As ideias desenvolvidas por Aristóteles
(384-322 a.C.) influenciaram as especulações filosófico-religiosas da Idade
Média. Esse período, denominado de Escolástica, retratava a dependência da
Filosofia à Religião. Exercitava-se o intelecto, baseando-se nas regras do
silogismo. Procuravam explicar logicamente o cristianismo, lutando por excluir
o espírito místico do pensamento até então. A finalidade maior era conciliar fé
com razão.
René Descartes (1596-1650) insatisfeito
com as informações adquiridas dos mestres e dos livros, faz tábua rasa, e,
constrói o seu próprio método de obtenção do conhecimento. O verdadeiro ponto
de partida da Filosofia cartesiana é a matemática, visto oferecer evidência e
certeza. Os princípios incondicionados desta ciência, permite a Descartes
romper com o modelo de pensamento estabelecido pela Escolástica.
Para Descartes, a Filosofia depende da
matemática. O fato dá origem a uma ideia fundamental: a verdadeira filosofia
deve ser um tratado do método. Estabelece, assim, suas quatro
célebres regras: 1) não admitir verdadeira coisa alguma que não se saiba com
evidência que o é; 2) dividir cada dificuldade em quantas partes seja possível
e em quantas requeira sua melhor solução; 3) conduzir ordenadamente os
pensamentos, começando pelos objetos mais simples e fáceis de conhecer, para
ascender, gradualmente, aos mais compostos; 4) fazer uma recontagem tão
integral e razões tão gerais, que se chegue a estar certo de não omitir nada.
Seu método inclui a dúvida
metódica. Como se explica? Parte do conhecimento centrado em si mesmo.
Dizia: “Cogito ergo sum”, penso, logo existo. Mas o cogito,
ao evidenciar a existência de quem pensa, permite estabelecer o seguinte
raciocínio: se eu existo, sei que sou finito. Porém, a ideia do finito implica
ao mesmo tempo a do infinito. Para Descartes, o infinito é Deus. Descobre Deus
pela sua própria razão e não vindo de fora como o Deus de Platão e dos
escolásticos.
As regras do seu método, o
estabelecimento da dúvida, o conhecimento centrado na razão e o conceito de
subjetividade transcendental influenciaram o pensamento filosófico posterior,
tendo Spinoza, Malebranche, Leibniz e Kant como seus maiores seguidores. Hoje,
a metafísica, traz em seu bojo, as influências cartesianas, quando muda o
enfoque dado ao ser para o sujeito.
A Filosofia, ao contrário da ciência,
pertence a uma história. Não resta dúvida que Descartes foi um dos grandes
construtores dessa História da Filosofia. Estudemo-lo, assim, com mais ardor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário