"Pense como um homem de ação, atue como um homem de
pensamento." (Henri Bérgson)
Henri Bérgson (1859-1940). Nasceu
em Paris. Foi um dos grandes filósofos franceses modernos e recebeu muitas
honras do governo francês. Foi professor no Collège
de France (1900), membro da Academia Francesa (1914), e obteve o Prêmio Nobel de
Literatura em 1927. Seu pensamento, fortemente espiritualista, pode ser visto
como uma tentativa de recuperar a metafísica contra os ataques tanto do
kantismo quanto do positivismo, então predominantes (final do séc. XIX).
Formulou o princípio vitalista — o elã vital — rejeitando o materialismo, o
mecanicismo e o determinismo.
Resumo de seu pensamento: Há dois tipos de conhecimento.
==> O conhecimento relativo: conhecer os
objetos no mundo a partir de uma perspectiva particular. ==> Conhecimento absoluto: conhecer os
objetos no mundo como eles realmente são. ==> O conhecimento relativo é
adquirido pelo uso do intelecto e da razão — estamos distantes da coisa em si.
==> O conhecimento absoluto é adquirido pela apreensão intuitiva da verdade — é uma
forma bem direta de conhecimento. ==> A
intuição caminha na mesma direção da vida. (1)
O intuicionismo de Bérgson. No início do século XX, muitos pensadores achavam
que a filosofia deveria caminhar à margem do positivismo das ciências. Henri
Bérgson destacou-se na reconstrução filosófica. Baseou-se na intuição para
captar a essencialidade do tempo. A intuição é o
instinto da inteligência. Ele acha que não podemos afirmar a superioridade da
inteligência em relação ao instinto: existem coisas que somente a inteligência é capaz
de buscar, mas por si só não encontrará nunca; somente o instinto
poderia descobri-la, mas não as buscará nunca.
Para Bérgson, o corpo está
entre o passado e o futuro. “O corpo enquanto matéria modificada pelo tempo
constitui uma espécie de memória biológica, um arquivo da experiência passada.
Mas, enquanto sistema de necessidades voltado para a ação, o corpo é também
projeção em direção ao futuro”.
Para Bérgson, a inteligência não
explica a vida. Segundo seu ponto de vista, “a vida é um impulso construtivo
que, a cada momento, explora todas as variações possíveis, sem seguir um
projeto preciso; é uma onda que arrasta e ultrapassa qualquer obstáculo, sem
nunca, todavia, abandoná-lo definitivamente”. Em cada reino da natureza, a vida
foi vencendo os seus obstáculos. No reino hominal, tece comentários sobre o
instinto e a inteligência: “O instinto animal está cercado por um halo de
inteligência e a inteligência humana não funcionaria se não se baseasse também
na contribuição do instinto”. Disto resulta que “a inteligência não consegue
explicar a vida, mas a vida explica a inteligência”.
Para Bérgson,
o tempo da vida é a duração do presente. O presente é o que nos impele
à ação. Em se tratando da ação, o passado é essencialmente impotente. Seria vão
caracterizar a lembrança de um estado passado sem começar a fazê-lo pela
consciência da realidade presente. O passado, o presente e o futuro não são
tempos estanques. O estado psicológico que denominamos “meu presente” deve ser
contemporaneamente uma percepção do passado imediato e uma determinação do
futuro imediato. (2)
(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de
Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.
(2) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia:
das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo,
2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário