28 outubro 2011

Convenções e o “Devia”

As convenções são acordos tácitos que a tradição ou o senso comum criaram ao longo do tempo. Algumas são boas, mas a maioria é ruim. Há necessidade de verificarmos se elas não estão comandando a nossa vida, como uma espécie de controle externo ao nosso ”eu”.

Façamos um pequeno teste. Por que você se sente mal? Resposta. Sinto-me mal porque meu chefe me desconsiderou, minha esposa pisou a bola e meu filho me deu um calote. Por que você se sente feliz? Porque meu chefe me deu um aumento, minha esposa me ama e meu filho não causa problemas. Os dois tipos de repostas caracterizam o controle externo de nossa vida. Diz-se que 75% das pessoas são guiadas por tais fatores externos.

Criaram-se regras de etiqueta. Para tal ocasião, você “devia” se vestir assim. Há um convite de casamento. Você “devia” comprar um presente e se apresentar no dia e horário estipulados. Mesmo que não tenhamos vontade de comparecer, obrigamo-nos a ir por causa do “devia” da convenção social.

Uma pergunta crucial: até que ponto os “devia” estão nos sobrecarregando de coisas desnecessárias, sem o menor interesse para a nossa evolução intelectual, moral e espiritual?

Vejamos alguns pensamentos a respeito do assunto:

“Nunca dispus de uma política que pudesse aplicar sempre. Simplesmente tentei fazer o que, a cada momento, fosse capaz de ter significado”. (Abraham Lincoln)

“Nunca podemos estar certos de que a opinião que procuramos sufocar seja uma opinião falsa e, mesmo que tivéssemos certeza, o fato de sufocá-la ainda seria um mal”. (John Stuart Mill, em On Liberty)

“Os ‘devia’ produzem sempre um sentimento de esforço, que é tanto maior quanto mais a pessoa tenta atualizar os “devia” em seu comportamento... Além disso, em razão das exteriorizações, os mesmos sempre contribuem para perturbar as relações humanas, em um sentido ou em outro”. (Karen Horney, em Neurosis and Human Growth)

Fonte de Consulta

Rompendo a Barreira das Convenções, cap. VII de Seus Pontos Fracos, por Wayne W. Dyer. Tradução de Mary Cardoso. Rio de Janeiro: Record, copyright 1976.

 

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