18 novembro 2022

O Estado para os Socialistas Libertários e Anarquistas

Mário Ferreira dos Santos, no capítulo 10 — “O Estado para os Socialistas Libertários e Anarquistas”, do livro Análise Dialética do Marxismo, chama-nos a atenção para as consequências daqueles que pretendem assumir o poder e, que, depois de obtê-lo, agem de modo contrário às suas promessas.

Os anarquistas nunca se iludiram com as promessas dos socialistas autoritários, que pretendem substituir um Estado por outro, e que este logo se definhará. Eles, na realidade, previram o seu constante fortalecimento. Nesse sentido, eles previram que Lênin seria vítima de seu Estado e, depois dele, Trotsky, e todos os outros que estiveram na vanguarda da Revolução. A vitória de Stálin, com sua falta de escrúpulos, também fora prevista por outros pensadores.

Os socialistas libertários, por sua vez, não creem que a revolução social se faça através do Estado. Não é a substituição de um Estado por outro, mas de abolir o domínio do homem sobre o homem, a exploração do homem sobre o homem, representada no próprio Estado.

Trecho extraído do livro:

Eis o conceito anarquista do Estado:

O Estado — isto é, a instituição governativa que faz as leis e as impõe por meio da força coercitiva, com a violência ou a ameaça — tem uma vitalidade própria e constitui, com seus componentes estáveis ou eletivos, com seus funcionários ou magistrados, com seus policiais e com seus clientes, uma verdadeira e própria classe social à parte, dividida em tantas castas quanta sejam as ramificações de seu poder; e esta classe tem seus interesses especiais, parasitários ou usurários, em conflito com os da coletividade restante, que o Estado pretende representar.

Esse imenso polvo é o inimigo natural da sociedade, da qual absorve sua alimentação. Ainda num regime capitalista, onde o Estado é o aliado natural e a garantia material, armada, dos privilégios econômicos, não são somente os trabalhadores conscientes que veem no Estado um inimigo; também uma parte da burguesia sente aversão pelo Estado, pois vê no governo um competidor, que rouba, com a fiscalização, uma parte de seus benefícios e lhe impede desenvolver e exercer além de seus limites sua função exploradora.

Palavras de Fabbri escrita nos dias da Revolução de Outubro:

A ditadura, que é o Estado sob a forma de governo absoluto e centralizado, embora tome o nome de proletária ou revolucionária, é, no entanto, a negação da revolução. Depois que as velhas dominações tenham sido abatidas, o Estado tirânico renascerá de suas cinzas.

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