23 fevereiro 2020

Locke, John

"[...] nosso conhecimento nunca pode ir mais longe do que nossas ideias." (Ensaio sobre o entendimento humano)

John Locke (1632-1704). Estudou Filosofia, Ciências Naturais e Medicina em Oxford. Esteve durante muitos anos a serviço do Conde de Shaftesbury, como secretário e preceptor do seu filho e do neto. Seguiu seu protetor, ao ser este exilado para a Holanda, e voltou para a Inglaterra com a ascensão de Guilherme de Orange.

Obras de Locke: An Essay concerning Human Understanding (Ensaio sobre o Entendimento Humano, 1690). No mesmo ano escreveu An Essay concerning Toleration (Ensaio sobre a Tolerância). Em 1693, publicou The Reasonableness of Christianity (A Razoabilidade do Cristianismo). Sua obra é uma reação contra Descartes e sua doutrina das ideias inatas. Escreveu também Two Treatises on Civil Government (Dois Tratados sobre o Governo Civil), do qual An Essay Concerning the True Original, Extent and End of Civil Government (O Ensaio Concernente à Verdadeira Origem, Extensão e Fim do Governo Civil), é a segunda parte. 

Resumo de seu pensamento: Os racionalistas acreditam que nascemos com algumas ideias e conceitos: os que são "inatos". ==> Mas isso não é confirmado pelo fato... ==> ... de que não há verdades encontradas em todos nós no nascimento. ==> ... de que não há ideias universais encontradas em pessoas de todas as culturas, em todos os tempos. ==> Tudo o que sabemos é adquirido a partir da experiência. (1)

Quando John Locke dá início ao empirismo inglês, a filosofia predominante é a cartesiana, cujo problema metafísico é resolvido pela teoria substancialista (três substâncias) de Descartes: res cogitans — a substância pensante — (alma), res extensa – a substância extensa – (o corpo) e Deus, a substância infinita criadora.

Descartes falava de três tipos de ideias: adventíciasfictícias e inatas. As ideias adventistas são as que sobrevêm em nós postas pela presença da realidade externa; as ideias fictícias são aquelas que por nós mesmos formamos em nossa alma; as ideias inatas são as que constituem o acervo próprio do espírito, da mente e da alma. Locke nega a existência de ideias inatas. Para explicar como as ideias se formam na mente, supôs que a alma fosse um papel em branco (tabula rasa) onde tudo o mais deveria ser escrito pelas sensações da experiência. 

Suas ideias sobre o governo civil mostram que cada indivíduo, movido pela lei natural, elabora uma espécie de contrato, dando ao melhor o poder de governá-los. Os que são escolhidos para o cargo de comando podem ser substituídos, caso não ajam de acordo com a vontade da maioria. Locke tornou-se famoso, porque conseguiu influenciar muitos governos, pois foi o primeiro a advogar a concepção moderna de liberdade civil e definir as limitações da propriedade e do poder da república.

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

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Locke, em seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, mesmo não sendo uma obra psicológica, inaugurou a psicologia da associação de ideias.

Para Locke, a proteção do cidadão, com relação ao abuso de poder, assenta-se na divisão de poderes. Em se tratando do Estado, elucida, também, os limites da tolerância: “Uma sociedade democrática não pode aceitar qualquer seita secreta e obediente a um país estrangeiro, assim como não pode permitir o ateísmo, sinônimo de imoralidade e falta de responsabilidade”.

Para Locke, a mente não inventa ideias. “A mente limita-se a reelaborar sob forma de abstração crescente dados e observações que recebe do exterior, segundo a fórmula empirista nada existe no intelecto que não tenha antes passado pela percepção”.

Para Locke, o contrato produz a sociedade e o governo, consequentemente o Estado. Para Rousseau, o contrato só constitui a sociedade. Ele acha também que a sociedade e o Estado devem ser uma única coisa; não podem estar separados. Por isso, diz que o único órgão soberano é a assembleia, na qual se expressa a soberania. Nesse caso, a assembleia, representando o povo, pode delegar poderes a algumas pessoas e delas retirar quando as circunstâncias assim o exigirem.

 




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