03 abril 2020

Fato e Juízo

Fato. Do latim factum (feito, ato, coisa ou ação feita, acontecimento). O fato é aquilo que se nos apresenta aqui e agora, num lugar, num momento determinado, que inclui as noções de espaço e tempo. Um homem está estendido no chão. Eis o fato. Deste fato, emergem muitos juízos, muitas explicações, muitas indagações, muitas teorias. Foi assassinado? Caiu do andaime? Desmaiou? Para cada pergunta, a teoria subjacente.

Quando dizemos que este fato é um copo, fizemos um julgamento, pronunciamos uma sentença, realizamos um juízo desse fato. Neste caso, o juízo é afirmativo, porque ajunto ao sujeito o predicado como realmente pertence ao sujeito. Entretanto, se disséssemos que este livro não é um copo, estaríamos proferindo um juízo negativo, ou seja, estaríamos recusando predicado ao sujeito.

Se, por outro lado, disséssemos: todos os corpos são fatos, estaríamos universalizando, ou seja, dando uma versão única a todos os corpos. É um juízo positivo, mas diferente daquele que se expressasse na frase: "alguns homens são corajosos". Aqui não se daria uma versão a todos os homens, mas a alguns. O mesmo raciocínio se aplica aos juízos negativos.

Um conceito pode estar incluído em outro. Um é mais geral, daí o gênero; outro mais especial, daí vem espécie. Quando um conceito está plicado (embrulhado) em outro, temos um conceito implicado em outro. O mesmo poderíamos dizer dos juízos. Um juízo pode estar implicado em outro. Assim, quando digo que "todos os homens são mortais", tenho implicado "alguns homens são mortais", como também este homem é mortal.

De um juízo universal, posso tirar alguns que já estão implicados. Quando deduzo, tiro um juízo do outro. Essa atividade do espírito chama-se dedução, que consiste em tirar de um juízo universal um juízo particular. Se fizermos o inverso, ou seja, de particularidades podemos chegar à generalidade, temos a indução.

A Filosofia é, em geral, dedutiva; a Ciência, mais indutiva. A Ciência parte dos fatos particulares para estabelecer juízos universais, dos quais depois deduz outros particulares: indutivo-dedutivo.

Fonte de Consulta

SANTOS, M. F. dos. Convite à Filosofia e à História da Filosofia. 6. Ed., São Paulo: Logos., item "Do Fato ao Juízo". 

 



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