01 agosto 2008

A Memória

A memória é a faculdade de lembrar e de conservar estados de consciências passados e tudo quanto se ache relacionado aos mesmos, é tudo aquilo que damos uma importância especial, emitimos um fluxo maior de atenção, retendo o que os nossos sentidos captaram. Diz-se que, para se ter uma memória robusta, convém repetir o fato gerador do estímulo, aquele sinal que se destacou dos demais e prendeu a nossa atenção. Pode-se assim dizer que a memória é o conjunto de tudo aquilo que lembramos e também esquecemos, porque a arte de lembrar é também uma arte de esquecer, esquecer daquilo que não interessa aos nossos objetivos de vida.

A memória está relacionada com o tempo. Os gregos empregavam duas palavras para definir o tempo: cronos e kairosCronos referia-se ao tempo objetivo, histórico, irreversível; kairos, ao tempo subjetivo, vivido, reversível. Há, assim, duas maneiras essenciais de nos lembrarmos de um fato: a primeira, de modo frio, histórico, factual; a segunda, utilizando os nossos sentimentos, as nossas emoções. Estas últimas são mais duradouras, porque são corporificadas pelos verbos amar, gostar, venerar.

Presentemente, todos os seres humanos podem ter uma memória on-line. Tudo o que pensamos, pesquisamos, anotamos e escrevemos pode ser postado na grande rede de computadores, a Internet, cujos provedores oferecem cada vez mais e mais espaço para tais atividades. A informação on-line serve tanto para os internautas como para nós mesmos, pois a qualquer momento e, em qualquer lugar do mundo, podemos ter acesso a esses dados e trazê-los para o momento presente.

Há que se tomar cuidado com o excesso de memória, pois muitas vezes estamos dando ênfase a coisas inúteis, que nada servem para o nosso progresso espiritual. O fluxo energético de nossas emoções deve ser canalizado para aquilo que é útil ao nosso projeto de vida. Nesse sentido, não é muito honesto buscar o que interessa aos outros. Cada um de nós veio para uma missão: aquilo que foi motivo de atenção do outro, de maneira nenhuma deve ser a nossa também.

A memória é a questão fundamental do ser humano. O demente, que vem do grego des (sem) e mens (mente) é um sujeito que vai perdendo a sua mente, onde os neurônios morrem, perdendo-se com eles todas as suas conexões. Pergunta: como nos lembrarmos de algo cuja mente perdeu a sua conexão? Há, ainda, uma outra questão, que deve servir mais à nossa reflexão do que à obtenção de uma resposta imediata: se sou o que me lembro, quem sou eu?

Exercitemos a nossa memória, pois se a deixarmos ociosa, ela se atrofia, fica enferrujada. A memória é uma dessas faculdades que merece uma atenção especial, porque sem ela, como poderíamos conhecer a nós mesmos?

 

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