"Aja
somente de acordo com um princípio que desejaria que fosse ao mesmo tempo uma
lei universal." (Fundamentação da metafísica dos costumes)
Immanuel Kant (1724-1804) foi um dos filósofos que mais profundamente influenciou a formação da
filosofia contemporânea. Nasceu em Königsburg, antiga Prússia, que hoje se situa
na Polônia. Filho de pais pobres, tem sua formação universitária financiada por
um teólogo, amigo da família. Em 1740, matricula-se na universidade de
Königsburg. Em 1755, torna-se livre docente nesta mesma universidade. A partir
de 1770, ano em que se faz professor catedrático, ministra diversos cursos de
interesse acadêmico. É nesse período que prepara uma de suas mais importantes
obras, a Crítica da Razão Pura, que veio a lume em 1781. A Crítica da Razão Pura (1781) e a Crítica da Razão Prática (1788) sintetizam o pensamento
renovador de Kant e a essência da sua filosofia.
Resumo de
seu pensamento: Nossa sensibilidade é a capacidade de sentir as coisas no mundo. ==> Nosso entendimento é a capacidade de pensar sobre as coisas. ==> Espaço e tempo não podem ser conhecidos pela experiência; são intuições da mente. ==> Então, uma coisa aparece no espaço e no tempo apenas na
medida em que é sentida pela mente. ==> Os conceitos só se aplicam às coisas na medida em que são sentidos pela
mente. ==> Uma "coisa em si" (algo considerado exterior à
mente) pode não ter nada a ver com espaço, tempo ou qualquer um de nossos
conceitos. ==> "Coisas em si" são incognoscíveis. ==> Existem dois mundo: o mundo da experiência sentida por nossos corpos e o mundo das coisas em si. (1)
O horizonte histórico vivenciado por Kant é marcado pela independência
americana e a Revolução Francesa. Sua filosofia está na confluência do
racionalismo, do empirismo inglês (Hume) e da ciência físico-matemática de
Newton. À Hegel, acrescentam-se o idealismo e criticismo kantiano.
A base da filosofia de Kant (1724-1804) está na teoria do conhecimento.
Deseja saber, mas sem erro. Para tanto, elabora-a na relação entre os juízos sintéticos "a priori" e os juízos sintéticos "a posteriori". Aos primeiros,
chama-os puros, que caberia à matemática desvendá-los; aos segundos, de fenômenos, influenciados pela percepção
sensorial. Nesse sentido, o idealismo e o criticismo kantiano nada mais são do
que seus próprios esforços para aproximar o fenômeno à "coisa em si".
Para Kant, "Uma ação realizada por dever não tira seu valor do objetivo a ser alcançado por
ela, mas da máxima segundo a qual é decidida". O indivíduo age
exclusivamente segundo a regra que estabelece, ou seja, "sem levar em
conta nenhum dos objetos da faculdade de desejar" e "fazendo-se
abstração dos fins que podem ser alcançados por tal ação" (Fundamentos..., I). "Ela não
tem a menor necessidade da religião", insiste Kant, nem de um fim ou
objetivo qualquer: "ela se basta a si própria" (A religião nos limites da simples razão,
Prefácio).
Kant pública três tipos de crítica: a Crítica da razão pura, a Crítica da razão prática e a Crítica da faculdade do juízo. Na Crítica da razão pura, examina a teoria
do conhecimento, estabelecendo os limites para a sua apreensão. Na Crítica da razão prática, examina o
significado moral da liberdade, da imortalidade da alma e da existência de
Deus. Na Crítica da faculdade do juízo, desenvolve a sua teoria acerca do belo, tendo
por fundamento o mesmo das duas críticas anteriores, ou seja, o domínio da
natureza e o domínio da liberdade/moralidade.
A filosofia de
Kant tentava conciliar a autoridade da ciência com a experiência do dia a dia
dos indivíduos em um mundo abarrotado de preocupações morais, estéticas,
culturais e religiosas.
(1) VÁRIOS
COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de
Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
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