18 fevereiro 2020

Bérgson, Henri

"Pense como um homem de ação, atue como um homem de pensamento." (Henri Bérgson)

Henri Bérgson (1859-1940). Nasceu em Paris. Foi um dos grandes filósofos franceses modernos e recebeu muitas honras do governo francês. Foi professor no Collège de France (1900), membro da Academia Francesa (1914), e obteve o Prêmio Nobel de Literatura em 1927. Seu pensamento, fortemente espiritualista, pode ser visto como uma tentativa de recuperar a metafísica contra os ataques tanto do kantismo quanto do positivismo, então predominantes (final do séc. XIX). Formulou o princípio vitalista — o elã vital — rejeitando o materialismo, o mecanicismo e o determinismo.

Resumo de seu pensamento: Há dois tipos de conhecimento. ==> O conhecimento relativo: conhecer os objetos no mundo a partir de uma perspectiva particular. ==> Conhecimento absoluto: conhecer os objetos no mundo como eles realmente são. ==> O conhecimento relativo é adquirido pelo uso do intelecto e da razão — estamos distantes da coisa em si. ==> O conhecimento absoluto é adquirido pela apreensão intuitiva da verdade — é uma forma bem direta de conhecimento. ==> A intuição caminha na mesma direção da vida. (1)

O intuicionismo de Bérgson. No início do século XX, muitos pensadores achavam que a filosofia deveria caminhar à margem do positivismo das ciências. Henri Bérgson destacou-se na reconstrução filosófica. Baseou-se na intuição para captar a essencialidade do tempo. A intuição é o instinto da inteligência. Ele acha que não podemos afirmar a superioridade da inteligência em relação ao instinto: existem coisas que somente a inteligência é capaz de buscar, mas por si só não encontrará nunca; somente o instinto poderia descobri-la, mas não as buscará nunca.

Para Bérgson, o corpo está entre o passado e o futuro. “O corpo enquanto matéria modificada pelo tempo constitui uma espécie de memória biológica, um arquivo da experiência passada. Mas, enquanto sistema de necessidades voltado para a ação, o corpo é também projeção em direção ao futuro”.

Para Bérgson, a inteligência não explica a vida. Segundo seu ponto de vista, “a vida é um impulso construtivo que, a cada momento, explora todas as variações possíveis, sem seguir um projeto preciso; é uma onda que arrasta e ultrapassa qualquer obstáculo, sem nunca, todavia, abandoná-lo definitivamente”. Em cada reino da natureza, a vida foi vencendo os seus obstáculos. No reino hominal, tece comentários sobre o instinto e a inteligência: “O instinto animal está cercado por um halo de inteligência e a inteligência humana não funcionaria se não se baseasse também na contribuição do instinto”. Disto resulta que “a inteligência não consegue explicar a vida, mas a vida explica a inteligência”.

Para Bérgson, o tempo da vida é a duração do presente. O presente é o que nos impele à ação. Em se tratando da ação, o passado é essencialmente impotente. Seria vão caracterizar a lembrança de um estado passado sem começar a fazê-lo pela consciência da realidade presente. O passado, o presente e o futuro não são tempos estanques. O estado psicológico que denominamos “meu presente” deve ser contemporaneamente uma percepção do passado imediato e uma determinação do futuro imediato. (2) 

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(2) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.

 



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