24 setembro 2013

Eudaimonia

Daimon é uma entidade sobrenatural, situada entre um deus (theos) e um herói. Ela não é boa nem má. Pode, entretanto, ser concebida no seu sentido positivo; nesse caso, torna-se um anjo da guarda. Daimon não era o espírito protetor de Sócrates, que o avisava quando algo não devia ser feito? Antepondo “eu” ao “daimon”, formaremos a palavra “eudaimon” que, literalmente, significa “bom demônio”. Traduzindo-a por "bom deus", "bom espírito", "bom anjo da guarda" e, por conseguinte, "felicidade", pois toda pessoa que tivesse um bom demônio era considerada feliz. 

A felicidade pode ser vista sob diversas formas e sob diversos ângulos filosóficos. Quanto às diversas formas, consiste em "bem-estar", em "prazer", em "atividade contemplativa"... Trata-se de um "bem" e de uma "finalidade". No âmbito dos filósofos, temos: para Demócrito, a felicidade não consiste nos bens externos; para Platão, a felicidade reside na justiça; para Aristóteles, ela se fundamenta na contemplação intelectual.

Literalmente, 'eudemonismo' significa "posse de um bom demônio". É gozo ou fruição, cujo resultado final é a prosperidade, a felicidade. Filosoficamente, toda tendência ética segundo a qual a felicidade é o sumo bem. Para os eudemonistas, sempre haverá compatibilidade entre bem e felicidade, pois a felicidade é o prêmio da virtude. Para os opositores do eudemonismo, a felicidade e o bem podem coincidir, mas não coincidem necessariamente. Nesse caso, a virtude vale por si mesma, independentemente da felicidade que ela possa produzir.

No relato histórico-religioso da felicidade, há a concepção da beatitudo (felicidade). A “felicidade animal”, que é passageira, encontra-se num estado rudimentar e não deveria se chamar felicidade, mas "felicidade aparente". Seguem-na a “felicidade eterna” (que é a vida contemplativa), a “felicidade final” ou “última” ou “perfeita”, que é o que se chamaria “beatitude”. Para Santo Agostinho, a beatitude é a posse do verdadeiro absoluto e, em última análise, a posse (fruitio) de Deus.

No processo histórico acerca da felicidade, os pensadores têm muitas divergências quanto ao verdadeiro conceito filosófico. Há, porém, algo que permanece comum em todos eles: a felicidade nunca é apresentada como um bem em si mesmo, já que para saber o que é felicidade deve-se conhecer o bem ou os bens que a produzem.

A felicidade está no centro das discussões filosóficas, principalmente quando o assunto tratado versa sobre ética e o problema do bem. 

Fonte de Consulta

MORA, J. Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Loyola, 2004.

PETERS, F. E. Termos Filosóficos Gregos: Um Léxico Histórico. Tradução Beatriz Rodrigues Barbosa. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouse Gulbenkian, 1983. 


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