30 setembro 2025

Atlas Básico de Filosofia (Livro)

Título: Atlas Básico de Filosofia

Autor: Hector Leguizamón

Tradução:  Ciro Mioranza

Editora: Escala Educacional, São Paulo, 2007

Conteúdo: Origens da Filosofia — Sócrates — Consciência — Percepção — Memória — Desejo — Paixões — Existência — Morte — Natureza — Cultura — Linguagem — Imaginação — Ilusão — Religião — Vida — Teoria e Experiência — Lógica e Matemática — Razão — Irracional — Sentido — Verdade — Ciência — Técnica — Biologia — História — Ciências Humanas — Trabalho — Economia — Sociedade — Estado — Poder — Violência — Direito — Justiça — Outro — Arte — Responsabilidade — Vontade — Liberdade — Felicidade — Pessoa —  Apêndice: Escolas Filosóficas e Pensadores.

Cada um dos capítulos acima está disposto em duas páginas. Primeiramente, há uma introdução, seguida de 5 tópicos principais, com quadros complementares e figuras para ilustração.  

Um Exemplo: Teoria e Experiência

A ciência evoluiu muito desde suas origens. Os gregos a definiam como busca da verdade. Desse ponto de vista, não existia diferença entre ciência e filosofia. Com o tempo, os objetivos e os métodos já não foram os mesmos e a filosofia acabou se separando da ciência. Mas a prática científica continuará evoluindo, e sua definição também. Desde o Renascimento, a definição de ciência deriva da relação entre teoria e experiência.

A Função da Experiência

Um primeiro sentido da palavra “experiência” refere-se à quantidade de situações vividas que nos ajudam a saber mais coisas, ainda que esse saber nem sempre possa ser expresso em palavras. Na ciência, a experiência consiste em compreender um conjunto de fenômenos. Isso não se faz apenas mediante a simples observação. Costuma-se reproduzir uma situação para observar se nossa explicação, nossa teoria, está correta. A experiência, na ciência, consiste então na observação ou na produção de um fato perfeitamente controlado. Parece que seja a teoria a que dá sentido à experiência.

Uma Teoria Exemplar

Em 1687, o astrônomo e matemático inglês Isaac Newton (1642-1727) postulou a existência de uma força de atração que atua à distância sobre os corpos, o que lhe permitiu formular a famosa teoria da gravitação universal. Essa teoria permitia explicar fenômenos muito diversos, como o movimento dos corpos sobre a Terra, o dos planetas e de seus satélites, as marés ou a forma da Terra. Portanto, não era o produto arbitrário da imaginação. Seu poder de explicação e de previsão era tal que se converteu, a partir de então, no modelo científico por excelência.

Os Limites da Teoria

Uma teoria científica é um reflexo fiel da realidade? Ou seria, antes, uma interpretação da realidade que depende da nossa capacidade de conhecer? Os físicos que estudam hoje a estrutura elementar da matéria observam fenômenos tão estranhos que se torna difícil deduzir uma teoria satisfatória para uma mente humana. Cabe perguntar, então, por que a realidade deveria se submeter aos nossos modelos. Parece, portanto, razoável concluir que a realidade é sempre muito mais complexa do que todas as teorias às quais tentamos reduzi-la para compreendê-la.

Teorias Científicas

O filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994) acredita que uma teoria é científica apenas se existir a possibilidade de colocá-la à prova por meio da experiência. De fato, que valor teria uma teoria que nunca pudesse ser confrontada pela experiência? Enquanto os resultados dos experimentos corresponderem às predições da teoria, dir-se-á que a teoria é compatível com a experiência, mas em nenhum caso que a experiência confirme que a teoria é verdadeira. Portanto, Popper só admite como científicas as teorias que correm o risco de serem invalidadas pela observação.

Confirmar uma Teoria

Costuma-se pensar que a experiência pode confirmar uma teoria científica. Quando as consequências deduzidas da teoria são contrárias aos fatos observados, fica evidente que a teoria se encontra invalidada. Porém, se quisermos ser rigorosos, teremos de aceitar que nenhum experimento pode confirmar definitivamente uma teoria. Esta apenas resiste ao tempo e aos experimentos realizados para refutá-la. Além disso, para confirmá-la, seria necessário realizar experimentos em todas as circunstâncias possíveis, o que representaria um trabalho infinito e, portanto, irrealizável.

 

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