanto como mal econômico quanto como mal político e moral".
A questão: uma
coisa continua existindo mesmo quando não é observado por ninguém? Para nós, sim. Para
Berkeley, tudo o que deixa de ser observado deixa de existir. Quando Samuel
Johnson, um contemporâneo de Berkeley, soube da teoria, chutou uma pedra na rua
e disse: “É deste modo que a refuto”. Johnson acreditava ter certeza de que as
coisas materiais existem e não são apenas compostas de ideias – ele sentiu bem
forte o dedo bater na pedra quando a chutou, então Berkeley devia estar errado.
Todavia, Berkeley era mais inteligente do que Johnson pensava. Sentir a dureza
de uma pedra contra o pé não provava a existência de objetos materiais, apenas
a existência da ideia de uma pedra dura. Tanto que, para
Berkeley, o que ele chamava de pedra nada mais é que as sensações que ela
suscita. Não há nenhuma pedra física “real” por trás do que causou a dor no pé.
Na verdade, não há realidade nenhuma por trás das ideias que temos. (2)
A filosofia
empirista de John Locke continua na época do Iluminismo com as obras de Geoge
Berkeley e David Hume, dois pensadores que também partem da experiência como
fonte de todo o conhecimento, mas que radicalizam as posições do empirismo
clássico enveredando por caminhos diferentes. Para Berkeley, o conhecimento
empírico não permite assegurar que fora de nossas percepções exista uma
realidade material. Os objetos existem na medida em que os percebemos, mas não
possuem qualidades independentes dessa percepção. O empirismo de Berkeley é
assim idealista e se baseia numa filosofia do imaterialismo. (3)
(1) VÁRIOS
COLABORADORES. O Livro da Filosofia.
Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
(2) WARBURTON,
Nigel. Uma Breve História da Filosofia. Tradução de Rogério Bettoni. Porto
Alegre, RS: L&PM, 2012. (Coleção L&PM POCKET)
(3) Temática
Barsa - Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005.
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