23 fevereiro 2020

Kant, Immanuel

"Aja somente de acordo com um princípio que desejaria que fosse ao mesmo tempo uma lei universal." (Fundamentação da metafísica dos costumes)

Immanuel Kant (1724-1804) foi um dos filósofos que mais profundamente influenciou a formação da filosofia contemporânea. Nasceu em Königsburg, antiga Prússia, que hoje se situa na Polônia. Filho de pais pobres, tem sua formação universitária financiada por um teólogo, amigo da família. Em 1740, matricula-se na universidade de Königsburg. Em 1755, torna-se livre docente nesta mesma universidade. A partir de 1770, ano em que se faz professor catedrático, ministra diversos cursos de interesse acadêmico. É nesse período que prepara uma de suas mais importantes obras, a Crítica da Razão Pura, que veio a lume em 1781. A Crítica da Razão Pura (1781) e a Crítica da Razão Prática (1788) sintetizam o pensamento renovador de Kant e a essência da sua filosofia.

Resumo de seu pensamento: Nossa sensibilidade é a capacidade de sentir as coisas no mundo. ==> Nosso entendimento é a capacidade de pensar sobre as coisas. ==> Espaço e tempo não podem ser conhecidos pela experiência; são intuições da mente. ==> Então, uma coisa aparece no espaço e no tempo apenas na medida em que é sentida pela mente. ==> Os conceitos só se aplicam às coisas na medida em que são sentidos pela mente. ==> Uma "coisa em si" (algo considerado exterior à mente) pode não ter nada a ver com espaço, tempo ou qualquer um de nossos conceitos. ==> "Coisas em si" são incognoscíveis. ==> Existem dois mundo: o mundo da experiência sentida por nossos corpos e o mundo das coisas em si. (1)

O horizonte histórico vivenciado por Kant é marcado pela independência americana e a Revolução Francesa. Sua filosofia está na confluência do racionalismo, do empirismo inglês (Hume) e da ciência físico-matemática de Newton. À Hegel, acrescentam-se o idealismo e criticismo kantiano.

A base da filosofia de Kant (1724-1804) está na teoria do conhecimento. Deseja saber, mas sem erro. Para tanto, elabora-a na relação entre os juízos sintéticos "a priori" e os juízos sintéticos "a posteriori". Aos primeiros, chama-os puros, que caberia à matemática desvendá-los; aos segundos, de fenômenos, influenciados pela percepção sensorial. Nesse sentido, o idealismo e o criticismo kantiano nada mais são do que seus próprios esforços para aproximar o fenômeno à "coisa em si".

Para Kant, "Uma ação realizada por dever não tira seu valor do objetivo a ser alcançado por ela, mas da máxima segundo a qual é decidida". O indivíduo age exclusivamente segundo a regra que estabelece, ou seja, "sem levar em conta nenhum dos objetos da faculdade de desejar" e "fazendo-se abstração dos fins que podem ser alcançados por tal ação" (Fundamentos..., I). "Ela não tem a menor necessidade da religião", insiste Kant, nem de um fim ou objetivo qualquer: "ela se basta a si própria" (A religião nos limites da simples razão, Prefácio).

Kant pública três tipos de crítica: a Crítica da razão pura, a Crítica da razão prática e a Crítica da faculdade do juízo. Na Crítica da razão pura, examina a teoria do conhecimento, estabelecendo os limites para a sua apreensão. Na Crítica da razão prática, examina o significado moral da liberdade, da imortalidade da alma e da existência de Deus. Na Crítica da faculdade do juízo, desenvolve a sua teoria acerca do belo, tendo por fundamento o mesmo das duas críticas anteriores, ou seja, o domínio da natureza e o domínio da liberdade/moralidade.

A filosofia de Kant tentava conciliar a autoridade da ciência com a experiência do dia a dia dos indivíduos em um mundo abarrotado de preocupações morais, estéticas, culturais e religiosas.

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

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