Aristóteles (384-322 a.C.)
foi discípulo de Platão (427-347 a.C.), que foi discípulo de
Sócrates (470 a 401 a.C.). Eles fazem parte do período clássico da Filosofia
grega da Antiguidade. Aristóteles frequentou por 20 anos a Academia de Platão.
Enquanto aluno, respeitava o seu mestre, porém divergia muito das suas ideias,
afirmando, inclusive, que era amigo de Platão, mas muito mais da verdade.
Pergunta-se: no que divergiam?
A divergência entre
Platão e Aristóteles estava centrada na construção do conhecimento. Platão –
idealista – acreditava que as ideias provinham de um outro mundo, o mundo das
essências, denominado topus uranus. Aristóteles – realista –
acreditava que as ideias provinham das sensações ou do mundo circundante do
aqui e do agora. Aristóteles achava que o ser humano não devia ficar preocupado
com a contemplação do mundo das ideias, mas viver intensamente o momento
presente.
A percepção do
conhecimento implicava modos diferentes de analisar as questões: Poder-se-ia
vê-las pelo lado sensível ou pela contemplação. Tomemos como exemplo a
felicidade. Segundo Platão, a felicidade diz respeito a uma vida futura, àquilo
que o indivíduo poderia esperar pelo que fez de bom ou de ruim nesta vida;
Aristóteles, ao contrário, achava que a felicidade era o bem supremo do homem,
pois todo o ser humano que alcançasse o fim pelo qual foi criado atingiria esse
estado de felicidade.
Sobre a relação
ensino-aprendizagem. Platão achava que o indivíduo já trazia no seu
subconsciente o conhecimento adquirido em outras vidas. Cita Sócrates ensinando
matemática ao escravo. As perguntas de Sócrates faziam desabrochar no escravo o
conhecimento que já possuía dentro de si mesmo. Para Aristóteles, o
conhecimento tem que ser formado no mundo circundante. Ele é como uma tabula
rasa que deve encher a sua memória e o seu intelecto de novos
conhecimentos.
De acordo com Marcelo
Perine, em Quatro Lições sobre a Ética de Aristóteles, "Para
Platão, a phronesis (sabedoria), mesmo quando dirige a ação, o
faz elevando-se acima de si mesma, isto é, na medida em que é um conhecimento
transcendente adquirido na contemplação da Ideia do Bem. A phronesis aristotélica,
ao contrário, não é uma ciência contemplativa, mas sabedoria prática que dirige
imediatamente a ação pelo conhecimento do singular e dos meios. Porém, essa
sabedoria prática é verdadeira e, portanto, normativa, pois conhece
universalmente o fim da vida humana, ‘fim que, seguramente, não é o bem-em-si
de Platão, mas a contemplação do Deus da Metafísica’".
Platão descortina-nos
a contemplação de uma vida futura; Aristóteles chama-nos a atenção para viver o
aqui e o agora. Cabe-nos, assim, fazermos uma síntese das duas concepções para
que tenhamos uma vivência plena de sabedoria.
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