Para Anselmo, a nossa reflexão sobre Deus deve basear-se na
ideia de perfeição. Para isso, evoca dois tipos de perfeição: uma realmente
existente; a outra, produto de nossa mente. Daí, afirma que qualquer um
concordaria que a primeira é superior à segunda, pois a esta última falta uma
importante característica: a existência. Se Deus é ser perfeitíssimo então deve
necessariamente existir. A definição de Deus com aquilo ao qual nada é maior
implica a sua existência.
Para São Tomás de Aquino, importa recorrer à experiência, e
não somente à lógica. Cada uma delas tem como ponto de partida um elemento
extraído do mundo real: 1) o movimento; 2) o encadeamento de causas e efeitos;
3) a contingência; 4) os diversos graus da perfeição; 5) o finalismo. Todos os
caminhos fazem um percurso semelhante, demonstrando que essas características
da realidade pressupõem um ente fundante, respectivamente: 1) um Motor Imóvel;
2) uma Causa sem Causa; 3) um Ser absolutamente necessário; 4) um Ser perfeito;
5) uma Inteligência ordenadora.
Para Pascal, a existência de Deus equivale a uma aposta,
como se fosse um jogo de azar. Existe uma parada em jogo: a conduta
virtuosa de nossa vida; um possível ganho: a beatitude do paraíso; uma possível
perda: a renúncia aos prazeres mundanos. A aposta é razoável porque o jogador
um bem finito (a própria vida terrena) para ganhar, vencendo, um prêmio
infinito.
Para Spinoza, a existência de Deus deve basear-se no
conceito de substância, ou seja, que não precisa de nada para existir. Daí,
concluir que: 1) só uma substância pode existir (monismo); 2) tal substância
deve ser Deus; 3) a matéria e o espírito não devem ser considerados
substâncias, mas sim atributos (manifestações) da única substância; 4) a
substancia divina é livre – porque age somente sob o impulso da necessidade da
sua natureza – e eterna; 5) sendo única, tal substância não admite nada fora de
si mesma e, portanto, deve compreender o mundo inteiro.
Para Kant, a teologia racional é uma ciência impossível. O
que absolutamente não significa que Deus não exista, mas apenas que a sua
existência não pode ser provada.
NICOLA, Ubaldo. Antologia Ilustrada de Filosofia: das
Origens à Idade Moderna. Tradução de Margherita De Luca. São Paulo: Globo,
2005.
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