Giordano Bruno (1548-1600), filósofo, astrônomo e matemático italiano ingressou jovem na Ordem dos
Dominicanos, abandonando hábito, em 1756. Sempre perseguido por suas opiniões.
Preso em Veneza, foi extraditado para Roma, onde a Inquisição o manteve preso
sete anos, antes de queimá-lo vivo sem obter sua retratação. Antes de morrer,
pronunciou estas palavras: “Vocês têm mais medo ao fazer seu julgamento do que
eu ao tomar consciência dele.”
Seus livros
principais são: Da causa, do princípio e do Uno e Do universo finito (1585). Neles, defende uma espécie de panteísmo imanentista,
tentando conciliar a infinitude do universo com a perfeição de Deus.
Giordano Bruno, baseando-se na teoria heliocêntrica de Copérnico,
elabora uma nova visão de mundo. O Universo é infinito e Deus está a ele
incorporado (panteísmo). Esta concepção vai de encontro ao Deus transcendente
da Idade Média. Com Copérnico, a Terra deixa de ser o centro do Universo, dando
o seu lugar ao Sol. Com Giordano Bruno, o Sol deixa de ser o centro do Universo
e o seu centro, como já dizia Nicolau de Cusa, está em todas as partes e em
nenhuma.
Ao contrário do que se pensa, não foi queimado na fogueira por defender
o heliocentrismo de Copérnico. A cosmologia, segundo a qual o universo seria
infinito, povoado por milhares de sistemas solares, e interligado por outros
planetas e contendo vida inteligente, foi a heresia apontada
pela Inquisição. Bebendo da fonte de Nicolau de Cusa, prenunciou o avanço da
ciência com suas teorias do universo infinito e da multiplicidade dos mundos.
Rejeitou a astronomia geocêntrica tradicional e foi além da teoria
heliocêntrica de Copérnico, que ainda admitia a existência de um universo
finito.
A Idade Média, regida pela influência religiosa sobre a filosofia,
produziu, sob o tribunal da Inquisição, muitas vítimas da heresia.
Além de Giordano Bruno, um dos casos mais conhecidos foi do astrônomo italiano
Galileu Galilei, que escapou por pouco da fogueira por afirmar que o planeta
Terra girava ao redor do Sol (heliocentrismo). Muitos cientistas também foram
perseguidos, censurados e até condenados por defenderem ideias contrárias à
doutrina cristã.
A heresia atribuída a Giordano Bruno chama-nos a atenção para um ponto
fundamental: razão e experiência devem andar de mãos dadas. Até então, a razão
tinha prevalecido sobre a experiência. A lei de dilatação dos corpos - no caso
o metal - ilustra bem este raciocínio. De acordo com esta lei, conforme a
temperatura aumenta, o metal deve se dilatar. Se não testarmos essa teoria,
podemos chegar à conclusão que o metal sempre se dilatará. Submetido à
experiência, verificamos que a partir de um certo grau de temperatura, o metal
não se dilata, mas funde-se.
Giordano Bruno e seus carrascos
"Dizer:
qual foi o meu crime? Nem ao menos suspeitais?
E me acusais, sabendo que
nunca agi fora da lei?
Queimai-me, que amanhã onde
acendeis a fogueira
A história erguerá uma
estátua para mim.
[...]
Mas sois
sempre os mesmos, os velhos fariseus.
Os quer rezam e se prostram
onde podem ser vistos.
Fingindo fé, sois falsos,
invocando a Deus, ateus;
[...]
Prefiro mil
vezes minha sorte à vossa;
Morrer como eu morro não é
morte;
Morrer assim é a vida;
vosso viver, sim, é a morte.
[...]
Covardes! O
que vos detém? Temeis o futuro?
Ah! Tremeis. É porque vos
falta o que sobra em mim.
Olhai, eu não tremo. E sou
eu quem vai morrer!" (1)
(1) Temática
Barsa — Filosofia. Rio de Janeiro: Barsa Planeta, 2005.
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