Para os
físicos, o ruído é o conjunto de todas as informações, entre as quais é difícil
distinguir as que nos interessam. É a superposição de tantos sinais que fica
difícil distinguir uns dos outros. Além do ruído das informações, há o ruído
auditivo propriamente dito, ou seja, sons com intensidade muito acentuada.
Observe uma apresentação musical: os aparelhos são tão potentes que mal podemos
ouvir a voz do cantor.
Os
dicionários dizem que o silêncio é o “estado de quem se cala”, a “privação de
falar”, a “interrupção de correspondência epistolar”, a “taciturnidade”. O
Dicionário Aurélio destaca também a “interrupção de ruído”. Para nós que
vivemos no século do barulho, das conversas ao celular e dos sons estridentes,
o silêncio é muito mais a cessação do ruído do que o estado de alma que procura
a paz interior.
Estamos
tão acostumados com os aparelhos sonoros que mal percebemos o que fazemos com
eles. Há o caso do padre que teve de parar a sua homilia porque um de seus
ouvintes atendeu o celular em alta voz. Ele parou, fez-se silêncio, mas a voz
ao celular se destacou no meio do público, canalizando todas as atenções para
ela. Temos que nos adaptar, mas não nos aprisionar à nova tecnologia. A máquina
foi feita para o ser humano e não o ser humano para a máquina. Alguns para se
defenderem do barulho externo, tornam-se perfeitas ilhas internas, com os seus “walkman”, andando de um lado para outro, como se fossem
robôs.
Há
muitos ruídos que vêm de dentro de nós mesmos. Entre eles, citemos aqueles
provenientes de uma ansiedade, de uma depressão, de uma esquizofrenia, de uma
melancolia. Vez ou outra a nossa mente fica recheada deles e, por mais esforços
que fazemos, não conseguimos nos desvencilhar deles com facilidade, ocasionando
o que se chama de obsessão, que é a influência persistente de um Espírito sobre
um ser encarnado. Às vezes uma mágoa, remoída, dia após dia, acaba corroendo o
nosso silêncio interior.
As
sociedades, principalmente as orientais — China e Japão —, constroem
verdadeiras ilhas de silêncio no meio do barulho de seu trânsito infernal.
Todas as outras sociedades deveriam copiar este exemplo, provendo lugares para
um retiro, para uma meditação, para um encontro com o Cristo interno de cada
vivente. Isso seria bom porque haveria uma diminuição sensível do estresse e
propiciaria uma maior capacidade de o ser humano construir-se internamente.
O
silêncio é um remédio eficaz para tudo. Aquilo que, no calor das emoções,
gostaríamos de dizer e nos calamos, pode ser muito útil, pois com essa ação
podemos estancar um mal maior.
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