O ser humano, pela condição de ser primeiro homo faber em vez de homo sapiens, acaba emprestando aos bens materiais — dinheiro e propriedades — um valor muito maior do que àquele dado aos bens espirituais. Esse tipo de escolha rouba-lhe o tempo que poderia estar sendo usado para cuidar de sua alma, um bem muito mais precioso. Quando, porém, se predispõe a tal cuidado, é sempre visto com desdém pelos que assim não pensam.
O exercício filosófico não é difícil.
Basta apenas que tenhamos tempo e disposição para pensar e repensar todos os
assuntos que visitarem as nossas mentes. O importante é não fugirmos de um
problema, mesmo que esteja nos causando angústia e inquietação. Observe a
biografia dos grandes pensadores: muitos contam que, somente depois de muitos
escritos e correções, é que acabam compondo as suas peças literárias. Lembremo-nos do adágio: "o gênio é um por cento de inspiração e noventa e nove por
cento de transpiração".
A palavra filosofia — do grego filo e sofia significa amor à sabedoria, mas não qualquer sabedoria, porém a sabedoria que nos leva à descoberta da verdade. Com relação à descoberta da verdade, René Descartes dá-nos uma contribuição valiosa. Para ele, seria muito mais produtivo descobrir o espírito à captação da verdade do que correr pressurosamente na busca da mesma. Em outras palavras, esforçarmo-nos por purificar o vaso interior deve ter um peso muito maior do que buscar reconforto nos escritos alheios. Repassar mentalmente o dia, como fazia Santo Agostinho, não deixa de ser um excelente exercício de reflexão filosófica.
O espanto, a dúvida e
a contradição são requisitos fundamentais para o filosofar. Ao
sermos bafejados por um insight, parece-nos que todo o nosso ser
sofre um realinhamento comportamental. Assim, o espanto mostra-nos
que há outra forma de analisar o mesmo problema; a dúvida, não
qualquer dúvida, mas aquela que nos leva ao encontro da verdade, dá-nos novo
alento às nossas pesquisas; a contradição, por sua vez, faz-nos
confirmar ou negar o conhecimento que pensávamos ter sobre um determinado
objeto.
A filosofia é a mãe de todas as
ciências, porque foi dela que partiram todos os ramos do conhecimento. Ela está
acima das ciências, por que vai ao encontro das causas primeiras e procura
colocar tudo em termos globais, holísticos. Comparativamente falando, a ciência
procura a parte, o corte da realidade; a filosofia pega essa parte, esse corte
e o relaciona com o todo.
O pensamento filosófico clama pelo
pensamento ecológico. Os furacões "Tsunami" e "Katrina" são
provenientes do aquecimento global a que estamos assistindo. É preciso
promover, assim, um desenvolvimento sustentado da economia, para que possamos
deixar o Planeta em condições de ser habitado pelos nossos netos. Pensemos em
termos cósmicos: o Planeta Terra é, grosso modo, a soma de todas as atividades
dos seres humanos: manuais ou mentais. Nesse sentido, qualquer coisa que
fizermos, por mais insignificante que seja, terá a sua repercussão no Universo,
porque dele fazemos parte.
Os conhecimentos filosóficos devem ser
absorvidos de forma natural. Eles se assemelham aos cuidados que devemos ter
para com uma planta: aguando-a em demasia pode vir a morrer; não jogando água
nenhuma, também. O seu crescimento depende da quantidade de água justa: nem
mais, nem menos.
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