09 setembro 2006

Aprendizagem e Conhecimento

"É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer." (Aristóteles, Ética a Nicômaco)

Quando nos deparamos conosco mesmos, podemos dizer que somos fruto do nosso passado: desta vida ou de outras existências. Numa visão mais ampla, somos o resultado de todas as experiências realizadas após o aparecimento da espécie humana, há 250.000 anos. Indo mais além, podemos afirmar que herdamos todas influências advindas do aparecimento do Planeta Terra, há 5 bilhões de anos ou do big-bang, há 15 bilhões de anos.

Ao longo do tempo nós, por diferirmos dos animais em inteligência e cultura, acumulamos uma grande quantidade de conhecimentos: científico, tecnológico, religioso, psicológico etc. Como consequência, a nossa mente encontra-se mergulhada num cipoal de informações, experiências e realizações, dados esses que podem ser encontrados em livros e bibliotecas espalhados por todo o mundo. Pergunta-se: até que ponto esse estoque de conhecimento dificulta a liberdade do Espírito? Como entender a frase: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"?

De acordo com Krishnamurti, pensador hindu, o conhecimento é um empecilho, pois, pertencendo ao passado, dificulta o aprendizado, que é característica do presente. O aprendizado exige uma ruptura com o conhecimento, pois quando o prolongamos para o futuro não há criatividade, não há inovação e, portanto, não chegamos a conhecer a verdade. Para conhecê-la, acha ele, que devemos ser humildes e disciplinados no sentido de que nada sabemos e estamos interessados em aprender.

Segundo o seu ponto de vista, uma mente voltada para o conhecimento cria o preconceito, ou seja, quando vai analisar alguma coisa, vai com o estoque que tem em seu cérebro, o qual é baseado em experiências passadas. O correto, contudo, é enfrentar o problema sem ideias preconcebidas. É tomar consciência do que está à nossa frente e tentar resolver o problema como se estivéssemos numa floresta, sem ninguém mais: guru, autoridade, mestre, livros etc. Acha ele que devemos pensar por nós mesmos, o que não é tarefa fácil, pois seguir o que os outros descobriram é mais cômodo.

Mas como saber se aquilo que descobrimos é verdadeiro ou não? E o que os outros já descobriram não tem utilidade? Não seria o mesmo que descobrir a América, que já está descoberta? Não podemos nos valer das descobertas dos outros? Realmente devemos nos valer disso, mas o que ele sugere é que primeiramente façamos um esforço próprio, uma tentativa de descobrir por nós mesmos. Se não seremos sempre expectadores de frutos de vitrine. Falaremos sempre através da lente dos outros.

Exercitemos a difícil arte de aprender. Somente nos disciplinando é que não moldaremos a nossa mente, mas a forjaremos nos fundamentos da humildade e do autoconhecimento que, em última instância, é a própria verdade.


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