24 fevereiro 2020

Parmênides

"O ser é e não pode não ser e o não-ser não é e não pode ser de modo algum." (Parmênides)

Parmênides (510-445 a. C.) foi um filósofo grego da Antiguidade, o primeiro pensador a discutir questões relativas ao “Ser”. Foi um dos três mais importantes filósofos da escola eleática, junto com Xenófanes e Zenão. Tales, Anaximandro e Anaxímenes iniciam o processo de reflexão racional sobre a origem das coisas. Heráclito dá ênfase ao movimento. Parmênides enfatiza o fixo, representando um contraponto a Heráclito.

Parmênides é considerado o mais remoto precursor da lógica ao enunciar o princípio de identidade e de não contradição. Zenão, discípulo de Parmênides, vem em seguida, ao empregar a argumentação erística, ou seja, a arte da disputa ou da discussão. Posteriormente Sócrates, com a maiêutica, e Platão, com a teoria das ideias, completaram a base para o advento da lógica aristotélica.

O diálogo foi descoberto por Parmênides, Sócrates e Platão. O antidiálogo surgiu com os sofistas Protágoras, Górgias e Trasímaco. Os primeiros são os amantes do logos; os segundos, "amantes da opinião" ou filodoxos.

realidade. Para Parmênides, o ser é uma esfera bem redonda. “Os atributos do ser não podem ser encontrados por via experimental ou sensorial, mas deduzidos com coerência lógica do próprio conceito de ser”.

existência da verdade. Para Parmênides e Zenão, a verdade é o resultado de uma viagem. Esta começa nas casas da Noite, bairro da cidade de Eleia, cuja simbologia representa o homem que se deixa levar pelos sentidos, e termina nas portas do tempo, onde Parmênides recebe, diretamente da boca da deusa Necessidade, a doutrina do Ser, ideia básica de sua filosofia. Esta metáfora mostra que a verdade não é alcançável para todos, mas somente para aqueles que fazem esforços.

pensar. Para Parmênides, somente a razão vê o real. Os cinco sentidos testemunham toda a transformação da realidade. “É verdade que a vida cotidiana requer o uso dos órgãos dos sentidos, mas por meio deles não se chega à verdade. A razão, não o olho, vê o real”.

Linguagem. Para Parmênides, a linguagem consiste na doutrina do ser, sintetizada na célebre fórmula o ser é, o não-ser não é. A sua argumentação baseia-se no seguinte: “Enquanto aquilo-que-é pode ser dito – portanto, pensado –, aquilo-que-não-é afasta-se, por definição, de qualquer formulação linguística e intelectual. É impossível pensar o nada. No cotidiano, usamos o verbo ser de modo impróprio e acabamos por atribuir realidade a condições de ausência, a coisas que não existem: a escuridão e o silêncio, por exemplo, são condições de não-ser da luz e do som, portanto, pela lógica não existem”. (1)

(1) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.

 



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