Atitude e comportamento permeiam nossas ações. Embora atitude diga
respeito à intenção e o comportamento à ação propriamente
dita, acabamos usando os dois termos como sinônimos. Pode-se dizer que atitude
e comportamento fazem parte dos nossos relacionamentos: conosco mesmos, com o
nosso próximo e com Deus.
Muitos dos nossos relacionamentos contêm a dissonância cognitiva.
A dissonância é o som ou
conjunto de sons sem harmonia. A dissonância
cognitiva é a tensão psicológica que surge quando um indivíduo se vê frente
a duas cognições conflitantes. Procura dar um equilíbrio ao caos que foi
formado. É uma espécie de defesa a tudo aquilo que nos causa
um incômodo muito grande, a tudo o que vai de encontro ao nosso
modo de ser e de pensar.
Festinger e Carlsmith (1959) pediram para os sujeitos da sua pesquisa
fazerem coisas extremamente entediantes e depois dizerem ao próximo que elas
eram interessantes. Pagaram 1 ou 20 dólares para que convencessem o outro
estudante que a tarefa era divertida. Resultado: quanto menos recebiam mais
mentiam para si mesmos. Como se explica? Segundo Festinger, os mentirosos
bem-pagos sabiam por que haviam falado de sentimentos que não sentiam: 20
dólares. Os mentirosos mal-pagos haviam experimentado uma dissonância
cognitiva, pois haviam enganado outras pessoas sem uma razão para tal.
Um aliado da dissonância cognitiva é o mecanismo de defesa. Mecanismos
de defesa são um padrão inconsciente de pensamento ou comportamento que protege
o consciente de pensamentos e comportamentos que causam ansiedade ou
desconforto. Se alguma proposta de pensamento causa dificuldade, ansiedade, o
sujeito procura uma válvula de escape, uma forma de se iludir. Esta fuga vai da
negação à sublimação, passando pela racionalização, projeção e deslocamento.
Resultados semelhantes são obtidos pelas pessoas que fazem sacrifícios
para alcançar um determinado objetivo. Elas colocam um valor exagerado no
objetivo. A dissonância cognitiva fornece-nos a seguinte explicação: a maioria
das pessoas considera difícil tolerar muitos anos de trabalho para algo
trivial. Em vista deste inconveniente, valorizam o que conquistaram. Isso
também explica por que as empresas colocam dificuldades para contratar um
empregado. Depois de passar por inúmeros transtornos, o futuro empregado se
acha merecedor daquela ocupação.
Não nos iludamos. Nada de medo ou preconceito. Façamos como as crianças
que não procuram se defender de nada.
Fonte de Consulta
GLEITMAN, H., REISBERG, D. e GROSS, J. Psicologia. Tradução de Ronaldo Cataldo Costa. 7. ed., Porto Alegre: Artmed, 2009.
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