“O louco não é um homem que perdeu a razão. O louco
é um homem que perdeu tudo exceto a razão.” (G.
K. Chesterton)
Gilbert Keith
Chesterton (1874-1936), mais conhecido como G. K. Chesterton, foi um
escritor, poeta, filósofo, dramaturgo, jornalista, palestrante, teólogo,
biógrafo, literário e crítico de arte inglês. Chesterton é muitas vezes
referido como o "príncipe do paradoxo".
No capítulo 2, “O maníaco”, de seu livro Ortodoxia,
há um diálogo entre Chesterton e um editor. Referindo-se a alguém, disse o
editor: “Aquele homem vai progredir; ele acredita em si mesmo”. Disse-lhe eu
então: “Quer saber onde ficam os homens que acreditam em si mesmos? Os homens
que realmente acreditam em si mesmos estão todos em asilos de lunáticos”.
Resposta do editor: “Bem, se um homem não acredita em si mesmo, em que vai
acreditar?”. Depois de uma longa pausa eu respondi: “Vou para casa escrever um
livro em resposta a essa pergunta”. Este é o livro que escrevi para
responder-lhe.
O ponto de partida para as suas conjecturas é um
manicômio. De início, quer apagar o erro comum de que a imaginação,
especialmente a imaginação mística, é perigosa para o equilíbrio mental do ser
humano. A história mostra que a maioria dos poetas não só foi gente sensata,
mas também prática. Em contrapartida, afirma que o que gera a insanidade mental
é a razão. Jogadores de xadrez e matemáticos enlouquecem, os poetas não. “O
poeta apenas pede para pôr a cabeça nos céus. O lógico é que procura pôr os
céus dentro de sua cabeça. E é a cabeça que se estilhaça”.
Chesterton critica a atitude dos cientistas e dos
teólogos para com o tratamento do loucura. A ciência, ao desaprovar certos
pensamentos, chama-os de mórbidos; a teologia, de blasfemos. Acha que o
indivíduo não pode sair do mal mental apenas pelo pensamento, pois este está
desgovernado. Ele só pode ser salvo pela vontade ou fé.
Continuando a sua análise, considera o materialismo
uma espécie de simplicidade insana. Assemelha-se ao argumento do louco; temos simultaneamente a
sensação de que ele cobre tudo e a sensação que deixa tudo de fora. Ele não
pensa nas pessoas em luta, nas necessidades do dia a dia. A terra é muito
grande, e o cosmos é muito pequeno. Nesse caso, a filosofia materialista é mais
limitante do que qualquer religião. "O cristão tem perfeita liberdade
para acreditar que existe uma considerável quantidade de ordem estabelecida e
desenvolvimento inevitável no universo. Mas ao materialista não é permitido admitir
em sua imaculada máquina a menor mancha de espiritualismo ou milagre".
Resumindo:
a marca da insanidade é o uso da razão sem raízes, a razão no vazio. Pensar sem
princípios deixa o ser humano louco. A mística favorece a sanidade, pois o
homem tem um pé na terra e o outro na espiritualidade.
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