"É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer." (Aristóteles, Ética a Nicômaco)
Quando nos deparamos conosco mesmos,
podemos dizer que somos fruto do nosso passado: desta vida ou de outras
existências. Numa visão mais ampla, somos o resultado de todas as experiências
realizadas após o aparecimento da espécie humana, há 250.000 anos. Indo mais
além, podemos afirmar que herdamos todas influências advindas do aparecimento
do Planeta Terra, há 5 bilhões de anos ou do big-bang, há 15 bilhões de anos.
Ao longo do tempo nós, por diferirmos
dos animais em inteligência e cultura, acumulamos uma grande quantidade de
conhecimentos: científico, tecnológico, religioso, psicológico etc. Como consequência,
a nossa mente encontra-se mergulhada num cipoal de informações, experiências e
realizações, dados esses que podem ser encontrados em livros e bibliotecas
espalhados por todo o mundo. Pergunta-se: até que ponto esse estoque de
conhecimento dificulta a liberdade do Espírito? Como entender a frase:
"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"?
De acordo com Krishnamurti, pensador
hindu, o conhecimento é um empecilho, pois, pertencendo ao passado, dificulta o
aprendizado, que é característica do presente. O aprendizado exige uma ruptura
com o conhecimento, pois quando o prolongamos para o futuro não há
criatividade, não há inovação e, portanto, não chegamos a conhecer a verdade.
Para conhecê-la, acha ele, que devemos ser humildes e disciplinados no sentido
de que nada sabemos e estamos interessados em aprender.
Segundo o seu ponto de vista, uma mente
voltada para o conhecimento cria o preconceito, ou seja, quando vai analisar
alguma coisa, vai com o estoque que tem em seu cérebro, o qual é baseado em
experiências passadas. O correto, contudo, é enfrentar o problema sem ideias
preconcebidas. É tomar consciência do que está à nossa frente e tentar resolver
o problema como se estivéssemos numa floresta, sem ninguém mais: guru,
autoridade, mestre, livros etc. Acha ele que devemos pensar por nós mesmos, o
que não é tarefa fácil, pois seguir o que os outros descobriram é mais cômodo.
Mas como saber se aquilo que
descobrimos é verdadeiro ou não? E o que os outros já descobriram não tem
utilidade? Não seria o mesmo que descobrir a América, que já está descoberta?
Não podemos nos valer das descobertas dos outros? Realmente devemos nos valer
disso, mas o que ele sugere é que primeiramente façamos um esforço próprio, uma
tentativa de descobrir por nós mesmos. Se não seremos sempre expectadores de
frutos de vitrine. Falaremos sempre através da lente dos outros.
Exercitemos a difícil arte de aprender.
Somente nos disciplinando é que não moldaremos a nossa mente, mas a forjaremos
nos fundamentos da humildade e do autoconhecimento que, em última instância, é
a própria verdade.
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