—
Você é um ser celestial ou um deus?
—
Não; não sou um ser celestial nem um deus.
—
Bem, então, será que você é algum tipo de mágico ou mago?
—
Não sou nem mágico nem mago.
—
Você é um homem?
—
Também não sou um homem.
—
Bem, meu amigo, então, afinal, quem você é?
—
Eu sou um Desperto.
Sidarta Gautama, o Buda, indagado na estrada após sua iluminação
O budismo, fundado por Siddhartha Gautama, o Buda (aquele
que despertou), é considerado por muitas pessoas mais como filosofia do que
como religião. O motivo: Buda buscava a iluminação e não a revelação. Na época,
a Índia era dominada pelas religiões bramânicas e, por essa razão,
acreditava-se que a alma estava presa ao ciclo eterno da morte e do
renascimento. Para quebrar este ciclo, em vez de se valer de rituais e
escrituras, Buda opta pela meditação e reflexão.
Para escapar do ciclo das reencarnações, em que o pano de fundo é o
sofrimento, principalmente devido ao apego à matéria, Buda estabeleceu as
""Quatro Nobres Verdades": dukkha (a verdade do sofrimento), samudaya (a
verdade da origem do sofrimento), nirodha (a verdade do fim do sofrimento) e magga (a
verdade do caminho para o fim do sofrimento). Esta última verdade diz respeito
ao "caminho do meio".
Depois de elaborado por Buda, o budismo espalha-se
rapidamente na Índia, chegando até a China. Em consequência, surgem diversas
tradições, onde as duas principais são: theravada e manayana. Mais tarde, ocorreram ramificações
opostas, como o zen-budismo que preconiza a
prática de silenciar a mente para alcançar a iluminação espontânea, e as
diversas formas do budismo tibetano, caracterizado por templos coloridos,
muitas imagens e rituais.
"O caminho do meio" é o fundamento do budismo. É uma espécie
de meio-termo entre dois extremos: vida de luxo e vida de austeridade. Propõe
"uma dose moderada de disciplina em busca de uma vida ética, sem cair na
tentação dos prazeres físicos ou na auto mortificação". Este caminho
refere-se, também, a dois outros extremos: o eternalismo (crença de que a alma tem um
propósito e vive para sempre) e o niilismo (extremo
ceticismo em que se nega o valor e o sentido de tudo).
Esquema para se chegar ao caminho do meio. Por mais conforto material que tenhamos na vida, não estamos imunes à dor e ao sofrimento. ==> A
total negação do conforto material e uma vida de ascetismo também não nos protegem do
sofrimento. ==> Cada pessoa precisa encontrar equilíbrio e
disciplina, de acordo com as circunstâncias individuais. ==> Precisamos encontrar o caminho do meio.
Fonte de
Consulta
O LIVRO DAS RELIGIÕES. Tradução Bruno Alexander. São Paulo: Globo Livros, 2014.
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