Pietro Ubaldi, filósofo italiano,
escreveu diversos livros de cunho espiritual. Dentre as suas obras, a que mais
se destacou foi a Grande Síntese. A linha mestra do seu pensamento
baseia-se na oposição entre o homem involuído e o homem evolvido. Tencionamos,
nessas linhas que se seguem, fazer uma reflexão sobre essa dinâmica do
pensamento humano no sentido de extrair subsídios para uma mudança
comportamental.
O par de termo involuído/evolvido nos
dá ideia da dimensão espiritual do ser humano. O involuído caracteriza
o homem ainda envolto com o mal, com o ódio e com a guerra. O evolvido especifica
o homem no esforço da grande batalha, que é a prática do bem, do amor e da
justiça. Essa dicotomia é importante, porque não podemos ficar no meio termo:
somos justos ou não somos. É a questão da formação do caráter que nos diz que
devemos agir sempre da mesma maneira nas mesmas circunstâncias.
O involuído está preso ao mal. Procura
através da força, da guerra eliminar o mal que lhe tenham causado. Na realidade
combate um mal com outro maior. Observe o Estado aplicando a pena de morte
naquelas pessoas que cometeram crimes hediondos. Isso não leva a nada, pois a
consequência é um nível maior de violência, visto que o fogo não se apaga com
mais fogo, mas com água. O perdão é o único elemento que verdadeiramente
elimina o mal. Sem ele, a humanidade está moralmente perdida.
Por que o perdão é o elemento
fundamental da evolução do ser humano? Raciocinemos em termos da lei natural.
De acordo com as instruções dos Espíritos superiores, a lei natural está
gravada na consciência de cada um dos seres humanos. Ora, nós não precisamos
usar a força contra aquele que nos causou danos, quer seja material ou moral;
basta deixarmos tudo por contar dessa lei natural, que ela se encarregará de
aplicar a justiça. O perdão não é apanágio das almas fracas; é a força dos
grandes homens que acreditam em Deus e na sua justiça através do cumprimento de
seus mandamentos.
A libertação do Espírito deve se basear
na prática das virtudes. De nada adianta, após termos sofrido um mal, agravá-lo
ainda mais com o nosso destempero emocional. É factível pensar que, se estamos
encarnados neste mundo de provas e expiações, não somos seres angelicais.
Contudo, nada nos impede de envidar todos os esforços possíveis para colocar em
prática os estímulos amorosos enviados pelos nossos benfeitores espirituais.
Basta apenas que tenhamos olhos de ver e ouvidos de ouvir, tal como nos orienta
a mensagem evangélica de Jesus.
Por pior a situação em que nos
encontramos, devemos sempre serenar o nosso pensamento. Lembremo-nos de que as
coisas nunca são como a nossa imaginação as pinta. É preciso muito tato para
que, depois de ter feito a vontade de Deus, aceitar as injunções do destino.
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