"Se você entender a primeira palavra do zen, saberá a última. A
última e a primeira: não são uma única palavra." (Mumon)
O Zen constitui-se de duas técnicas principais: a primeira deriva da
escola Soto e faz uso da meditação zazen; a segunda, da escola
Rinzai e emprega koans, ou diálogos paradoxos compostos de
perguntas e respostas. Os koans podem levar a uma iluminação
repentina e intuitiva, que ocorre quando a lacuna entre o racional e o
irracional é transcendido e o "Buda interior" descoberto.
Vejamos uma sequência de pensamentos. O uso de palavras — seja em
rezas ou em conversas — cria confusão mental. ==> Quando
pensamos e lemos em silêncio, mais "palavras" são
criadas em nossa cabeça. ==> No momento em que queremos
encontrar respostas, nosso desejo turva a mente. ==> Se
quisermos descobrir nossa natureza Buda, precisamos esvaziar nossa
mente de todas essas coisas. ==> Com a mente vazia,
teremos insights e entendimentos além das palavras.
Em se tratando do zen rinzai, uma característica fundamental,
introduzida por Hakuin, é a utilização de koans - perguntas
irrespondíveis que desestruturam o pensamento convencional. Um dos koans mais
conhecido é: "Qual o som de uma única mão batendo palma?" Os mestres
do zen-budismo instruem-nos a não saber a resposta de um koan. E,
se soubermos, devemos pensar de novo e abrir mão de todas as ideias
preconcebidas.
Na meditação zen, o que vemos não pode ser descrito. O objetivo do
zen é esvaziar o conteúdo da mente, que não faz parte dela. O zen não é um
estudo, mas um exercício. Num mundo onde as pessoas desejam adquirir
coisas, ter conhecimento e insight como bens pessoais, o zen é a frustração
máxima. Zen é desapego. Conta-se que quando pediram a Bodhidharma para
sintetizar a ideia do budismo, ele respondeu: "Um amplo vazio. Um nada
sagrado".
Exemplo de um koan reunindo vento, bandeira e mente.
Dois monges discutiam a respeito da bandeira do templo, que tremulava ao
vento. Um deles disse
— A bandeira que se move.
O outro disse:
— É o vento que se move.
Trocaram ideias e não conseguiam chegar a um acordo. Então Hui-neng, o
sexto patriarca, disse:
— Não é a bandeira que se move. Não é o vento que se move. É a mente dos
senhores que se move.
Os dois monges ficaram perplexos.
Fonte de Consulta
Livro das Religiões da Editora Globo
PELLEGRINI, Luis. Dicionário
do Inexplicado. São Paulo: Edições Planeta.
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