08 setembro 2006

Genealogia da Lógica

Parmênides de Eléia, na Grécia Antiga, é considerado o mais remoto precursor da lógica ao enunciar o princípio de identidade e de não contradição. Zenão, discípulo de Parmênides, vem em seguida, ao empregar a argumentação erística, ou seja, a arte da disputa ou da discussão. Posteriormente Sócrates, com a maiêutica, e Platão, com a teoria das ideias, completaram a base para o advento da lógica aristotélica.

Aristóteles é unanimemente reconhecido como o fundador da lógica, embora não tenha sido o primeiro a usá-la. A lógica aristotélica é fundamentalmente um raciocínio analítico. É muito mais uma propedêutica científica, um organon (que todas as ciências se utilizam) do que propriamente uma ciência. É de Aristóteles que vem a divisão do objeto da lógica, que estuda as três operações da inteligência: o conceito, o juízo e o raciocínio. O objeto próprio da lógica não é nem o conceito nem o juízo, mas o raciocínio, que permite a progressão do pensamento, que dizer, a passagem do conhecido para o desconhecido.

Idade Média ainda é marcada pela lógica aristotélica. Com o Renascimento, os instrumentos de pesquisas das novas ciências modificam-se. A física moderna, por exemplo, exigia um método diferente da lógica aristotélica que permitisse apreender efetivamente o real e não se limitasse a garantir a racionalidade ou a coerência do pensamento. Esse novo organon, de natureza lógico-matemática, é a geometria analítica de Descartes e o cálculo infinitesimal de Leibniz.

Leibniz critica a lógica tradicional, partindo do pressuposto de que o mundo “é o cálculo de Deus”. Tinha a intenção não de demonstrar verdades conhecidas, mas descobrir novas verdades. Imagina, para isso, uma combinatória universal que permitisse estudar, a priori, todas as combinações entre os conceitos. A ideia da mathesis universalis, de nítida inspiração cartesiana, leva o racionalismo às últimas consequências, admitindo-se em tese, a dedução completa do real.

Kant, ao admitir a possibilidade dos juízos sintéticos a priori, e Hegel, pela sua dialética, dão, também, as suas contribuições à compreensão do tema. Kant diz que os juízos sintéticos a priori são puros, vazios de qualquer conteúdo à maneira da lógica tradicional. Hegel, por outro lado, elucida a superação da teoria da forma e do conteúdo elaborada por Heráclito, mostrando que os termos aparentemente separados passam uns para os outros, excluindo espontaneamente a separação.

Na atualidade, embora se dê maior importância à lógica simbólica, não se deve desprezar o valor histórico e todos os esforços dos filósofos que nos antecederam.

Fonte de Consulta

CORBISIER, R. Enciclopédia Filosófica. 2. ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.

 

 

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