17 outubro 2025

Filosofia e Antifilosofia (Notas de Livro)

Título: Filosofia e Antifilosofia

Autor: Michele Federico Sciacca

Tradução: Valdemar A. Munaro

SCIACCA, Michele Federico. Filosofia e Antifilosofia. Tradução de Valdemar A. Munaro. São Paulo: Realizações Editora, 2011.

Premissa

A "Cátedra" tem uma norma, embora não seja rígida: desenvolver criticamente e do ponto de vista especulativo um problema de viva atualidade a fim de propô-lo, uma vez mais, endereçado a uma perspectiva de aprofundamento e de solução sempre aberta, à luz do pensamento rosminiano e da filosofia clássica, pessoalmente repensados sem dogmatismos e sem apologias.

Hoje, eles formam um exército em marcha que vai semeando o "terror ideológico": "não se pode mais fazer filosofia", dizem, e menos ainda metafísica. Desse exército, as armas são a conspiração do silêncio, o desprezo e os tribunais, e também a violência cultural. Sobretudo o terror.

O livro descontenta a todos: aos assim chamados tradicionalistas ou conservadores, aos revolucionários ou progressistas, e também aos moderados acomodatícios. Que "filosofia da integralidade" seria a minha caso se prestasse a acomodações unilaterais ou a etiquetas de exclusividade? (Gênova, 31 de março de 1968)

"Quem não filosofa pela filosofia, mas se serve da filosofia como meio, é um sofista". (F. Schlegel, Fragmentos do "Athenaeum")

Lição Primeira — Filosofia e Antifilosofia

1. A filosofia como metafísica: princípio metafísico, princípio dialético e forma real do ser

"Um homem de natureza vil e superficial não pode ter... nenhuma comunicação com a filosofia" (Platão, República), e quanto mais vil e superficial for a sua natureza, mais terá comunicação com os particulares pelo seu "particular" e com as opiniões que, ao redor deste, prevalecem ou ele faz prevalecer.

Com efeito, a filosofia não é conhecimento ou conquista do particular, nem bagagem de opiniões: nasce, e ela é tal por essência, como busca da arché, isto é, do Princípio de todas as coisas; arché significa também "começo" ou aquilo que é desde o princípio e do qual tudo começa.

Só o Ser-Princípio não é dialético; qualquer outro está "em relação" ao Ser, o único absolutus.

Ainda hoje e sempre válida, portanto, a filosofia deve ser entendida como a busca ou amor da verdade, mas o homem não buscaria a verdade de cada ente e de cada princípio, se antes a verdade, que as outras contêm, não estivesse presente em sua mente, isto é, o homem não buscaria a verdade se tivesse que partir do nada de verdade na mente. Portanto, a filosofia é a busca da verdade a partir da reflexão sobre o primeiro verdadeiro que constitui a mente e a faz capaz de conhecimento veritativo ou intelectivo sobre o próprio homem e o mundo no qual vive.

2. Filosofia e antifilosofia: diálogo e antidiálogo

A filosofia nasce como diálogo de pensantes e é "comunicativa" pelo logos. O diálogo é uma descoberta dos filósofos Parmênides, Sócrates, Platão, descoberta recolocada e renovada pelos filósofos de cada época, e não pelos sofistas Protágoras, Górgias, Trasímaco, de ontem e de sempre, os quais, "amantes da opinião" ou filodoxos, e não amantes do logos, são a antifilosofia e o antidiálogo. O autor esclarece que usa sofista e sofística para indicar aquela posição que, negando o princípio da verdade, o substitui pelo doxa. Daí, "falsa filosofia" e "filosofia do erro".

Platão é, tout court, o filósofo do diálogo, da filosofia enquanto diálogo da verdade.

Há somente a sensação prazerosa para quem a sente como tal, a opinião a qual se deve aparência de verdadeiro sem que algum verdadeiro "compareça". Assim procedem os sofistas de cada época, os destruidores do ser e, com ele, do logos, do princípio da objetividade, lume da razão.

Há, também, os "clássicos da doxa" ou da antifilosofia, Górgias e Montaigne, Hume e Kant, Protágoras e Locke e Marx e mais outros mil: somente a antifilosofia os induz a revolver o logos próprio do homem e o Logos que é Deus fazendo-os ceder à "tentação" ratio-vitalística do mundano e, por isso, da opinião multíplice.

O diálogo logos-doxa, repito, é interior à filosofia, que é tal quando, de uma perspectiva qualquer que seja, sabe mantê-lo à altura do primeiro; do contrário, torna-se "debate" contra o próprio logos, a partir de regiões inferiores da doxa, o que significa perder a validez da opinião e da verdade, se tudo isso está fora do filosofar, fazendo-se então bem outra coisa.

3. Antifilosofia e práxis política. Critério teorético e regras práticas

Os sofistas preparavam para a carreira política e para o exercício de cargos públicos. Segue-se que existe somente a vida num mundo de opiniões, e que devemos nos ocupar dela a fim de realizar todas as nossas possibilidades.

Negado o momento filosófico ou teorético, não é mais possível a filosofia da moral, da sociedade, do direito; morta a verdade, prospera apenas a opinião. Não se ensina sair ao sol, mas viver na obscuridade da caverna.

O resultado é a atrofia do espírito e o término de todo o valor, inclusive o econômico, reduzido a valor meramente hedonístico-econômico, em relação ao qual os outros são instrumentalizados, e, por isso, é causa de conflitos e de lutas, alimentados pelo ódio e pela ânsia de dominação.

Reduzido o pensamento à opinião, à práxis político-econômica. Daí resultam: a) a desordem camuflada sob o falso ouro da programação...; b) tudo se politiza ao nível de uma política que admite somente a doxa e tem sempre, na ponta da língua, o pântano econômico.

4. Sistema de erro e sistema de verdade

Chamamos filodoxia ou sofística ou sistema de erro, oposto ao sistema de verdade, ou filosofia do ser, a qual assume como seu objeto interno e ponto de partida o princípio da inteligibilidade, a verdade primeira.

5. Rosmini crítico da antifilosofia

A luta radical contra a sofística em defesa da forma ou do princípio do pensar. Combater os erros dos sofistas modernos. Sofisma. Aquilo que é aparentemente verdadeiro e substancialmente falso.

Das idades "quase consagradas ao erro", uma é o século XVIII, na qual os sofistas ocuparam o reino das opiniões: O livro de John Locke (1690) foi o sinal do começo deste novo período de vulgaríssimas e também eficacíssimas falácias.

O filósofo deve examinar "todos os assentimentos mais ou menos gratuitos", distinguir "os que se dedicaram ao verdadeiro dos que se dedicaram ao falso" de modo a eliminar os erros que produziram.

Certamente, a persuasão imediata que procede da vontade é necessária ao homem e o ajuda, na ação, mais do que o próprio raciocínio demonstrativo; todavia, os que constroem sobre preconceitos, presunções e prevenções são sofistas superficiais e dogmáticos.

Ao contrário, a Verdade em pessoa nos disse com a própria boca: "O meu jugo é suave, o meu fardo é leve". Portanto, há um fardo e um jugo: ou servos do pecado, ou servos da justiça.

Lição Segunda — Progresso da Verdade e "Diálogo"

1. A "forma dialética" como progresso da verdade e do erro

Quando a verdade e os "erros antigos", novamente propostos vestidos de novos conceitos, "se enfrentam com nova linguagem", "o homem volta a ser tentado e facilmente seduzido como se aqueles erros fossem insinuados pela primeira vez, e que os sofismas não tivessem jamais sido dissipados.

De um erro elevado a princípio nascem novos erros a ele redutíveis, ainda que nem sempre se tenha consciência de tal derivação. Assim, o homem tende mais ao erro mascarado, ao sofisma, porque este melhor corresponde à sua inclinação ao mal.

Para Rosmini, portanto, o erro vence quando o sistema da verdade é repetido numa forma ultrapassada e estagnada, isto é, quando não nos preocupamos em lhe dar uma nova forma dialética e nos municiar de armas adequadas.

E sapere significa "o que tem sabor" e "que tem gosto" ou sente o sabor; apenas a verdade é saborosa e somente quem tem esse gosto é filósofo, sendo a "sabedoria" o vértice de fineza ou de perfeição integral.

2. Necessidade do repensamento do sistema da verdade e crítica da sua esterilização ou da sua rejeição

A esta altura, antes de continuar, proponho com Platão: "Se há um caso em que se dever ter a coragem de dizer a verdade, isso se dá sobretudo quando se fala de verdade".

Mas os aristotélicos-tomistas são diligentes em condenar o catolicismo Galileu que jamais pôs em dúvida as verdades de fé e o ser como princípio ou forma do saber, ainda que ridicularizasse sem piedade os "escravos" de Aristóteles: tomistas, averroístas e alexandristas, unidos circunstancialmente a fim de silenciá-lo.

O século XVII foi uma das idades que Rosmini define "quase consagradas ao erro".

Se é verdade que "não nascemos filósofos, mas nos tornamos filósofos, e quem acha que já o é deixou de sê-lo", é preciso concluir que os tomistas, por mais de seis séculos, convencidos de serem filósofos, não pensaram em se fazer filósofos... Pretendendo defender o velho, adulteravam o essencial, pecando, assim, duas vezes: por tradicionalismo e modernismo.

É aqui, como afirma Rosmini, que surge a necessidade da coragem e audácia filosófica, da "boa coragem que liberta a filosofia de inúteis restrições e injustos vínculos, e ela nasce na mente de quem filosofa movido pelo amor à verdade".

3. Os termos do diálogo entre filosofia e antifilosofia

Não vale a pena dizer que cada sistema contém uma verdade.

Aqui podem ser reencontrados os "termos" do diálogo — ou seja, em que sentido e dentro de quais limites ele é possível — entre o sistema da verdade ou filosofia e o sistema do erro ou filodoxia, isto é, entre as filosofias que "elevam" o princípio verdadeiro com todas as suas consequências e as outras, as antifilosofias, que elevam algo a particular, ou toda a zona da experiência sensível-racional com todas as consequências.

Um diálogo estabelecido, mediante concessões recíprocas, como tática de aproximação entre a verdade e o erro já está decidido, ao ponto de partida, em favor do erro, não por fraqueza da verdade, mas porque o dialogante por parte da verdade, no momento em que cede a essa tática, já passou ao outro campo, com armas e bagagens sofísticas.

Em suma, uma das duas: o sistema do erro aceita que há uma verdade primeira e, nesse caso, recusa a si mesmo; ou permanece firme no seu princípio negativo e assim o diálogo pode se colocar apenas como guerra ao sistema sem que nos preocupemos em perder o sistema verdadeiro que antifilosoficamente contém.

Há um só diálogo: o da verdade e com a verdade, levando em conta a doxa para trazer-lhe verdade, e em luta com a filosofia, que faz também perder a positividade da doxa.

4. A falsa "reverência ao espírito humano" e a "tolerância" mal respondida

Nos tempos de Rosmini, e ainda hoje, objetava-se o seguinte: é preciso respeitar todas as ideias e todos os sistemas por "reverência ao espírito humano". De tanto respeitar o espírito humano, tem-se reverência pelo erro que o faz escravo.

E a tolerância, mágica palavra dos filodoxos, onde será colocada? Onde lhe compete — impedindo-lhe de meter-se sofisticamente onde não deve estar —, se está fora do lugar, vamos pô-la no lugar. A tolerância é uma virtude preciosa, mas uma virtude que se exercita para com as pessoas, e não para com os sistemas, e justamente porque é uma virtude, é um hábito da vontade humana, não uma ciência. Quem desconhece que a tolerância é uma lei impossível de ser praticada pela mente? Que a mente, por sua natureza, é sempre intolerante, e se a mente pudesse tolerar a contradição e o erro por ela conhecido, realizaria com isso uma tal negação a si mesma que se anularia.

Com efeito, não há discurso algum se não há verdade, a qual, enquanto tal, é "maximamente intolerante".

Pelo caminho da tolerância, portanto, não é possível a conciliação dos sistemas filosóficos, e é contraditório que o sistema de verdade faça concessão ao sistema do erro.

A tolerância pode ser exercitada apenas a respeito de pessoas e opiniões; quem erra, sim, dever ser "tolerado" com toda plenitude. Mas isso já é caridade.

5. Ainda dos termos do diálogo verdade-erro

A mente é intolerante para com o erro e a vontade caridosa com quem erra.

Abandonar a política à filodoxia é aceitar que esta domine em todos os planos, ainda que, contraditoriamente, se negue tal extensão, é, enfim, optar pela antifilosofia.

O sistema de erro tem sua lógica interna, ou seja, substituir a hora da missa por aquela dedicada à leitura dos jornais.

6. O diálogo proibido

O problema é colocado num só sentido: o convite insistente feito à Igreja, por alguns clergyman, escritores improvisados, para que ela se abra à modernidade.

O novo Paraíso progressista, o gozo do novo Adão-Robô, a árvore do bem-estar, a vanglória da civilização da produção e dos consumos, as insígnias da técnica e dos tecnocratas.

"Não é mais a verdade que nos faz livres, mas é a liberdade que nos assegura a coexistência das verdades", de onde "as verdades", quer dizer, "as opiniões", e a liberdade é apenas aquela do poder fazer.

No fundo desses ou de outros equívocos há uma espécie de logofobia, produto da filodoxia que conquistou não poucos políticos e intelectuais católicos, empenhados em pregar, competindo com o mais aceso pragmatismo progressista e perfeccionista.

7. Verdade e eficácia

A logofobia é a consequência de um aut-aut que não tem razão alguma de se pôr: ou a verdade, ou a eficácia.

A verdade "não serve", como ensinaram Platão e Aristóteles, porque não está a serviço de nada e tudo está ao seu serviço.

A verdade "dá à luz ódio" e perseguição, como disse Platão, por experiência pessoal e também pela perseguição suportada por Sócrates, no V da República.

E a terceira das Máximas de perfeição nos serve de conselho e conforto: "Permanecer em perfeita tranquilidade acerca de tudo o que acontece por divina disposição, não só no que diz respeito a si, mas também no que diz respeito à Igreja de Jesus Cristo, agindo em prol dela segundo o divino chamado".

Lição Terceira — A Filodoxia e suas Consequências. O Objeto da Filosofia e o Saber na sua ordem

1. A filodoxia sensístico-empirista e suas consequências

Das filosofias do erro, as mais distantes do sistema da verdade, isto é, as de natureza sensista, empirística, positivista, sociologista, materialista ou negam de início o princípio veritativo, ou imaginam fazê-lo nascer alquímica e astrologicamente da sensação das coisas.

Também os anos que estamos vivendo são "quase consagrados ao erro", o qual se vestiu de novas formas dialéticas (neopositivismo, neoempirismo, neoiluminismo etc.)

O nó solfístico deve ser cortado pela raiz: a verdade não se apreende com os sentidos; uma coisa são os sentidos, outra é o intelecto; o homem é também intelecto e a verdade é intelectiva. Santo Tomás nos ilumina sobre a diferença entre intelecto e sentidos:

a) o sentido se encontra em todos os animais. Com exceção do homem, os outros animais não possuem intelecto;

b) o sentido não pode conhecer senão os singulares; o intelecto foi feito para conhecer os universais;

c) o conhecimento do sentido está limitado às coisas corpóreas; o intelecto conhece também as coisas incorpóreas;

d) nenhum sentido conhece a si mesmo nem a própria operação: o olho, com efeito, não vê a si mesmo, nem vê que vê; o intelecto, porém, conhece a si mesmo e conhece a própria intelecção;

e) o sentido é diminuído pela intensidade do próprio objeto. Porém, o intelecto não é diminuído pela intensidade ou excelência do objeto inteligível; antes, quem entende as verdades maiores pode melhor entender as menores. (Cf. Summa contra Gentiles, livro II, c. LXVI)

Inevitáveis consequências: as paixões e o ignóbil cálculo dos interesses materiais se tornaram o único conselheiro, o único mestre das mentes; estas, por sua vez, abertas a todas as prevenções, dispostas a dar prontamente o seu assentimento às sentenças mais extravagantes.

O sapiens, que age segundo a verdade, é menosprezado; o insipiens, por outro lado, prospera.

Não basta demonstrar que uma doutrina é falsa. A tarefa do filósofo é pensar a doutrina verdadeira. A filosofia é a "busca" perene da verdade infinita.

2. A verdade primeira do ser: objeto da filosofia, princípio de inteligibilidade do real e fundamento de todo saber

A razão e o raciocínio sozinhos são insuficientes para fundar o saber humano; seu fundamento é o logos ou o princípio verdadeiro, o ser como Ideia.

"A razão é própria do homem; o sentir é comum com os animais e o vegetar com as plantas, mas o ser é comum a todas as coisas".

O discurso de natureza sensista, empirista ou aquelas que de algum modo prescindem do princípio da verdade, não é discurso filosófico, pois não é discurso algum.

O sensível não é luz do alto, não é luz alguma, e será cego se não estiver referido à Ideia, que o torna inteligível e não somente racional.

Santo Tomás define a metafísica como a ciência das causas primeiras ou filosofia primeira, ciência dos princípios universais que os sentidos não podem conhecer.

3. O saber no seu princípio, nos seus graus e na sua ordem

A imagem da pirâmide pode representar o saber humano enquanto está disposta e ordenada cientificamente: a base, "exageradamente grande", é formada por inumeráveis verdades particulares; acima delas, há uma outra série constituída por uma ordem de verdades universais... cada um deles contendo menor número de verdades, mas de universalidade sempre maior, até que, chegando ao cume, o número mesmo desaparece na unidade e a potência da universalidade é máxima e infinita.

A ordem superior das verdades contém e gera as de ordem inferior, e a primeira verdade, o ser, contém e gera todo o sistema, o saber sempre aberto a novos acréscimos por processo intrínseco.

Lição Quarta — Perspectiva de Solução do Problema da Doxa no Sistema da Verdade

1. Os dois postulados da filosofia

A filosofia é a reflexão com a qual o homem se pergunta, implícita ou explicitamente, quais são as razões últimas de todo o saber e "as razões últimas são as respostas satisfatórias que (ele) dá aos últimos porquês com os quais a sua mente interroga a si mesma".

O primeiro é o ato de intuição, que precede a reflexão. O segundo é o sujeito homem.

2. Caráter noético do princípio fundante e caráter dianoético do real

3. A recuperação da doxa no logos e a perspectiva de solução de seu conflito

4. O sistema da verdade como fundamento da Revelação

Lição Quinta — Tradição e Progresso

1. Tradicionalismo conservador e revolucionarismo futurista

Os desacordos entre os homens não se desencadeiam em torno de números, porque basta contar, nem sobre aquilo que se pode medir e pesar, mas, sim, sobre o verdadeiro e o falso, o justo e o injusto, o belo e o feio. Filosofar é o contínuo discurso crítico e problemático sobre aquilo que não se conta, pesa e mede, é o salto qualitativo do pensamento.

O filosofar coloca em "crise" as filosofias preexistentes, submete-as a "juízo" numa dupla direção: a da "separação" daquilo que há de caduco daquilo que contém de perene e do "repensamento" deste último à luz de novas verdades de modo que todo o sistema seja renovado e inovado.

Conservadorismo dos falsos guardiães da tradição, cantineiros que guardam garrafas de cem anos, mas sem "sabor". Futurista que querem mudar tudo sem nexo algum.

Progresso na tradição e tradição no progresso; o novo que não renega o passado, e dele tira alimento, as verdades adquiridas e aprofundadas do sistema. A verdade não é um produto histórico, mas mãe da história, que não é história da verdade, mas, antes, história do seu conhecimento.

2. "Conciliação das sentenças" e "pluralismo filosófico"

"Conciliação das sentenças": "A verdade se concilia sempre com a verdade, o erro se concilia raras vezes consigo mesmo e jamais com a verdade... A verdade.., eis o único ponto possível de conciliação".

Daí se segue que "entre os sistemas verdadeiros... a conciliação é possível e maximamente desejável", desde que se obedeçam a certas normas:

a) Vigiar para não cair na injustiça de excluir algo verdadeiro como sendo falso...;

b) Distinguir a verdade das várias formas das quais se veste...;

c) Interpretar de modo benigno as sentenças, embora por vezes expressas de modo imperfeito...

Sobre a verdade não se pode colocar a questão de confiança; por essência, a verdade não se submete ao voto da maioria.

3. Em que sentido a Igreja pode andar ao encontro do mundo moderno

A Igreja deve preservar a pureza de Cristo

São Paulo, 2 Timóteo 4,2-7 encerra o livro. "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé".

São Paulo, junho de 2017.



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