06 outubro 2025

12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos (Notas de Livro)

Título12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos

Autor: Jordan B. Peterson 

Editora Alta Books, 2018

Prefácio

“Tenho boas... e más notícias”, brada o legislador para eles. “Quais vocês querem primeiro?”

“As boas notícias!”, respondem os hedonistas.

“Consegui convencê-Lo a reduzir de 15 para 10 Mandamentos!” “Aleluia!”, exclama a multidão desenfreada. “E as más?” “Adultério ainda está na lista.”

Mas a história do bezerro de ouro nos lembra de que sem regras rapidamente nos tornamos escravos das nossas paixões — e não há nada de libertador nisso. 

As melhores regras, basicamente, não nos restringem; pelo contrário, facilitam nossos objetivos e nos ajudam a ter uma vida mais plena e livre. 

No primeiro e único livro de Jordan antes deste, Maps of Meaning [“Mapas do Sentido”, em tradução livre], ele compartilha seus insigths profundos sobre temas universais da mitologia mundial e explica como todas as culturas criaram histórias para nos ajudar a enfrentar e mapear o caos ao qual somos lançados quando nascemos; caos esse que se constitui de tudo aquilo que é desconhecido por nós e qualquer território inexplorado que precisemos atravessar no mundo social ou na psique.

Combinando evolução, neurociência da emoção, parte do melhor de Jung e Freud, e muito das grandes obras de Nietzsche, Dostoiévski, Solzhenitsyn, Eliade, Neumann, Piaget, Frye e Frankl, o livro Maps of Meaning, publicado cerca de duas décadas atrás, mostra a ampla retórica de Jordan para entender como os seres humanos e seu cérebro lidam com a situação arquetípica que surge sempre que nós, no cotidiano, precisamos enfrentar algo que não entendemos. 

Uma das muitas virtudes do livro que você está lendo agora é que ele oferece uma introdução para o Maps of Meaning, cujo trabalho foi altamente complexo, uma vez que Jordan estava desenvolvendo sua abordagem da psicologia enquanto o escrevia. 

Ideologias são ideias simples, disfarçadas de ciência ou filosofia, que pretendem explicar a complexidade do mundo e oferecer soluções para aperfeiçoá-lo. 

As ideologias substituem o conhecimento verdadeiro, e os ideólogos são sempre perigosos quando ganham poder, pois um comportamento simplista e sabe-tudo não é páreo para a complexidade da existência. 

Para entender a ideologia, Jordan leu extensivamente não apenas sobre o gulag soviético, mas também sobre o Holocausto e a ascensão do Nazismo.

Hoje, a esquerda pós-modernista alega, adicionalmente, que a moralidade de cada grupo não é nada além da tentativa de exercer poder sobre o outro. 

Assim, uma geração cresceu ignorando o que se denominava, corretamente, de “sabedoria prática”, que guiou as anteriores. 

O estudo da virtude não é exatamente o mesmo que o da moral (certo e errado, bem e mal). Aristóteles definiu as virtudes como simples formas de comportamento mais favoráveis à felicidade na vida. O vício foi definido como formas de comportamento menos favoráveis à felicidade. Ele observou que as virtudes sempre almejam o equilíbrio e evitam os extremos dos vícios. Aristóteles estudou virtudes e vícios em seu livro Ética a Nicômaco. Foi um livro baseado em experiência e observação, não em conjecturas, sobre o tipo de felicidade que era possível para os seres humanos. Cultivar o julgamento da diferença entre virtude e vício é o princípio da sabedoria, algo que nunca pode estar desatualizado. 

Então, ao lado do relativismo, encontramos a difusão do niilismo e do desespero, e o oposto do relativismo moral: a certeza cega oferecida pelas ideologias que alegam ter uma resposta para tudo. 

Sócrates, reagindo às incertezas alimentadas pela percepção desses códigos morais conflituosos, decidiu que, em vez de se tornar niilista, relativista ou ideologista, devotaria sua vida à busca de uma sabedoria que pudesse explicar essas diferenças, ou seja, ajudou a inventar a filosofia. Ele passou sua vida fazendo perguntas desconcertantes e fundamentais, tais como “O que é a virtude?”, “Como alguém pode viver uma vida boa?” e ainda “O que é justiça?”, e observou abordagens diferentes perguntando o que parecia ser o mais coerente e próximo da natureza humana. Esses são os tipos de perguntas que acredito que inspiraram este livro.

Aristóteles, de forma similar, em vez de se desesperar com essas diferenças nos códigos morais, argumentou que embora regras, leis e costumes específicos variem de lugar para lugar, o que não varia é que em todos os lugares os seres humanos, por sua natureza, possuem uma inclinação para criar regras, leis e costumes. Colocando isso em termos modernos, parece que nós, seres humanos, somos, por algum tipo de dom biológico, tão intrinsecamente preocupados com a moralidade que criamos uma estrutura de leis e regras onde quer que estejamos. A ideia de que a vida humana pode ser livre de preocupações morais é fantasiosa.

Todos somos criadores de regras. E, dado que somos animais morais, qual deve ser o efeito de nosso relativismo moderno simplista sobre nós? Significa que nos limitamos ao fingirmos ser algo que não somos. É uma máscara, mas estranha, pois ela engana principalmente aquele que a veste.

Ele está fazendo o que guias sensatos sempre fizeram: ele não alega que a sabedoria humana começa nele mesmo; mas, em vez disso, recorre primeiramente aos próprios guias. E embora os temas neste livro sejam sérios, Jordan é sempre muito divertido ao abordá-los com um toque de leveza, como os títulos dos capítulos demonstram. Ele não tem pretensões de ser exaustivo e, às vezes, os capítulos consistem em discussões abrangentes sobre a nossa psicologia, como ele a compreende.

Então, por que não intitular o livro de “diretrizes”, um termo muito mais descontraído, amigável e menos rígido do que “regras”?

Porque estas são, de fato, regras. E a principal regra é que você deve assumir a responsabilidade por sua própria vida. Ponto-final.

Às vezes essas regras são exigentes. Elas demandam que você execute um processo incremental que, ao longo do tempo, vai levá-lo a um novo limite. Isso exige, como falei, aventurar-se no desconhecido. Desenvolver-se além das barreiras do seu eu atual requer uma escolha cuidadosa de ideais e a busca deles: ideais que estão lá em cima, acima de você, superiores a você — e que nem sempre você terá certeza se pode alcançar.

Dr. Norman Doidge,

psiquiatra e autor de O cérebro que se transforma.

Introdução

Em 2012, comecei a contribuir para um site chamado Quora. Lá, qualquer um pode fazer uma pergunta, de qualquer tipo — e qualquer um pode responder. Os leitores avaliam de forma positiva [upvote] as respostas que gostam e de forma negativa [downvote] as que não gostam.

Geralmente, em meio a uma pausa (ou quando estava evitando trabalhar), eu acessava o Quora buscando perguntas com as quais interagir. Ponderei, e finalmente respondi a perguntas como: “Qual é a diferença entre ser feliz e estar contente?”, “Quais coisas ficam melhores ao envelhecermos?” e “O que torna a vida mais significativa?”

Logo depois, respondi a outra pergunta: “Quais são as coisas mais valiosas que todos deveriam saber?” Escrevi uma lista de regras, ou máximas; algumas muito sérias, outras com humor — “Seja agradecido apesar do seu sofrimento”, “Não faça coisas que você odeia”, “Não esconda as coisas na neblina”, e assim por diante. Os leitores do Quora pareceram gostar dessa lista. Eles comentaram e a compartilharam. Disseram coisas como: “Com certeza vou imprimir esta lista e guardar como referência. Simplesmente fenomenal” e “Você zerou o Quora. Agora podemos fechar o site”. Os alunos da Universidade de Toronto, onde leciono, vieram até mim e disseram o quanto haviam gostado. Até hoje, minha resposta para “Quais são as coisas mais valiosas...” foi visualizada por 120 mil pessoas e recebeu upvote 2.300 vezes. Apenas algumas das aproximadamente 600 mil perguntas no Quora passaram a barreira de 2 mil upvotes. As reflexões induzidas pela minha procrastinação haviam descoberto ouro. Eu havia escrito uma resposta com percentil de 99,9. 

De 1985 a 1999, trabalhei por cerca de três horas por dia no meu outro e único livro já publicado: Maps of Meaning: The Architecture of Belief [“Mapas do Sentido: A Arquetipologia das Crenças”, em tradução livre]. Durante aquele tempo e nos anos subsequentes, também ministrei um curso sobre o material daquele livro; primeiramente em Harvard e agora na Universidade de Toronto. Em 2013, ao observar o crescimento do YouTube e por causa da popularidade de alguns trabalhos que havia feito com a TVO, um canal público da TV canadense, decidi gravar minhas palestras públicas e aulas na universidade e disponibilizá-las online. Elas atraíram uma audiência cada vez maior — mais de 1 milhão de visualizações até abril de 2016. O número de visualizações aumentou drasticamente desde então (chegou aos 18 milhões enquanto escrevia este livro); mas isso, em parte, foi porque fui envolvido em uma controvérsia política que atraiu uma quantidade excessiva de atenção.

Em Maps of Meaning, propus que os grandes mitos e histórias do passado, particularmente aqueles provenientes de uma tradição oral mais antiga, tinham um intuito moral em vez de serem descritivos. 

A Ordem acontece quando as pessoas ao seu redor agem de acordo com normas sociais bem compreendidas e mantêm-se previsíveis e cooperativas. O Caos, em contraste, é onde — ou quando — algo inesperado acontece. 

A ordem e o caos são o yang e yin do famoso símbolo taoista: duas serpentes da cabeça ao rabo.

A agente literária que mencionei ouviu o programa de rádio da CBC em que debati essas questões. Isso a levou a fazer perguntas mais profundas a si mesma. Ela me enviou um e-mail perguntando se eu já havia considerado escrever um livro para o público em geral.

Ela sugeriu que eu escrevesse uma espécie de guia sobre o que uma pessoa precisa para “viver bem” — seja lá o que isso significasse. Imediatamente pensei na minha lista do Quora.

Porém, quando comecei a escrever os capítulos de fato, eles não eram nada breves. Eu tinha muito mais a dizer sobre cada regra do que inicialmente imaginei.

Isso ocorreu em parte porque eu havia gastado muito tempo pesquisando meu primeiro livro: estudando história, mitologia, neurociência, psicanálise, psicologia infantil, poesia e seções grandes da Bíblia. 

Temos que ter o sentido inerente a um sistema profundo de valor, ou o horror da existência rapidamente se torna mais importante. Então, o niilismo acena com sua falta de esperança e desespero.

Assim: sem valor, não temos sentido. Contudo, entre os sistemas de valor há a possibilidade de conflito. 

Como o mundo poderia ser liberto do terrível dilema do conflito, por um lado, e da dissolução psicológica e social, por outro? Eis a resposta: através da elevação e do desenvolvimento do indivíduo e da disposição de cada um para levar o Ser em seus ombros e escolher o caminho do herói. Cada um de nós deve aceitar tanta responsabilidade quanto possível pela vida individual, pela sociedade e pelo mundo. 

Demorei bastante tempo para decidir o título: 12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos. Por que esse se destacou dos outros? Primeira e principalmente, por sua simplicidade.

Cada uma das 12 regras deste livro —e as histórias que as acompanham —, portanto, oferece um guia para se estar lá. “Lá” é a linha divisória entre a ordem e o caos. 

Espero que estas regras e as histórias que as acompanham possam ajudar as pessoas a entender o que já sabem: que a alma do indivíduo anseia, eternamente, pelo heroísmo do Ser genuíno e que a disposição para assumir essa responsabilidade é idêntica à decisão de viver uma vida significativa.

Se cada um de nós viver corretamente, prosperaremos coletivamente.

Desejo o melhor a todos ao percorrerem estas páginas.

Dr. Jordan B.

Peterson Psicólogo clínico e professor de psicologia

Regra 1 — Costas Eretas, Ombros para Trás 

Lagostas — e Território

SE VOCÊ FOR COMO A MAIORIA DAS PESSOAS, não pensa muito em lagosta[2] — a menos que esteja comendo uma. No entanto, esses crustáceos interessantes e deliciosos nos oferecem muito em que pensar. Seu sistema nervoso é relativamente simples, com neurônios, as células mágicas do cérebro, grandes e facilmente observáveis. Por causa disso, os cientistas puderam mapear o circuito neural das lagostas com muita precisão. Isso nos ajudou a entender a estrutura e o funcionamento do cérebro e o comportamento de animais mais complexos, incluindo os seres humanos. As lagostas têm mais em comum com você do que possa imaginar (especialmente quando você faz “boca de siri” — ha ha ha).

Outras criaturas têm esse problema também. Quando os pássaros voam para o norte na primavera, por exemplo, envolvem-se em disputas ferozes por território. 

Pássaros — e Território

Aquele passarinho, um terço do tamanho de um pardal, começou a atacar o toca-fitas e a mim, investindo para frente e para trás a centímetros da caixa de som 

Ora, cambaxirras e lagostas são muito diferentes. As lagostas não voam, cantam ou se empoleiram. As cambaxirras têm penas, e não cascas duras. Elas não podem respirar embaixo d´água e quase nunca são servidas com manteiga. No entanto, são similares de maneiras importantes. Ambas são obcecadas por status e posição, por exemplo, como muitas outras criaturas. O zoólogo e psicólogo comparativo norueguês Thorlief Schjelderup-Ebbe observou (em 1921) que mesmo as galinhas comuns de quintal estabeleciam uma “hierarquia”. 

Uma vez que o território é crucial e que os melhores locais são sempre mais escassos, a busca por território entre os animais produz o conflito. Por sua vez, o conflito acarreta outro problema: como ganhar ou perder sem que as partes discordantes incorram em grande perda. Esse último ponto é particularmente importante. 

Conflito — e Território

Um lobo derrotado, por exemplo, vai se deitar de costas expondo sua garganta ao vitorioso, que, de sua parte, não vai se dignar a dilacerá-la. 

A Neuroquímica da Derrota e da Vitória

A química do cérebro de uma lagosta perdedora difere de forma importante daquela de uma vencedora. 

O Princípio da Distribuição Desnivelada

Quando uma lagosta derrotada ganha coragem e ousa lutar novamente, tem, estatisticamente, mais chances de perder de novo, com base em suas lutas anteriores. Por outro lado, sua oponente vitoriosa tem mais chances de ganhar. No mundo das lagostas, o vencedor leva tudo, assim como nas sociedades humanas, em que aquele 1% do topo tem tanto dinheiro quanto os 50% da base — e em que as 85 pessoas mais ricas têm tanto dinheiro quanto as outras 3,5 bilhões juntas. 

A maioria dos artigos científicos é escrita por um grupo pequeno de cientistas. Uma pequena proporção de músicos produz quase todas as músicas comerciais gravadas. 

Esse princípio é algumas vezes conhecido como a lei de Price, em homenagem a Derek J. de Solla Price,[13] o pesquisador que descobriu sua aplicação na ciência, em 1963. O princípio pode ser modelado usando-se um gráfico no formato aproximado de um L, com o número de pessoas no eixo vertical e a produtividade ou recursos, no horizontal. O princípio básico foi descoberto muito antes. Vilfredo Pareto (1848–1923), um polímata italiano, percebeu sua aplicabilidade na distribuição de riquezas no início do século XX, e isso parece ser verdadeiro para cada sociedade já estudada, independentemente da forma de governo. O princípio também é aplicado à população das cidades (um número bem pequeno delas abriga quase todas as pessoas), à massa dos corpos celestes (um número bem pequeno deles acumula quase toda a matéria) e à frequência de palavras em um idioma (90% da comunicação ocorre usando-se apenas 500 palavras), entre muitas outras coisas. Isso costuma ser conhecido como Princípio de Mateus (Mateus 25:29), derivado daquela que pode ter sido uma das declarações mais severas atribuídas a Cristo: “Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas, a quem não tem, até o que tem lhe será tirado.”

Todas as Garotas

Elas deixam os machos lutarem e escolhem seus amantes entre aqueles que ficaram no topo. 

Uma vez que a Fera tenha sido seduzida com sucesso, a fêmea vitoriosa (lagosta) despe-se de sua casca, tornando-se perigosamente macia, vulnerável e pronta para acasalar. No momento certo, o macho, agora convertido em amante atencioso, deposita um pacote de sêmen no receptáculo apropriado.

Por que isso tudo é relevante? Por um número incrível de razões além daquelas que são comicamente óbvias. Em primeiro lugar, sabemos que as lagostas existem, de uma forma ou de outra, há mais de 350 milhões de anos.

Cerca de 300 milhões de anos atrás, os cérebros e os sistemas nervosos eram comparativamente simples.

A Natureza da Natureza

Uma verdade incontestável da biologia é que a evolução é conservadora. Quando algo evolui, deve ser construído a partir do que a natureza já produziu. 

Porém, yin e yang são mais corretamente compreendidos como caos e ordem.

Considerar a natureza como puramente estática resulta em erros graves de entendimento. A natureza “seleciona”. A ideia de selecionar permanece implicitamente alojada dentro da ideia de aptidão. É a “aptidão” que é “selecionada”. A aptidão, genericamente falando, é a probabilidade de que dado organismo deixe descendência (propague seus genes no decorrer do tempo). 

Topo e Base

Você é uma lagosta de sucesso, e as fêmeas mais desejadas fazem fila e disputam sua atenção. 

Por outro lado, se tiver um status nas posições inferiores, seja macho ou fêmea, você não tem onde morar (ou nenhum lugar bom). 

Você não vai saber usá-lo, porque é difícil usar dinheiro de forma apropriada, especialmente se não se está familiarizado com ele. O dinheiro o deixará sujeito às perigosas tentações de drogas ilícitas e álcool, que são muito mais recompensadores se você esteve privado de prazer por muito tempo. 

Por outro lado, se você tem um status nas posições mais altas, o mecanismo frio, pré-reptiliano, do cérebro entende que seu nicho está seguro e produtivo e que você está bem amparado por um apoio social. Ele entende que as chances de que algo vá machucar você são mínimas e podem ser seguramente desconsideradas. 

Mau Funcionamento

Não importa muito se vão dormir no mesmo horário todas as noites, mas acordar no mesmo horário é uma necessidade. 

Para manter a sensação de conforto e postergar o efeito desagradável, a pessoa continua a beber até que todas as bebidas em sua casa sejam consumidas, todos os bares estejam fechados e todo seu dinheiro tenha sido gasto. 

Levantando a Cabeça

Às vezes as pessoas sofrem bullying porque não conseguem revidar. Isso pode ocorrer com pessoas que são fisicamente mais fracas do que seus oponentes. 

Mesmo assim, as pessoas sofrem bullying porque não revidam.

Levantar a cabeça, manter as costas eretas e os ombros para trás é aceitar a terrível responsabilidade da vida com os olhos bem abertos. 

Então, preste muita atenção em sua postura. Pare de se curvar e ficar se arrastando. Fale o que pensa. Apresente seus desejos como se tivesse direito a eles — pelo menos o mesmo direito que os outros. Caminhe de cabeça erguida e olhe firmemente para frente. Ouse ser perigoso. Encoraje a serotonina a fluir plenamente através dos caminhos neurais, sedentos por sua influência calmante.

As pessoas, incluindo você, começarão a pensar que você é competente e capaz (ou, pelo menos, não concluirão o contrário imediatamente).

Busque sua inspiração na lagosta vitoriosa, com seus 350 milhões de anos de sabedoria prática. Levante a cabeça, mantenha costas eretas e ombros para trás. 

Regra 2 — Cuide de Si Mesmo Como Cuidaria de Alguém sob sua Responsabilidade

Por que você não Toma logo a Porcaria do Remédio?

IMAGINE QUE UM REMÉDIO seja prescrito para 100 pessoas. Considere o que acontece a seguir. Um terço delas não o compra. Metade das 67 remanescentes compra, mas não o toma corretamente. Elas pulam alguns dias. Param de tomar mais cedo. Podem até nem chegar a tomá-lo.

Os médicos e os farmacêuticos têm uma tendência de culpar pacientes assim por desobediência, inércia ou erro. 

Foi uma antiga história do livro de Gênesis — o primeiro do Antigo Testamento — que me ajudou a encontrar uma resposta para essa desconcertante pergunta. 

A História mais Antiga e a Natureza do Mundo

Deus criou o cosmos usando Sua palavra Divina para trazer luz, água e terra à existência e fazendo o mesmo com as plantas e os corpos celestes. Depois Ele criou os pássaros, animais e peixes (novamente usando a fala) — e finalizou com o homem, macho e fêmea, ambos formados à Sua imagem. Tudo isso ocorre em Gênesis 1. Na segunda, a mais antiga, a tradição “javista”, encontramos outro relato sobre a origem, envolvendo Adão e Eva (em que os detalhes da criação são de certa forma distintos), assim como as histórias de Caim e Abel, Noé e a Torre de Babel. Isso está em Gênesis 2 a 10. 

As verdades científicas vieram à tona apenas 500 anos atrás, com os trabalhos de Francis Bacon, René Descartes e Isaac Newton. Qualquer que fosse a visão de mundo adotada por nossos ancestrais antes disso não fora dada pelas lentes da ciência (assim como não se conseguia ver a lua e as estrelas através das lentes de nossos telescópios igualmente recentes). 

Antes do nascimento da visão científica do mundo, a realidade era interpretada de maneira diferente. O Ser era compreendido como um lugar de ação, não de coisas. Era compreendido como algo mais semelhante a uma história ou drama. 

Todos agem como se sua dor fosse real — derradeira e finalmente real. A dor é importante, muito mais do que a matéria. 

De qualquer forma, aquilo que experimentamos subjetivamente pode ser comparado muito mais a um romance ou a um filme do que a uma descrição científica da realidade física. É o drama da experiência vivida — a morte do seu pai, singular e trágica, comparada à morte objetiva listada nos relatórios dos hospitais; a dor do seu primeiro amor; o desespero com as esperanças arruinadas; a alegria com o sucesso de um filho.

O Domínio, não da Matéria, mas do que Importa

No entanto, o mundo da experiência tem constitutivos primais também. São elementos necessários, cujas interações definem o drama e a ficção. Um deles é o caos. Outro é a ordem. O terceiro (uma vez que há três) é o processo que faz a mediação entre os dois e que parece idêntico ao que as pessoas modernas chamam de consciência.

O caos é o domínio da ignorância em si. É um território inexplorado. O caos é o desespero e o horror que você sente quando foi profundamente traído. 

O caos é o potencial sem forma do qual o Deus do Gênesis 1 criou a ordem usando a linguagem no princípio do tempo. E o Caos é a liberdade, a terrível liberdade, também. A ordem, por contraste, é o território explorado

Na ordem, conseguimos pensar sobre as coisas em longo prazo. Você está na ordem quando tem um amigo leal ou um aliado confiável.

Nosso cérebro reage instantaneamente quando o caos aparece, com circuitos simples e super-rápidos mantidos desde a antiguidade, quando nossos ancestrais moravam nas árvores e as serpentes davam o bote em um piscar de olhos.

Caos e Ordem: Personalidade, Feminino e Masculino

O caos e a ordem são dois dos elementos mais fundamentais da experiência vivida — duas das subdivisões mais básicas do próprio Ser. A percepção das coisas como ferramentas, por exemplo, ocorre antes de, ou durante, nossa percepção delas como objetos. 

Assim, a categoria de “pai” e/ou “filho” existe há 200 milhões de anos. Isso é muito mais tempo do que a existência dos pássaros ou das flores. 

A ordem, o conhecido, parece estar simbolicamente associada com a masculinidade (como ilustrado no yang do símbolo taoista do yin-yang, já mencionado). 

O caos — o desconhecido — é simbolicamente associado com o feminino.

O caos é a mater, origem, fonte, mãe; matéria, a substância da qual todas as coisas são feitas. 

A Estrela de Davi, por exemplo, com o triângulo feminino apontando para baixo e o masculino, para cima.

Habitamos a ordem eternamente, rodeados pelo caos. Eternamente ocupamos território conhecido, cercados pelo desconhecido. 

Dominar essa dualidade fundamental é ser equilibrado: ter um pé firmemente plantado na ordem e na segurança e outro no caos, na possibilidade, no crescimento e na aventura. 

A ordem não é suficiente. Não dá para simplesmente estar estável, seguro e imutável porque ainda há novas coisas vitais e importantes a serem aprendidas. 

O Jardim do Éden

A narrativa javista, que usa o nome YHWH ou Javé para representar Deus, contém a história de Adão e Eva junto com uma explicação muito mais detalhada dos eventos do sexto dia aludidos na primeira história “sacerdotal”. 

E, mesmo se tivéssemos derrotado todas as serpentes que nos cercam, reptilianas e humanas, ainda assim não estaríamos seguros. 

A pior de todas as serpentes possíveis é a eterna inclinação humana para o mal. Como o grande escritor russo Aleksandr Solzhenitsyn enfatizava, a linha divisória entre bem e mal passa pelo coração de cada ser humano. É muito melhor tornar aptos os Seres que estão sob seus cuidados do que protegê-los.

De qualquer forma, há uma serpente no Jardim e ela é uma besta “sutil”, de acordo com a história antiga (difícil de ser vista, nebulosa, astuta, ludibriosa e perigosa). Assim, não é uma surpresa quando ela tenta enganar Eva. Por que Eva e não Adão? 

O Macaco Nu

O que significa saber que se está nu — ou, pior, saber que você e seu parceiro estão nus? 

A nudez significa vulnerabilidade e ser facilmente ferido. A nudez significa estar sujeito ao julgamento pela beleza e saúde. Significa estar desprotegido e desarmado na selva da natureza e do homem. 

A beleza envergonha a feiura. A força envergonha a fraqueza. A morte envergonha a vida — e o Ideal nos envergonha a todos. 

Mas estava nu e me escondi.” O que isso quer dizer? Que as pessoas, inquietas por causa de sua vulnerabilidade, temem eternamente dizer a verdade, mediar o caos e a ordem e manifestar seu destino. 

Talvez o Paraíso seja algo que devemos construir e a imortalidade, merecer.

Assim, voltamos à nossa pergunta inicial: o que será que faz as pessoas preferirem seus animais de estimação a si mesmas? 

Bem e Mal

Quando seus olhos foram abertos, Adão e Eva perceberam mais do que apenas sua nudez e a necessidade de laborar. Também passaram a conhecer o Bem e o Mal. 

Uma Centelha do Divino

Em Gênesis 1, Deus cria o mundo com a Palavra divina e verdadeira, gerando a ordem habitável e paradisíaca a partir do caos pré-cosmogônico. Então, Ele cria o Homem e a Mulher à Sua Imagem, imbuindo-os com a capacidade de fazer o mesmo — de criar a ordem a partir do caos e continuar Seu trabalho.

A Bíblia inteira está estruturada de modo que tudo após a Queda — a história de Israel, dos profetas, da vinda de Cristo — seja apresentado como um remédio para aquela Queda, uma escapatória contra o mal. 

Se vivêssemos na Verdade; se falássemos a Verdade — então, poderíamos caminhar com Deus novamente e respeitar a nós mesmos, os outros e o mundo. 

Aprendi duas lições muito importantes com Carl Jung, o famoso psicólogo profundo suíço, sobre “fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você” ou “amar o próximo como a si mesmo”. A primeira lição foi que nenhuma dessas declarações tem qualquer coisa a ver com ser bom. A segunda foi que ambas são equações, e não imposições. 

Cuide de si mesmo como cuidaria de alguém sob sua responsabilidade. 

Regra 3 — Seja Amigo de Pessoas que Queiram o Melhor para Você

Regra 4 — Compare a Si Mesmo com quem você Foi Ontem, Não com quem outra Pessoa é Hoje 

Regra 5 — Não Deixe que seus Filhos Façam Algo que Faça você Deixar de Gostar Deles

Regra 6 — Deixe sua Casa em Perfeita Ordem antes de Criticar o Mundo. 143

Regra 7 — Busque o que é Significativo, Não o que é Conveniente. 154

Regra 8 — Diga a Verdade. Ou, Pelo Menos, Não Minta. 186

Regra 9 — Presuma que a Pessoa com Quem Está Conversando Possa Saber Algo Que você não Sabe  208

Regra 10 — Seja Preciso no que Diz. 227

Regra 11 — Não Incomode as Crianças Quando Estão Andando de Skate. 248

Regra 12 — Acaricie um Gato ao Encontrar um na Rua. 285

Encerramento. 300

Agradecimentos. 311

 

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