Os ensinamentos
dos primeiros Profetas em Israel, de Buda, na China, de Zoroastro, na antiga
Pérsia e dos pré-socráticos, na Grécia, tiveram grande influência na formação
da liberdade e da compreensão do outro como sujeito. Esses ensinamentos
mostram-nos a passagem de uma consciência mítica — sujeito ligado ao objeto — para uma consciência ao nível racional, em que o sujeito se desliga
momentaneamente do objeto, para melhor avaliá-lo.
Hegel, em suas Lições sobre a Filosofia da História, mostra-nos a evolução da história como o
advento da liberdade, em que a consciência-de-si é constituída na relação com o
outro, na luta pelo reconhecimento.
O reconhecimento,
porém, só pode se dar no âmbito da liberdade. Quando o ser humano começa a ver o
outro como um sujeito e não como um objeto no meio dos objetos, aí começa
verdadeiramente a comunicação das consciências, pois cada uma começa a
respeitar as outras, com suas virtudes e os seus defeitos.
O reconhecimento do
outro como sujeito se dá na tessitura do tempo. A escolha do sujeito é o fato
marcante. Nesse sentido, o sujeito quando toma uma decisão, ele a toma
baseando-se na faticidade do passado e nas possibilidades do futuro. A formação
do ser humano baseia-se nessa relação, pois mesmo que não faça uma escolha,
isso também é uma escolha, como diria Sartre, em sua filosofia existencialista.
A decisão
fundamental do ser humano é a busca do sumo bem. A
procura do sumo bem,
por sua vez, tem íntima relação com interioridade do ser. E quem, no processo
histórico, deu o primeiro passo para essa concretização foi Sócrates com o
"conhece-te a ti mesmo". Na época, toda a filosofia estava preocupada
com as coisas externas ao ser, principalmente na busca da arché, do
princípio de todas as coisas. Sócrates faz o sujeito desviar-se dessas coisas
externas e aplicar-se às internas, ou seja, ao conhecimento de sua alma imortal.
A interioridade é
a chave. Ela não pode, porém, ser uma mera contemplação, uma mera meditação,
mas uma reflexão para uma melhor apreensão do dever, que ainda é a busca do
sumo bem no relacionamento com o outro. O outro é a medida exata do nosso
progresso moral e espiritual. Dos outros recebemos abusos, agressões,
repreensões, censuras, mas dos outros também recebemos elogios que, embora não
os merecendo, servem de estímulo à nossa vivência diária.
A liberdade — no
relacionamento com o outro — pode ser comparada à semente que se joga ao solo.
Uma vez lançada, a fruta virá com certeza. Do mesmo modo são os nossos atos,
uma vez tomada uma decisão, a consequência virá. Por isso, o silêncio, em
muitas das nossas rusgas diárias é o melhor remédio.
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