18 fevereiro 2020

Berkeley, George

"[...] esse é percipi [ser é ser percebido]." Tratado sobre os Princípios do Conhecimento Humano

George Berkeley (1685-1753). Célebre sacerdote inglês. Nasceu na Irlanda e estudou no Colégio de Trindade, Dublin. Concebeu um plano para converter a América ao Cristianismo. Partiu para as Bermudas para erguer ali um colégio, mas o projeto falhou por não ter recebido os fundos que esperava. Tornou-se bispo de Cloyne, em 1734.

Resumo do seu pensamento: Todo conhecimento vem da percepção. ==> O que percebemos são ideias, não coisas em si. ==> Uma coisa em si deve estar fora da experiência. ==> Então o mundo consiste apenas em ideias... ==> ... e mentes que percebem essas ideias. ==> Uma coisa só existe na medida em que ela percebe ou é percebida. (1)

Suas obras filosóficas mais importantes foram publicadas quando ele era ainda jovem: Ensaio para uma nova teoria da visão, em 1709; Tratado sobre os princípios do conhecimento humano, em 1710; e Três diálogos entre Hylas e Philomus, em 1713. Fez viagem pela Itália e França. Quando voltou à Irlanda, em 1721, estava preocupado com a decadência moral de seus habitantes; escreveu o texto anônimo Essay towards Preventing the Ruin of Great Britain ("Ensaio para evitar a ruína da Grã-Bretanha"), "uma crítica ao luxo tanto como mal econômico quanto como mal político e moral".

A questão: uma coisa continua existindo mesmo quando não é observado por ninguém? Para nós, sim. Para Berkeley, tudo o que deixa de ser observado deixa de existir. Quando Samuel Johnson, um contemporâneo de Berkeley, soube da teoria, chutou uma pedra na rua e disse: “É deste modo que a refuto”. Johnson acreditava ter certeza de que as coisas materiais existem e não são apenas compostas de ideias – ele sentiu bem forte o dedo bater na pedra quando a chutou, então Berkeley devia estar errado. Todavia, Berkeley era mais inteligente do que Johnson pensava. Sentir a dureza de uma pedra contra o pé não provava a existência de objetos materiais, apenas a existência da ideia de uma pedra dura. Tanto que, para Berkeley, o que ele chamava de pedra nada mais é que as sensações que ela suscita. Não há nenhuma pedra física “real” por trás do que causou a dor no pé. Na verdade, não há realidade nenhuma por trás das ideias que temos. (2)

A filosofia empirista de John Locke continua na época do Iluminismo com as obras de Geoge Berkeley e David Hume, dois pensadores que também partem da experiência como fonte de todo o conhecimento, mas que radicalizam as posições do empirismo clássico enveredando por caminhos diferentes. Para Berkeley, o conhecimento empírico não permite assegurar que fora de nossas percepções exista uma realidade material. Os objetos existem na medida em que os percebemos, mas não possuem qualidades independentes dessa percepção. O empirismo de Berkeley é assim idealista e se baseia numa filosofia do imaterialismo. (3)

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(2) WARBURTON, Nigel. Uma Breve História da Filosofia. Tradução de Rogério Bettoni. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. (Coleção L&PM POCKET)

(3) Temática Barsa - Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005.


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