Fato. Do latim factum (feito, ato, coisa ou ação feita,
acontecimento). O fato é aquilo que se nos apresenta aqui e agora,
num lugar, num momento determinado, que inclui as noções de espaço e tempo. Um
homem está estendido no chão. Eis o fato. Deste fato, emergem muitos juízos,
muitas explicações, muitas indagações, muitas teorias. Foi assassinado? Caiu do
andaime? Desmaiou? Para cada pergunta, a teoria subjacente.
Quando dizemos que este fato é um copo, fizemos um julgamento,
pronunciamos uma sentença, realizamos um juízo desse fato. Neste caso, o juízo
é afirmativo, porque ajunto ao sujeito o predicado como realmente pertence ao
sujeito. Entretanto, se disséssemos que este livro não é um copo, estaríamos
proferindo um juízo negativo, ou seja, estaríamos recusando predicado ao
sujeito.
Se, por outro lado, disséssemos: todos os corpos são fatos,
estaríamos universalizando, ou seja, dando uma versão única a todos os
corpos. É um juízo positivo, mas diferente daquele que se expressasse na frase:
"alguns homens são corajosos". Aqui não se daria uma versão a todos
os homens, mas a alguns. O mesmo raciocínio se aplica aos juízos negativos.
Um conceito pode estar incluído em outro. Um é mais geral, daí o gênero;
outro mais especial, daí vem espécie. Quando um conceito está plicado
(embrulhado) em outro, temos um conceito implicado em outro. O mesmo poderíamos
dizer dos juízos. Um juízo pode estar implicado em outro. Assim, quando digo
que "todos os homens são mortais", tenho implicado "alguns
homens são mortais", como também este homem é mortal.
De um juízo universal, posso tirar alguns que já estão implicados.
Quando deduzo, tiro um juízo do outro. Essa atividade do espírito
chama-se dedução, que consiste em tirar de um juízo universal um
juízo particular. Se fizermos o inverso, ou seja, de particularidades podemos
chegar à generalidade, temos a indução.
A Filosofia é, em geral, dedutiva; a Ciência, mais indutiva. A Ciência
parte dos fatos particulares para estabelecer juízos universais, dos quais
depois deduz outros particulares: indutivo-dedutivo.
Fonte de Consulta
SANTOS, M. F. dos. Convite
à Filosofia e à História da Filosofia. 6. Ed., São Paulo:
Logos., item "Do Fato ao Juízo".
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