22 fevereiro 2020

Mill, John Stuart

"Para que o mal triunfe, basta que os homens de bem se omitam." (Discurso inaugural na Universidade de St. Andrews, 1867)

John Stuart Mill (1806-1873) foi um filósofo e economista inglês, filho de James Mill, secretário da East India Company. O pai deu-lhe especial educação, que consistiu em muitos estudos sobre Filosofia e Ciência Política. Ele também serviu na East India Company, tendo ingressado, mais tarde, no Parlamento como liberal. Toda a sua vida foi pautada por uma intensa atividade: fundou revistas, círculos de estudos e foi membro do Parlamento.

Seus livros principais são: System of Logic (Sistema de lógica, 1843), Essays on Some Unsettled Questions on Political Economy (Ensaios sobre algumas questões não resolvidas de economia política, 1844), Principles of Political Economy (Princípios de economia política, 1848), Utilitarianism (Utilitarismo, 1863). 

Resumo do seu pensamento: As decisões devem ser tomadas sob o princípio do máximo bem possível para o máximo de pessoas possível. ==> Indivíduos devem ser livres para fazer o que lhes proporcione prazer, ainda que isso posso prejudicá-los... ==> ...mas eles não estão autorizados a fazer coisas que prejudiquem os outros. ==> Os indivíduos podem escolher fazer as coisas que afetam seus próprios corpos, mas não o de outra pessoa. ==> Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano. (1)

John Stuart Mill, o mais eminente do grupo de filósofos britânicos do século XIX, propôs e desenvolveu a doutrina do utilitarismo. Ele foi um reformador social, um defensor da liberdade tanto política quanto pessoal e um filósofo e lógico de considerável importância. Seu trabalho On Liberty, publicado em 1859, discute os sistemas legais e governamentais. Na introdução do seu ensaio dizia que a única liberdade que merece o nome de liberdade é aquela em que cada um procurando o seu próprio interesse não prejudica o próximo a conquistar o dele. Acha ele que as pessoas devem ser livres, mas muitas vezes acontece que os governos são constituídos de forma arbitrária. É a partir daí que discute todo o problema envolvido entre a autoridade e a liberdade.

O ponto inicial da sua filosofia foi o trabalho de Jeremy Bentham, reformador radical que primeiro disseminou a ideia "da maior felicidade para o maior número", como um princípio moral. Isto ficou conhecido como o princípio da utilidade. No Utilitarismo Mill desenvolve este princípio como uma teoria moral que provê a direção de como viver virtuosamente. A doutrina da utilidade, disse ele, "assegura que as ações são certas na proporção que elas tendem a promover felicidade, erradas quando elas tendem a promover o inverso da felicidade".

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

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Imagine que você tenha vivido distante de outras crianças durante a maior parte de sua infância. Em vez de passar o tempo brincando, você aprenderia grego e álgebra com um professor particular, ou se envolveria em conversas com adultos extremamente inteligentes. O que você teria se tornado? Isso foi mais ou menos o que aconteceu com John Stuart Mill (1806-1873). Ele foi um experimento educacional. Seu pai, James Mill, amigo de Jeremy Bentham, tinha a mesma visão de Locke de que a mente das crianças era vazia, como um quadro branco. James Mill estava convencido de que, se criasse uma criança da maneira correta, haveria uma boa chance de ela se tornar um gênio. Por isso, James ensinou seu filho John em casa, garantindo que o menino não perdesse tempo brincando ou aprendendo maus hábitos. Contudo, não se tratava apenas de transmitir conteúdos para aprovação em provas, muito menos de uma memorização forçada ou algo desse tipo. James ensinou John a usar o método de questionamento socrático, encorajando o filho a explorar as ideias que aprendia, em vez de simplesmente repeti-las.

Mill aplicava seu pensamento utilitarista a todos os aspectos da vida. Ele pensava que os seres humanos se pareciam um pouco com as árvores. Se não damos à árvore o espaço necessário para ela se desenvolver, ela será fraca e retorcida. Todavia, na posição correta, ela pode realizar todo o seu potencial, atingindo uma altura e uma extensão consideráveis. De maneira semelhante, nas circunstâncias corretas, os seres humanos prosperam, e isso gera boas consequências não só para o indivíduo em questão, mas também para toda a sociedade – a felicidade é maximizada. Em 1859, Mill publicou um livro curto, porém inspirador, defendendo sua visão de que dar às pessoas o espaço que julgam ser conveniente para se desenvolverem era a melhor maneira de organizar a sociedade. Esse livro chama-se Sobre a liberdade e ainda hoje é amplamente lido. (WARBURTON, Nigel. Uma Breve História da Filosofia. Tradução de Rogério Bettoni. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. [Coleção L&PM POCKET])

A transformação da economia em ciência econômica revela-nos um grande ensinamento. Observe que John Stuart Mill (1806-1873) assinala nos seus Essays on Some Unsettled Questions of Political Economy que normalmente a definição de uma ciência não precede, mas sucede a criação dessa mesma ciência. Por quê? Só com o progressivo estabelecimento dos princípios gerais dos diversos problemas que ela pretende resolver, é que a diversidade de definições se vem a realizar. Foi isso que conseguiu Lionel Robbins ao definir a Economia como a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que possuam usos alternativos.

John Stuart Mill (1806-1873), sendo utilitarista e liberal, adapta o positivismo comtiano ao utilitarismo inglês, porém impregnado de conteúdos éticos e políticos bem específicos. Herdeiro de Jeremy Bentham (1748-1832), que relaciona o bem ao prazer e o mal à dor, Mill estabelece que o bem-estar deva estar disponível ao maior número possível de indivíduos. O positivismo de Mill é essencialmente pragmático.

Sobre Harriet Taylor

Aos 24 anos, Mill entrou efetivamente em contato com esse mundo, quando conheceu Harriet Taylor, esposa de um comerciante abastado de Londres, que se tornaria o amor de sua vida. Embora o relacionamento do casal tenha sido um caráter de "amizade", acabou desencadeando um escândalo na sociedade, o que levou ao isolamento social de ambos. Quando o marido morre, acaba se casando com Harriet. 

Foi Harriet que levou Mill a se ocupar mais intensamente das condições sociais da força de trabalho nos primeiros momentos da sociedade industrial. 


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