Reflexão é
uma espécie de movimento de volta a si mesmo (re-flexão), executado pelo
espírito que põe em pauta os conhecimentos que possui. Sabedoria é
uma compreensão superior do mundo e da vida, acumulada através da experiência e
da meditação. O trabalho do filósofo é uma ação voltada para a busca do saber.
Ironizado e desprezado, vivendo em meio à humildade, à pobreza e à castidade,
segue a vocação que o destino lhe traçou.
A sophia da palavra filosofia não
é, ao mesmo tempo, ciência e filosofia. É somente o desejo, a procura, o amor
dessa sophia. É como estar a caminho. Nesse sentido, Jasper insiste
em dizer que a essência da filosofia é a procura do saber e não sua posse. Do
mesmo modo Kant afirma: "Não há filosofia que se possa aprender; só se
pode aprender a filosofar".
O modelo de reflexão filosófica é maiêutica
socrática, ou seja, o ato de interrogar e problematizar. Para a filosofia,
perguntar é mais importante que responder, pois uma reposta suscita outra
pergunta. Sócrates, criador do método, afirmava nada saber. Isto significa
dizer que a matéria de reflexão não é o seu saber, mas o conhecimento que o
interlocutor tira de si mesmo no transcorrer do diálogo.
A solidão do filósofo adquire todo o seu sentido.
Preocupado com o conhecimento rigoroso e desinteressado, não se integra a
nenhum meio. É como um inquilino no quarto de hotel. Sua consciência inquieta e
insatisfeita lhe determina sua ação, muitas vezes, estranha aos demais seres
humanos. Mas, isto nada mais é do que o ardor pela busca da verdade.
Segundo Nietzsche, as virtudes ascéticas —
humildade, pobreza e castidade — constituem o misterioso sentido da vida de um
filósofo. Isento de desejos, volta-se para a aquisição da verdade, tendo a
certeza de que não a alcançará totalmente. A humildade filosófica consiste
em dizer que a verdade não pertence mais a mim que a ti, mas se encontra diante
de nós.
A reflexão, no âmbito da filosofia, é o elo de
ligação para a conquista da sabedoria. Faz-nos ir além da ciência e da técnica,
proporcionando-nos o contato com os conhecimentos superiores de nossa esfera.
Fonte de Consulta
HUISMAN, D. e VERGEZ, A. Compêndio Moderno
de Filosofia.Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1966.
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