O problema pode ser descrito como
uma situação de tensão sentida pela matéria viva, cada vez que um de seus
afetos não encontra meio de extinção imediato ou manifesto. Diante deste
conceito, os seres inanimados não teriam problema, pois não sentem este tipo de
tensão. Na acepção corrente, podemos dizer que o problema é um incômodo, uma
contrariedade, um mal-estar, uma oposição ao nosso pensar. Lembremo-nos também
de que o problema só é realmente válido quando o sentimos em nossa própria
pele. Por isso, ficar imaginando situações ou respostas que vamos dar àqueles
que nos perguntarem, é perda de tempo e de energia vital.
Para que um problema se torne real, convém,
primeiramente, desestruturá-lo de nós mesmos. Para isso devemos organizar uma
ficha do problema, tentando responder algumas perguntas. Quem nos trouxe o
problema? Por que a nós? Qual o status hierárquico dessa pessoa? Para qual
finalidade? Uma vez recebido o problema, verificar se somos nós mesmos que
devemos dar a resposta, se não há outra pessoa, inclusive mais capacitada do
que nós. É preciso também ponderar se ele é inerente à alçada de nossa função
ou da função de outro membro da empresa ou entidade em que estivermos ligados.
Isso tudo se chama mapeamento do problema.
Os psicólogos, os sociólogos e outros profissionais
afins desenvolveram teorias sobre o comportamento humano baseando-se nos
resultados de suas pesquisas de campo. Eles descobriram que num grupo há sempre
atitudes negativas e conformistas. Para eles, o negativo se expressa por uma
reação ao novo. As pessoas dizem: isso não vai dar certo; vai muito além de
nossa capacidade; não estamos preparados para tal investimento. No que tange ao
conformismo, dizem que precisamos de uma boa dose, pois se não houver adesão
dos membros de um grupo, nenhum projeto será realizado a contento.
Para a resolução dos problemas, sugere-se a
formação dos "grupos problem-solving", em que o número
ideal de participantes deveria oscilar entre 6 e 8 pessoas. Em cada grupo,
logicamente haverá um líder. Este, desempenhando a função de coordenador, deve
ser uma pessoa capaz de saber ouvir e incentivar todos os membros a expressarem
as suas opiniões, pois quando alguém se cala por falta de oportunidade, ele
acaba por distanciar-se do grupo e nunca mais voltar. É preferível que o líder
seja empático ao invés de simpático. O empático sente como, isto é,
identifica-se com o próximo; o simpático sente com, ou seja, atribui a outros
afetos que lhe são próprios.
Para o bom encaminhamento do problema o sujeito
deve ser criativo. Por criativo, entende-se a pessoa que é aberta ao novo, que
se coloca como ouvinte, que é perspicaz e que sabe distribuir as tarefas para
que todos se sintam como coprodutores da ideia. Ele não se coloca à frente dos
outros para mandar, mas para ordenar o trabalho dos indivíduos no sentido de
atingir um fim comum, proposto pelo próprio grupo. Se fizer o contrário, se
agir exclusivamente de acordo com a sua cabeça, dificultará a livre coesão das
pessoas envolvidas no processo.
Enfrentemos os bloqueios que a circunstância nos
apresenta. Somente assim caminharemos para a plena execução dos deveres que a
divindade nos reservou. Perseveremos e esperemos por dias melhores.
Fonte de Consulta
VIDAL, Florence. Problem-Solving: Metodologia
Geral da Criatividade. Tradução de Agnes Cretella. São Paulo: Bestseller, 1977.
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