15 novembro 2022

O Relógio, a Máquina e a Automatização

De acordo com Mário Ferreira dos Santos, no capítulo 1 — “A Economia, a Técnica e a História”, do livro Análise Dialética do Marxismo, nos últimos 1000 anos, houve uma profunda transformação exercida pela máquina, denominada de “era mecânica”, “máquina automática de tecer”, e mais especificamente, a chamada “Revolução Industrial”.

Salienta que o relógio foi a máquina-chave da época industrial moderna, e não a máquina a vapor, que, ao sobrevir, já abre campo a outra fase no terreno técnico. O relógio permitiu a análise do movimento, os tipos-de-engrenagens e transmissões e a exatidão da medida. Além disso, “tempo é dinheiro” é uma das frases mais apreciadas pelos burgueses do século XVIII em diante.

Mas o que é a máquina? Segundo Reuleaux, “máquina é uma combinação de corpos resistentes, dispostos em forma tal que, mediante eles, as forças mecânicas da natureza podem ser obrigadas a fazer trabalho, acompanhadas por certos movimentos determinados”.

Enfatiza que a mecanização do homem no mosteiro e no exército precede a que se verificou na fábrica. Nos mosteiros beneditinos, onde imperavam a ordem e a disciplina, realizou-se uma das grandes revoluções que sucedem à revolução cristã. São os beneditinos em grande parte os fundadores do capitalismo moderno.

Ainda: a máquina foi aproveitada, não para estimular o bem-estar social, mas para aumentar lucros, e em benefício das classes dominantes. As virtudes das máquinas não são devidas ao capitalismo. A este se devem muitos dos seus males. A técnica permitiu que o capitalismo ocidental tomasse essa feição que conhecemos. A técnica não depende do capitalismo.

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