Título: Atlas Básico de Filosofia
Autor: Hector Leguizamón
Tradução: Ciro Mioranza
Editora: Escala Educacional, São Paulo, 2007
Conteúdo: Origens da Filosofia — Sócrates — Consciência — Percepção — Memória — Desejo — Paixões — Existência — Morte — Natureza — Cultura — Linguagem — Imaginação — Ilusão — Religião — Vida — Teoria e Experiência — Lógica e Matemática — Razão — Irracional — Sentido — Verdade — Ciência — Técnica — Biologia — História — Ciências Humanas — Trabalho — Economia — Sociedade — Estado — Poder — Violência — Direito — Justiça — Outro — Arte — Responsabilidade — Vontade — Liberdade — Felicidade — Pessoa — Apêndice: Escolas Filosóficas e Pensadores.
Cada um dos capítulos acima está disposto em duas páginas. Primeiramente, há uma introdução, seguida de 5
tópicos principais, com quadros complementares e figuras para ilustração.
Um Exemplo: Teoria e Experiência
A
ciência evoluiu muito desde suas origens. Os gregos a definiam como busca da
verdade. Desse ponto de vista, não existia diferença entre ciência e filosofia.
Com o tempo, os objetivos e os métodos já não foram os mesmos e a filosofia
acabou se separando da ciência. Mas a prática científica continuará evoluindo,
e sua definição também. Desde o Renascimento, a definição de ciência deriva da
relação entre teoria e experiência.
A Função da
Experiência
Um
primeiro sentido da palavra “experiência” refere-se à quantidade de situações
vividas que nos ajudam a saber mais coisas, ainda que esse saber nem sempre
possa ser expresso em palavras. Na ciência, a experiência consiste em
compreender um conjunto de fenômenos. Isso não se faz apenas mediante a simples
observação. Costuma-se reproduzir uma situação para observar se nossa
explicação, nossa teoria, está correta. A experiência, na ciência, consiste
então na observação ou na produção de um fato perfeitamente controlado. Parece
que seja a teoria a que dá sentido à experiência.
Uma
Teoria Exemplar
Em
1687, o astrônomo e matemático inglês Isaac Newton (1642-1727) postulou a
existência de uma força de atração que atua à distância sobre os corpos, o que
lhe permitiu formular a famosa teoria da gravitação universal. Essa teoria
permitia explicar fenômenos muito diversos, como o movimento dos corpos sobre a
Terra, o dos planetas e de seus satélites, as marés ou a forma da Terra.
Portanto, não era o produto arbitrário da imaginação. Seu poder de explicação e
de previsão era tal que se converteu, a partir de então, no modelo científico
por excelência.
Os
Limites da Teoria
Uma
teoria científica é um reflexo fiel da realidade? Ou seria, antes, uma
interpretação da realidade que depende da nossa capacidade de conhecer? Os
físicos que estudam hoje a estrutura elementar da matéria observam fenômenos
tão estranhos que se torna difícil deduzir uma teoria satisfatória para uma
mente humana. Cabe perguntar, então, por que a realidade deveria se submeter
aos nossos modelos. Parece, portanto, razoável concluir que a realidade é
sempre muito mais complexa do que todas as teorias às quais tentamos reduzi-la
para compreendê-la.
Teorias
Científicas
O
filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994) acredita que uma teoria é científica
apenas se existir a possibilidade de colocá-la à prova por meio da experiência.
De fato, que valor teria uma teoria que nunca pudesse ser confrontada pela
experiência? Enquanto os resultados dos experimentos corresponderem às
predições da teoria, dir-se-á que a teoria é compatível com a experiência, mas
em nenhum caso que a experiência confirme que a teoria é verdadeira. Portanto,
Popper só admite como científicas as teorias que correm o risco de serem
invalidadas pela observação.
Confirmar
uma Teoria
Costuma-se
pensar que a experiência pode confirmar uma teoria científica. Quando as
consequências deduzidas da teoria são contrárias aos fatos observados, fica
evidente que a teoria se encontra invalidada. Porém, se quisermos ser
rigorosos, teremos de aceitar que nenhum experimento pode confirmar
definitivamente uma teoria. Esta apenas resiste ao tempo e aos experimentos
realizados para refutá-la. Além disso, para confirmá-la, seria necessário
realizar experimentos em todas as circunstâncias possíveis, o que representaria
um trabalho infinito e, portanto, irrealizável.

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