12 maio 2010

Justiça e Verdade

Justiça. Em seu sentido restrito, é a vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros segundo a igualdade. Em seu sentido moral, respeitar cada um a si mesmo e ao próximo. Verdade. É uma adequação entre o Sujeito (inteligência) e o Objeto (realidade). Do latim adaequatio intellectus et rei. Em sentido mais elevado, uma completa interpenetração de inteligência e ser.

Para Aristóteles, a justiça é o principal fundamento da ordem do mundo. Ela não está dissociada da pólis, da cidade, ou da vida em sociedade. Ela não é adquirida nos livros ou mesmo pelo pensamento. Ela tem que ser construída na vida prática, isto é, pela obediência às leis da pólis e pelo bom relacionamento com os cidadãos.

Justiça humana e justiça divina. A justiça humana, através de leis estabelecidas pelas autoridades de um determinado país, julga e castiga os delitos cometidos. Uma pessoa fica reclusa por vários anos. Atendeu à lei do homem. E com relação à justiça divina? A justiça divina vê o sujeito na sua totalidade, incluindo as suas diversas encarnações. Pode-se dizer que a justiça humana pune os crimes factuais; a justiça divina, os essenciais. Nada fica incólume. Nesse caso, é possível que o sujeito tenha cumprido a sua pena na Terra, mas não o tenha saldado com relação à justiça divina, que vê o que se passa no íntimo do ser.

Tudo o que é justo é verdadeiro? Em princípio, tudo o que é justo deve também ser verdadeiro. Acontece que vivemos num mundo imperfeito. Nesse caso, podemos cometer muitas injustiças em nome da justiça, pois como determinar com exatidão o que é justo e o que é injusto? Conta-se o caso de um habitante de um mundo superior em visita ao nosso. Em suas observações, detectou: 1) uma pessoa ser presa por ter roubado um pedaço de pão para saciar a sua fome; 2) outra, que havia dizimado centenas de seres humanos em batalhas sangrentas, ser condecorada. Disse: vamos esperar mais uns 500 anos para ver como estará a justiça no Planeta Terra.

Costumamos reclamar que Deus é injusto e que não merecemos tanto sofrimento. Pergunta-se: as aflições são justas? Dada a limitação do nosso conhecimento, achamos que Deus é injusto, que Ele nos manda uma prova além de nossa força. Tudo isso é puro engano. Cada um de nós está no devido lugar, para a realização do seu progresso material e espiritual. Nada que se nos acontece, acontece por acaso.

Os filósofos da antiguidade já nos diziam que, no justo momento em que quisermos refutar uma verdade, seremos por ela refutados. Cristo, nas suas pregações, disse: “Não há nada escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a se tornar conhecido" (Mateus 10.16b). Daí, a certeza de que diante da verdade só nos resta aceitá-la de bom grado, seja agradável ou desagradável.

A justiça, a verdade e o bem são os conceitos mais sagrados para a humanidade. Saibamos apreendê-los e colocá-los em prática em nosso dia-a-dia. 




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