11 fevereiro 2012

A História é Progresso Segundo Alguns Filósofos

Para Comte, o progresso resume-se na sua lei dos três estados: o estado teológico representa a infância da humanidade; o metafísico, a juventude; e o positivismo, a maturidade. “A humanidade na sua origem vivia numa condição espiritual teológica ou fictícia: todo o evento natural era explicado pela intervenção de potências sobrenaturais mais ou menos numerosas. O nascimento da filosofia na antiga Grécia sugeriu explicações igualmente abstratas, mesmo se não mais de origem mítica, tais como a essência, a causa final e outras noções elaboradas pela metafísica. São todos conceitos que não significam nada, pois tentam somente explicar a natureza com palavras apropriadas: como dizer que o fogo aquece porque contém a virtude calorífica ou porque possui a essência do calor. O terceiro estado, científico ou positivo, renuncia a colocar-se perguntas sobre a íntima natureza das coisas, limitando-se, com maior modéstia, mas resultados fecundos, a individuar as leis que regem o mundo físico”.

Para Marx, a classe burguesa nasce da superação da classe feudal, dando origem à sociedade capitalista. “Mas, pela lei do devir dialético, o desenvolvimento do capitalismo comporta o surgimento do proletariado e das contradições que produzirão a sua superação. A sociedade comunista não nascerá em consequência de uma tensão ética e utópica, de pregações moralistas contra os desastres sociais produzidos pela propriedade privada, mas acabará inevitavelmente por se impor, como única solução possível do desenvolvimento histórico. Logo, a revolução proletária é absolutamente inevitável: não é um ato de justiça, porque a classe operária não tem qualquer ideal a realizar, mas o necessário resultado do devir real da história. O comunismo não é um ideal ao qual a realidade terá que se conformar, mas o movimento real que abole o estado de coisas existente”.

Para Darwin, o progresso fundamenta-se em sua teoria da evolução biológica: o mecanismo da seleção determinaria um avanço, lento, mas contínuo e progressivo, das formas de vida para estados cada vez mais complexos e aperfeiçoados. A crítica: “As Coisas não são bem assim: a natureza não é econômica, mas perdulária, porque desperdiça uma enorme massa de energia em tentativas evolutivas destinadas ao fracasso; não é nem mesmo inteligente, porque não faz escolhas, mas persegue todas as soluções possíveis; não se parece absolutamente com um engenheiro que realiza um projeto, mas talvez com um funileiro que repara os buracos conforme a necessidade do momento. Logo, a espécie humana não representa o ponto mais alto de um percurso orientado, mas somente um dos muitos possíveis resultados da evolução”.

Para Croce, a realidade, mesmo nos seus aspectos mais multiformes, está toda inserida no interior de um único processo de desenvolvimento, capaz de unir, reciprocamente, por meio da sucessão de tese, antítese e síntese, a natureza e o espírito, a matéria e a inteligência. Croce acha que esse sistema totalizante deve ser rompido em quatro setores distintos: a arte, a filosofia, a economia e a ética. “Somente no interior de cada um desses blocos valem as oposições dialéticas hegelianas (belo/feio, verdadeiro/falso, útil/inútil, bem/mal), mas no exterior, entre os diversos momentos da espiritualidade, existe apenas a distinção. Cada uma das quatro formas do espírito, em suma, possui uma dinâmica própria interna e um âmbito próprio de aplicação não comensurável com as outras. A arte é conhecimento intuitivo do particular; a filosofia é conhecimento lógico do universal; a economia é a investigação da utilidade particular; a moral, a busca da utilidade universal. Porém, distinção não significa incomunicabilidade absoluta, porque cada um desses momentos condiciona o seguinte. A arte coloca sugestões à filosofia, as duas artes práticas (economia e moral) são valorizadas pelo conhecimento acumulado nas artes teóricas (arte e filosofia). Em resumo: a vida do espírito não se desenvolve em sentido linear, como imaginava Hegel, mas por meio de uma circularidade entre esses quatro momentos”.

Para Husserl, a crise da ciência não é interior às disciplinas específicas. “Se, por exemplo, o estudo da história, como afirma a ciência positivista, deve limitar-se aos fatos documentáveis, reduzir-se-á a história inteira da humanidade a uma sucessão cíclica de civilizações que a cada vez nascem, desenvolvem-se e morrem, sem nem mesmo tentar identificar o sentido de tal percurso. É verdade que não existe em absoluto um sentido da história e que qualquer pesquisa de um seu significado último se reduz a uma interpretação, um ponto de vista condicionado, se não por outra coisa, pela subjetividade do historiador. Tudo isso é o que o Positivismo procurava evitar, perseguindo um ideal de impessoalidade e objetividade da ciência; todavia, observa Husserl, é, em suma, a única coisa que conta, quando não se considera o estudo da história como uma atividade desligada da vida”.

Fonte de Consulta

NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo, 2005. (Cópia de textos)

 


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