"Onde o amor impera, não há desejo de
poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do
outro." (Carl Jung)
Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra e psicanalista suíço. Em 1907, conhece Freud e torna-se seu principal discípulo e colaborador. Divergindo da doutrina freudiana da origem sexual das neuroses, rompe com seu mestre, seguindo caminho próprio, e formulando a teoria da totalidade do psiquismo que, além do consciente, deve levar em conta também o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo. O inconsciente pessoal é constituído por elementos reprimidos, adquiridos durante a história pessoal dos indivíduos em sua experiência de vida. O inconsciente coletivo pertence à espécie humana e jamais se torna de fato plenamente consciente. (1)
Suas principais obras são: A Psicologia dos Processos Inconscientes (1917), Simbologia do Espírito (1948), Formas do Inconsciente (1950), Investigação para a História dos Símbolos (1951).
Sigmund Freud e Carl Gustav Jung foram os dois
grandes expoentes da Psicologia. Freud interpretou os sonhos e
desenvolveu o "método da associação livre", pelo qual conseguiu obter
a cura de muitas doenças mentais. Jung deu sequência ao trabalho desenvolvido
por Freud, porém de modo mais científico. Jung aprofundou-se no estudo do
inconsciente.
Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Para Jung, arquétipos são projeções de crenças, conceitos e
experiências comuns à psique de todos os seres humanos. A conceituação de
arquétipos deixa uma dúvida ao conceito de inconsciente coletivo: será que ele
concebia o inconsciente coletivo como uma espécie de mundo interior ou plano
astral psíquico ou seria apenas uma referência aos aspectos neurológicos inatos
e programados do cérebro humano, que evoluíram desde o despertar de nossa
história evolucionária e, portanto, estão codificados nossos genes?
De acordo Jung, os seus pacientes, acima de 35
anos, adoeceram porque perderam a seiva que as religiões têm dado aos seus
fiéis em todos os tempos, e nenhum deles se curou, sem ter recuperado sua
atitude religiosa, o que evidentemente nada tem a ver com os credos
particulares ou filiação a uma Igreja. Nota-se, claramente, através desse
relato científico, que a obtenção do equilíbrio mental deve-se muito à crença
em um Deus todo poderoso e todo bondade.
Freud era relutante quanto ao sobrenatural,
principalmente para evitar a fraude. Jung, por sua vez, começou as suas
investigações da mente humana examinando uma suposta médium. Até o fim do
século XIX, Freud manteve distância do ocultismo, e numa ocasião tentou fazer
Jung prometer transformar sua teoria sexual das neuroses num inabalável
baluarte "contra a lama negra do ocultismo". Em contrapartida, Jung o
chamou de numenosum, uma categoria sagrada e absoluta.
A experiência com a médium "Srta. S.
W." concedeu a Jung os primeiros fundamentos da sua teoria de
personalidades subsidiárias, estimulando-o ao estudo dos aspectos filosóficos
do ocultismo. Ele não estava interessado no fenômeno em si, mas no conteúdo das
comunicações, que dividiu em duas categorias: 1) romances; 2) elaboração de uma
complexa cosmologia de tipo gnóstico. (2)
(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
(2) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre:
L&PM, 1993.
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