A memória é a faculdade de lembrar e de
conservar estados de consciências passados e tudo quanto se ache relacionado
aos mesmos, é tudo aquilo que damos uma importância especial, emitimos um fluxo
maior de atenção, retendo o que os nossos sentidos captaram. Diz-se que, para
se ter uma memória robusta, convém repetir o fato gerador do estímulo, aquele sinal
que se destacou dos demais e prendeu a nossa atenção. Pode-se assim dizer que a
memória é o conjunto de tudo aquilo que lembramos e também esquecemos, porque a
arte de lembrar é também uma arte de esquecer, esquecer daquilo que não
interessa aos nossos objetivos de vida.
A memória está relacionada com o tempo.
Os gregos empregavam duas palavras para definir o tempo: cronos e
kairos. Cronos referia-se ao tempo objetivo, histórico,
irreversível; kairos, ao tempo subjetivo, vivido, reversível. Há,
assim, duas maneiras essenciais de nos lembrarmos de um fato: a primeira, de
modo frio, histórico, factual; a segunda, utilizando os nossos sentimentos, as
nossas emoções. Estas últimas são mais duradouras, porque são corporificadas
pelos verbos amar, gostar, venerar.
Presentemente, todos os seres humanos
podem ter uma memória on-line. Tudo o que pensamos, pesquisamos,
anotamos e escrevemos pode ser postado na grande rede de computadores, a
Internet, cujos provedores oferecem cada vez mais e mais espaço para tais
atividades. A informação on-line serve tanto para os
internautas como para nós mesmos, pois a qualquer momento e, em qualquer lugar
do mundo, podemos ter acesso a esses dados e trazê-los para o momento presente.
Há que se tomar cuidado com o excesso
de memória, pois muitas vezes estamos dando ênfase a coisas inúteis, que nada
servem para o nosso progresso espiritual. O fluxo energético de nossas emoções
deve ser canalizado para aquilo que é útil ao nosso projeto de vida. Nesse
sentido, não é muito honesto buscar o que interessa aos outros. Cada um de nós
veio para uma missão: aquilo que foi motivo de atenção do outro, de maneira
nenhuma deve ser a nossa também.
A memória é a questão fundamental do
ser humano. O demente, que vem do grego des (sem) e mens (mente)
é um sujeito que vai perdendo a sua mente, onde os neurônios morrem,
perdendo-se com eles todas as suas conexões. Pergunta: como nos lembrarmos de
algo cuja mente perdeu a sua conexão? Há, ainda, uma outra questão, que deve
servir mais à nossa reflexão do que à obtenção de uma resposta imediata: se sou
o que me lembro, quem sou eu?
Exercitemos a nossa memória, pois se a
deixarmos ociosa, ela se atrofia, fica enferrujada. A memória é uma dessas
faculdades que merece uma atenção especial, porque sem ela, como poderíamos
conhecer a nós mesmos?
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