13 setembro 2006

Pensamento e Autodeteminação

Pensamento é a sequência de representações e conceitos. Não pertence ao tempo nem ao espaço. São generalizações que permanecem virtualizadas em nossa mente. O ato de pensar, como ato, é sempre novo, ou seja, é a atualização temporal e espacial do conceito. Exemplo: o círculo, como conceito, é sempre o mesmo. Ao pensarmos uma, duas, três ... ene vezes sobre essa figura, cada uma delas será, para nós, sempre nova. Este é o sentido da evolução criadora de Bergson. Para ele, todo o momento é criativo, porque nunca o vivenciamos anteriormente.

Há várias maneiras de pensar. A científica caracteriza-se pela disciplina e seriedade. É aquela em que o indivíduo conduz seus pensamentos de forma rigorosa, impedindo que a indisposição, a imaginação e a contrariedade obstruam o caminho que leva ao fim colimado. O verdadeiro cientista não mede esforços para observar os elementos dados, como, também, o de deduzir logicamente sobre os elementos não dados. A busca das causas é o móvel de suas perquirições.

Apesar dos cuidados, há os perigos da ciência, principalmente daqueles cientistas que opinam sobre assuntos alheios à sua especialidade. É o caso do médico que, depois de dissecar o cérebro do homem, concluiu que este não tinha consciência, porque nada encontrara. Além disso, devemos considerar que a ciência é elaborada de acordo com as evidências empíricas dos prováveis. Portanto, se uma nova descoberta surgir, devemos renunciar à teoria anterior.

A autodeterminação expressa a essência do ser. É o poder que temos de atualizar nossas virtualidades. O pensamento científico auxilia, mas são os aspectos psicológicos, ideológicos, religiosos e filosóficos que emprestam o maior peso à nossa deliberação na vida. As virtualidades podem ser ativas e passivas. Se ativas, já estão determinadas de uma forma; se inativas, sabemos que estão em ato sob uma forma, mas que podem ser assumidas de outra forma, isto é, que são especificamente diferentes do que podem ser.

O autodidatismo — aquele que ensina a si mesmo — ajuda-nos a compreender este tema. Logicamente, não estamos nos referindo à radicalidade do termo, pois, sem crítica, podemos nos enveredar para os erros de concepção. Queremos, sim, salientar os inauditos esforços na construção do conhecimento, especialmente, daquelas mentes privilegiadas, que amadureceram seus espíritos à luz das constantes pesquisas e das graves reflexões.

Pensemos, ponderemos e confiemos nas virtualidades de nosso ser. Talvez não percebamos de pronto, mas cada um de nós se converterá naquilo pelo qual se troca. 

Fonte de Consulta 

BOCHENSKI, J. M. Diretrizes do Pensamento Filosófico. 5. ed., São Paulo, EPU, 1973.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

 

 

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