21 fevereiro 2020

Jung, Carl Gustav

"Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro." (Carl Jung)

Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra e psicanalista suíço. Em 1907, conhece Freud e torna-se seu principal discípulo e colaborador. Divergindo da doutrina freudiana da origem sexual das neuroses, rompe com seu mestre, seguindo caminho próprio, e formulando a teoria da totalidade do psiquismo que, além do consciente, deve levar em conta também o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O inconsciente pessoal é constituído por elementos reprimidos, adquiridos durante a história pessoal dos indivíduos em sua experiência de vida. O inconsciente coletivo pertence à espécie humana e jamais se torna de fato plenamente consciente. (1)

Suas principais obras são: A Psicologia dos Processos Inconscientes (1917), Simbologia do Espírito (1948), Formas do Inconsciente (1950), Investigação para a História dos Símbolos (1951).

Sigmund Freud e Carl Gustav Jung foram os dois grandes expoentes da Psicologia. Freud interpretou os sonhos e desenvolveu o "método da associação livre", pelo qual conseguiu obter a cura de muitas doenças mentais. Jung deu sequência ao trabalho desenvolvido por Freud, porém de modo mais científico. Jung aprofundou-se no estudo do inconsciente.

Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Para Jung, arquétipos são projeções de crenças, conceitos e experiências comuns à psique de todos os seres humanos. A conceituação de arquétipos deixa uma dúvida ao conceito de inconsciente coletivo: será que ele concebia o inconsciente coletivo como uma espécie de mundo interior ou plano astral psíquico ou seria apenas uma referência aos aspectos neurológicos inatos e programados do cérebro humano, que evoluíram desde o despertar de nossa história evolucionária e, portanto, estão codificados nossos genes? 

De acordo Jung, os seus pacientes, acima de 35 anos, adoeceram porque perderam a seiva que as religiões têm dado aos seus fiéis em todos os tempos, e nenhum deles se curou, sem ter recuperado sua atitude religiosa, o que evidentemente nada tem a ver com os credos particulares ou filiação a uma Igreja. Nota-se, claramente, através desse relato científico, que a obtenção do equilíbrio mental deve-se muito à crença em um Deus todo poderoso e todo bondade.

Freud era relutante quanto ao sobrenatural, principalmente para evitar a fraude. Jung, por sua vez, começou as suas investigações da mente humana examinando uma suposta médium. Até o fim do século XIX, Freud manteve distância do ocultismo, e numa ocasião tentou fazer Jung prometer transformar sua teoria sexual das neuroses num inabalável baluarte "contra a lama negra do ocultismo". Em contrapartida, Jung o chamou de numenosum, uma categoria sagrada e absoluta. 

A experiência com a médium "Srta. S. W." concedeu a Jung os primeiros fundamentos da sua teoria de personalidades subsidiárias, estimulando-o ao estudo dos aspectos filosóficos do ocultismo. Ele não estava interessado no fenômeno em si, mas no conteúdo das comunicações, que dividiu em duas categorias: 1) romances; 2) elaboração de uma complexa cosmologia de tipo gnóstico. (2)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.


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