26 fevereiro 2020

Erasmo, Desidério

"Em terra de cego, quem tem um olho é rei." (Adágios)

Desidério Erasmo (Erasmo de Roterdã) (1466-1536) foi um teólogo e escritor holandês, o maior vulto do Humanismo cristão. Dedicou toda sua vida à causa da reforma interna da Igreja Católica. Seu sonho era uma Europa espiritual unida, com uma língua comum aproximando todas as pessoas. Em 1500 publica “Adágios”, uma coleção de citações latinas e provérbios. A obra representou, para a época, o máximo em literatura de divulgação, tornando célebre o nome do autor.

Em 1516 publica suas apreciações "Críticas do Novo Testamento" e “Cartas de São Jerônimo", dedicando-as ao Papa Leão X, obras que consolidam sua fama. Em 1517 tem início a Reforma Protestante. Atendendo aos desejos de Erasmo, uma sentença de Leão X permite-lhe deixar definitivamente o hábito da Ordem dos Agostinianos. Em 1535 vai para a Basileia, na Suíça, para supervisionar a edição de "Eclesisastes", seu último trabalho. (1)

O humanismo, que tem seu berço na Itália, estende-se por toda a Europa do século XVI. O humanismo se converte num movimento cultural que defende a tolerância e a liberdade individual, no padrão de uma síntese renovada entre a Antiguidade clássica e o cristianismo. A figura máxima do humanismo reformista do século XVI é Erasmo de Rotterdam. Sua doutrina, crítica com uma igreja — a romana —, prepara na realidade a Reforma protestante. Mas Erasmo não é um político, e o humanismo, reduzido ao âmbito cultural, acaba sendo deslocado pelo protestantismo de Lutero e pela Contra-Reforma que nasce no concílio de Trento. (2)

Diante dos grandes descobrimento geográficos e os notáveis avanços técnico-científicos, Erasmo exprime, em 1517, o seguinte pensamento: "vejo uma idade de ouro no futuro próximo". Quer dizer, os referidos avanços promoveriam os ideais de tolerância e concórdia entre todos os seres humanos autônomos. Este sonho não se torna real, pois o que se vê são as frequentes guerras entre os adeptos das várias religiões.

Erasmo de Rotterdam tece comentários sobre a loucura de Cristo e dos cristãos. Para ele, as normas sociais nem sempre se coadunam com uma vida autenticamente cristã. Há, assim, dois tipos de loucura: a) dos poderosos, ou seja, daqueles que reduzem o Cristianismo à observância dos ritos; b) dos cientistas, que desafiam o desconhecido pelo amor ao conhecimento. Estes é que são os verdadeiros cristãos, porque abandonam tudo, para imitar a loucura da cruz

Para Erasmo, a responsabilidade ética pressupõe o livre-arbítrio. Acha que o homem pode pecar, porque age com liberdade. Acrescenta, porém, que sem a ajuda divina o homem não pode salvar-se, pois negaria a existência de Deus. Em síntese: a graça divina é a primeira condição para a salvação, seguida pela liberdade do homem e pelas suas obras meritórias. (3)

(1) https://www.ebiografia.com/erasmo_de_roterda/

(2) Temática Barsa Filosofia

(3) NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005.

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Concílio de Trento

O Concílio de Trento foi a reação lógica da Igreja ante a extensão que adquiriram as doutrinas de Lutero e de outros reformistas. Mas foi também a constatação da profunda crise espiritual sofrida pela estrutura eclesiástica e da necessidade de redefinir seus projetos. 

 

 


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