23 novembro 2015

O Zen-Budismo e o Koan

"Se você entender a primeira palavra do zen, saberá a última. A última e a primeira: não são uma única palavra." (Mumon)

O Zen constitui-se de duas técnicas principais: a primeira deriva da escola Soto e faz uso da meditação zazen; a segunda, da escola Rinzai e emprega koans, ou diálogos paradoxos compostos de perguntas e respostas. Os koans podem levar a uma iluminação repentina e intuitiva, que ocorre quando a lacuna entre o racional e o irracional é transcendido e o "Buda interior" descoberto.

Vejamos uma sequência de pensamentos. O uso de palavras  seja em rezas ou em conversas  cria confusão mental. ==>  Quando pensamos e lemos em silêncio, mais "palavras" são criadas em nossa cabeça. ==> No momento em que queremos encontrar respostas, nosso desejo turva a mente. ==> Se quisermos descobrir nossa natureza Buda, precisamos esvaziar nossa mente de todas essas coisas. ==> Com a mente vazia, teremos insights e entendimentos além das palavras. 

Em se tratando do zen rinzai, uma característica fundamental, introduzida por Hakuin, é a utilização de koans - perguntas irrespondíveis que desestruturam o pensamento convencional. Um dos koans mais conhecido é: "Qual o som de uma única mão batendo palma?" Os mestres do zen-budismo instruem-nos a não saber a resposta de um koan. E, se soubermos, devemos pensar de novo e abrir mão de todas as ideias preconcebidas.

Na meditação zen, o que vemos não pode ser descrito. O objetivo do zen é esvaziar o conteúdo da mente, que não faz parte dela. O zen não é um estudo, mas um exercício. Num mundo onde as pessoas desejam adquirir coisas, ter conhecimento e insight como bens pessoais, o zen é a frustração máxima. Zen é desapego. Conta-se que quando pediram a Bodhidharma para sintetizar a ideia do budismo, ele respondeu: "Um amplo vazio. Um nada sagrado". 

Exemplo de um koan reunindo vento, bandeira e mente.

Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao vento. Um deles disse

— A bandeira que se move.

O outro disse:

— É o vento que se move.

Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o sexto patriarca, disse:

— Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos senhores que se move.

Os dois monges ficaram perplexos.

Fonte de Consulta 

Livro das Religiões da Editora Globo 

PELLEGRINI, Luis. Dicionário do Inexplicado. São Paulo: Edições Planeta.

 




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